Católica recebe homenagem da Assembleia Legislativa de Pernambuco
|As comemorações pelos 60 anos da Universidade Católica de Pernambuco e pelos 50 anos do curso de Jornalismo tiveram uma noite emocionante nesta segunda-feira (19) durante a homenagem prestada pela Assembleia Legislativa de Pernambuco. A sessão especial proposta pelo líder do governo na Alepe, deputado estadual Waldemar Borges (PSB), foi aceita por unanimidade entre os parlamentares.
Compuseram a mesa o deputado estadual Luciano Siqueira (PCdo B), que representou o presidente da Casa, Guilherme Uchôa (PDT); o vice-governador de Pernambuco, João Lyra Neto, que representou o governador Eduardo Campos; o Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens; o chefe do escritório de representação no Nordeste do Ministério das Relações Exteriores e ex-aluno, Isnard Penha Brasil; o reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, professor Valmar Corrêa de Andrade; o desembargador do Tribunal Regional Eleitoral, Stênio José Neiva, que representou o presidente do TRE, desembargador Ricardo Paes Barreto; e a defensora pública geral do Estado de Pernambuco, Marta Freire. Também estiveram presentes, diretores de centro, coordenadores de curso, professores e funcionários da Católica.
O deputado Luciano Siqueira presidiu a sessão e foi ele quem fez a abertura. Em seu discurso, o parlamentar falou da satisfação pessoal em celebrar os aniversários da Unicap e do seu curso de Jornalismo. Luciano destacou a contribuição da Católica para o desenvolvimento de Pernambuco e do Nordeste. “O território sagrado da Unicap tem sido palco da trajetória democrática do povo pernambucano”, disse ele ao relembrar um episódio marcante de sua época de estudante durante a ditadura militar em 1968.
“Eu fazia parte de um grupo de estudantes de medicina da UFPE que lutava para conseguir recursos para o Hospital das Clínicas (na época era o Hospital Dom Pedro II) que enfrentava condições precárias. Cinco colegas foram presos e quem escapou se abrigou no bloco A da Católica. Lá, fazíamos reuniões e assembleias. Neste dia, nós tivemos o apoio do inesquecível arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Camara.
Logo depois da fala de Luciano Siqueira, o grupo MPB Unicap interpretou o clássico de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, Asa Branca. Percy Marques no violão de sete cordas; Thiago Lasserre no cajón; e Jorge Neto na sanfona. Num outro momento da sessão, eles interpretaram a canção Baião.
Em seguida foi a vez do deputado Waldemar Borges discursar. Ele comparou a Unicap a uma ‘nação’. “O entendimento de nação é de algo que congrega o presente, o passado, o futuro, o saber e a ciência de um povo”, disse. Ele continuou ressaltando a importância do criador do curso de Jornalismo da Católica, professor Luiz Beltrão, o primeiro doutor em comunicação do Brasil e responsável pelo surgimento do terceiro curso superior de Jornalismo do país e primeiro do Norte e Nordeste. Coube a Waldemar Borges fazer a entrega da placa comemorativa ao Padre Pedro sob aplausos. Logo depois, o público asssitiu ao vídeo-documentário A Católica no Coração do Nordeste.
O coordenador do curso de Jornalismo da Católica, professor Alexandre Figueiroa, também discursou. Ele falou sobre a repercussão da queda da obrigatoriedade do diploma. Segundo Figueiroa, a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal em 2009 não afetou a procura pelo curso. “O bom senso prevaleceu. O diploma de jornalismo garante acesso à informação ética e de qualidade. A profissão de jornalista é um dos pilares de uma sociedade democrática”. Ao se referir a Luiz Beltrão, Figueiroa ressaltou a contribuição do criador do curso para formação de gerações e gerações de jornalistas pernambucanos. “Por nossas bancas e laboratórios passaram profissionais valiosos com o olhar humanista da Unicap que norteia os profissionais formados aqui desde a primeira turma”.
“As instituições não têm o direito de envelhecer e sim de se renovar. Envelhecer é um direito inalienável do ser humano”. Padre Pedro destacou a importância dos professores e funcionários na construção da Universidade. “São muitas as demandas do movimento estudantil, reivindicações de funcionários e perda de professores para outras instituições, além de exigência de melhores salários e condições de trabalho. São anseios que eu gostaria de atender mas as contradições do nosso sistema educacional brasileiro não permitem…”, nesse momento a fala foi interrompida por lágrimas silenciosas dissolvidas em aplausos…
Presenças – Estiveram presentes na sessão solene de acordo com os registros do cerimonial da Alepe: Tenente Mônica Lima, representado o Major Brigadeiro do Ar, Luiz Antônio Pinto Machado – Comandante do 2º Comar; Major Deise Farias, chefe adjunta da 5ª Seção do Estado Maior da Polícia Militar de Pernambuco, representando o Coronel Tavares Lira, Comandante Geral da Polícia Militar; e Marconi Dourado, Corregedor da Defensoria Pública de Pernambuco.
Confira logo abaixo a íntegra dos discursos de Padre Pedro e de Waldemar Borges, respectivamente.
– Exmo. Sr. Deputado Guilherme Uchoa, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco: em nome da Unicap, meus mais sinceros agradecimentos e meus cumprimentos pelo exercício político que tem permitido Pernambuco avançar.
– Exmo. Sr. Deputado Waldemar Borges, autor da proposta desta homenagem aos 60 anos da Unicap e 50 do curso de Jornalismo: minha expressão de agradecimento por estes atos, sem esquecer sua deferência para com a Católica, no sentido de participarmos ativa e permanentemente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Pernambuco, quando de seu importante papel articulador das secretarias e das forças políticas deste Estado.
– Exma. Sra. Deputada Mirian Lacerda, autora da homenagem feita por esta casa aos 50 anos do curso de Direito e igualmente autora do requerimento que me concedeu o título de cidadão pernambucano: muito obrigado e, em seu nome, quero cumprimentar todas as mulheres que se desdobram na cena política deste país.
– Queridos companheiros jesuítas, com quem partilho as angústias e esperanças de uma missão acadêmica desafiadora, inspirada no cristianismo e aberta à sociedade que desejamos servir. Queridos colaboradores da mesma missão, gestores, professores, funcionários e estudantes: que vocês se reconheçam nesta homenagem, bem como na responsabilidade que ela implica.
Senhoras e Senhores aqui presentes: boa noite!
Unicap 60 anos!
É de sonhos e projetos que uma universidade se reinventa.
A Universidade Católica de Pernambuco celebra, em 2011, o 60º aniversário de seu projeto universitário: os nossos fundadores e pioneiros, jesuítas, professores, funcionários e estudantes fizeram um mutirão, juntando forças para construir este patrimônio, do qual somos herdeiros e responsáveis. Celebrar essa bela história implica honrar a memória do passado, assumindo o protagonismo no presente e apostando no planejamento rumo ao futuro. Temos muito a agradecer pelos pioneirismos antigos, mas este ato presente é uma manifestação eloquente da possibilidade de protagonismo de nossas instituições, Alepe e Unicap, bem como um apelo para contribuirmos na construção de um futuro melhor, com a mesma valentia nordestina e uma renovada visão humanística do mundo.
A Unicap nasceu de um sonho coletivo, conjugando tradição educacional jesuíta e pioneirismo pernambucano. A escolha do Recife, cidade das “rebeliões libertárias”, não foi obra do acaso, mas opção discernida e vontade deliberada; da mesma forma, a abertura de cursos pioneiros, como foi o caso de Jornalismo, 1º do Norte e Nordeste, é indissociável de um projeto universitário voltado para a nossa cidade e região; Recife sempre foi um polo universitário, mas a demanda era muito maior, sobretudo de cursos noturnos acessíveis aos trabalhadores. Genuinamente pernambucana, a Unicap é, igualmente, parte de uma rede internacional de mais de 200 universidades católicas: nosso trabalho tem sido, portanto, incluir não só pessoas na sociedade, através do conhecimento, mas também inserir Pernambuco no cenário nacional e internacional.
Vivemos em um mundo que se define como “sociedade do conhecimento”: a senha para entrar e participar dele é, sem dúvida, o próprio conhecimento. A globalização amplia consideravelmente as possibilidades humanas, mas também radicaliza a exclusão. Nesse contexto, a educação torna-se uma estratégia de inclusão sem precedentes. Paradoxalmente, quando o país alcança índices de crescimento invejáveis, a Educação nacional apresenta um quadro crítico. Além disso, os educadores brasileiros parecem ter perdido a autoestima e a consciência de sua função social, manifestando sinais de crise de identidade e de autoridade. No caso de Jornalismo, a queda da obrigatoriedade do título parece destoar com a necessidade de uma sociedade emancipada e preparada para enfrentar os desafios de uma aldeia global.
De1951 até hoje, nossa maior tradição tem sido formar pessoas capazes de transformar sonhos em realidade, utopias em projetos, verdade em vida. Paradoxalmente, porém, os nossos maiores desafios estão ligados, precisamente, a uma injustiça básica da educação nacional: o título universitário é a maior carta de alforria para a autonomia efetiva das pessoas, no entanto, os estudantes mais necessitados não recebem do Estado brasileiro uma ajuda correspondente à demanda. Os programas e benefícios, aos quais a Unicap aderiu a todos, por mais que tenham aumentado nestes últimos anos, não passam de concessões e não atendem à grande maioria dos nossos estudantes atuais, sem falar naqueles que nem desistem do curso para trabalhar. Isso compromete o futuro de milhares de jovens e ameaça a continuidade de instituições pernambucanas de tradição e qualidade.
Nesse passo, a Unicap, enquanto instituição comunitária, não somente tem a necessidade de buscar a sua própria sustentabilidade, mas também o dever histórico de questionar o sistema excludente da Educação Brasileira. Não podemos cair na armadilha de achar que resolveremos, somente entre nós, os problemas e as contradições geradas por um sistema social que permanece injusto e gerador de desigualdades. Nossas contas são públicas para quem quiser conferir; nossos recursos são escassos, para quem quiser saber; até mesmo os recursos humanos ficam ameaçados por uma estabilidade que não podemos oferecer e por uma concorrência enganosa, desleal e predatória. Jesuítas e colaboradores, funcionários, estudantes e professores, ainda estamos muito setorizados, mas precisamos dar as mãos, usar nossa inteligência e criatividade para buscar alternativas. Mas isso só terá relevância se assumirmos o nosso papel de sociedade civil organizada e se entrarmos em relação com as instituições que, como a ALEPE, compõem e constroem o projeto democrático nacional.
Nesse passo, gostaria de abrir, diante dos presentes, a agenda da Unicap, redefinindo a sua identidade e missão:
1. Universidade diferenciada. Como uma verdadeira universidade, a Católica renova seu compromisso primeiro com aquilo que a justifica:
– ensino de qualidade comprovada pelo tempo e avaliações;
– pesquisa vigorosa e pertinente;
– extensão compromissada com a sociedade.
Tendo instaurado um processo permanente de avaliação, importa priorizar o planejamento estratégico (novo PDI: 2011-2016), honrando o conceito de qualidade (4 numa escala de 1 a 5), segundo a avaliação institucional do MEC (2009). Faz-se necessário, porém, aprofundar e explicitar ainda mais os diferenciais da Católica a partir daquilo que a constitui como:
– universidade de natureza comunitária: nem público estatal, nem particular;
– de tradição jesuíta: aposta na transformação das pessoas e da realidade;
– genuinamente nordestina: valores culturais que nos abrem a outros;
– e parte de uma rede internacional de universidades católicas: nosso jeito de ser uma instituição inspirada no cristianismo está diretamente relacionado com a universalidade dos saberes e das mentalidades bem como de uma proposta humanística sem fronteiras.
2. Tradição que se renova. A melhor maneira de celebrar a tradição de uma instituição é revelar sua capacidade de renovação. A Unicap chega aos 60 anos com muito dinamismo, através de uma agenda de transformações internas, desde o uso dos melhores processos de gestão e controles administrativos (implantação de software TOTVS), passando pelos processos acadêmicos (reformulação do calendário, renovação dos currículos e criação de novos cursos), até a definição das políticas comunitárias (integração da comunidade universitária, participação cidadã e promoção dos intercâmbios nacional e internacional).
O Brasil mudou muito e Pernambuco vem-se transformando em um palco de novas oportunidades. Neste cenário, seria até estranho que não houvesse mudança nas universidades. A Unicap quer acompanhar essas mudanças e renovar sua vocação de pioneirismo. Nesse sentido, temos estudado as propostas de nossos cursos, tanto na linha de reestruturar cursos antigos como na de criar novos cursos.
Hoje temos 36 cursos, dos quais 06 novos são cursos tecnológicos de nível superior, precisamos ampliar as propostas de MBA e Especializações, consolidar nossos programas de Pós e vislumbrar novos Mestrados e Doutorados. Há estudos também em vista da criação de novos cursos e precisamos ter a coragem de colocar em questão algumas de nossas ideias e práticas. Não podemos fugir de questão como Ensino a Distância, nem desconsiderar o Mercado de Trabalho, que exige qualificação profissional e ética cidadã.
3. Zelo e incremento do Patrimônio. O melhor patrimônio da Unicap é humano: estudantes, professores e funcionários fazem a diferença. Graças a isso, a Católica construiu, ao longo desses anos, um belo patrimônio educacional com muito trabalho e criatividade, sacrifícios e conquistas, parcerias e colaboração de instituições nacionais e internacionais. No mesmo espírito de construção, cooperação e responsabilidade, tem-se a perspectiva de um novo modelo de manutenção e gestão patrimonial, na assinatura de convênios e parcerias, na renovação dos espaços e equipamentos, bem como na melhoria das estruturas e do uso racional de recursos.
Nesse sentido, cite-se o exemplo dos projetos de financiamento, para a ampliação da climatização dos prédios e geração racional de energia elétrica. Vale ressaltar que só podemos iniciar a climatização das salas de aula com a aprovação de um financiamento do BNDES, para não comprometer a sua sustentabilidade, que depende da contribuição das famílias de nossos estudantes. Continuaremos também o processo de “humanização do campus”, desde o aumento das áreas de convivência à ampliação dos serviços.
4. Responsabilidade ambiental. Praticamente, todos os itens de incremento na infraestrutura geram impacto ambiental. Não se pode, porém, atender às necessidades imediatas, sem a responsabilidade com as gerações futuras nem o compromisso com o Planeta, nosso “habitat”.
De uma parte, cumpre pontuar que a gestão das atividades-meio da Católica (projetos de climatização e uso racional de recursos energéticos) contempla a utilização de tecnologias adequadas à melhor preservação do meio ambiente. De outra parte, a Unicap quer fortalecer o seu compromisso com a responsabilidade ambiental: de forma simbólica, ao logo do ano comemorativo do seu 60º aniversário, serão plantadas 60 árvores no campus, batizando-as com o nome de pessoas que marcaram a história dessa comunidade acadêmica. Gesto simbólico de um compromisso que deverá suscitar outras iniciativas nas dimensões do Ensino, Pesquisa e Extensão.
5. Complexo Educacional. A Unicap, hoje, compreende uma rede educacional que vai dos projetos de Educação Popular à Formação Profissionalizante, do Ensino Básico à Educação Superior, dos Cursos de Extensão e formação específica. Além da consolidação da Pós-graduação, dos novos cursos Tecnológicos, a Católica quer aumentar o oferecimento de cursos de formação contínua para todas as faixas etárias, a exemplo do Programa Universidade Não Tem Idade. Com o encerramento das atividades do antigo Colégio Nóbrega, a Unicap vem exercitando uma nova agenda de parcerias que multiplicaram ainda mais nossa ação educativa, ampliando o atendimento do Liceu, inaugurando a filial da Fundação Fé e Alegria, projeto de Educação popular jesuíta. Em 2010, nossa universidade estabeleceu uma importante parceria com a Arquidiocese de Olinda e Recife, bem como com as dioceses de Afogados da Ingazeira, Palmares e Nazaré da Mata, concernente aos estudos de Filosofia e Teologia dos seminaristas.
6. A arte das parcerias e a ação em rede. A Unicap exercita-se cada vez mais na arte dos convênios e das parcerias, essa nova forma de trabalhar em rede e exercer a cidadania institucional. Gosto de dizer e pensar que o nosso campus é a cidade e a nossa atuação é uma forma de cidadania. Agradecemos aqui também aos nossos grandes parceiros, em projetos bem específicos:
– a ampliação da parceria com o Governo do Estado de PE (Liceu, Ensino Fundamental e Médio), hoje no modelo de uma nova Escola de
Aplicação;
– a consolidação do convênio com a Fundação Fé e Alegria do Brasil;
– parcerias com as Secretarias municipais e estaduais: Educação, Direitos Humanos, Secretaria da Igualdade Racial e Secretaria da Mulher;
– a parceria com o IPHAN, que permitiu à Católica restaurar e reabrir o Palácio da Soledade, atualmente sede da 1ª Casa do Patrimônio do Brasil e Espaço Cultural da Unicap.
Outras formas de colaboração estão sendo exercitadas, fortalecendo nossa pertença à sociedade civil organizada:
– a gestão do Projeto Criança Esperança (parceria com a TV Globo, UNESCO, Prefeitura de Joaboatão);
– projetos em parcerias com empresas (grupo JCPM), com ONGs (Moradia e Cidadania, Interpoética) e comunidades (11 comunidades da RMR).
7. Unicap sem fronteiras rumo à “terceira margem do rio”
A Católica é uma universidade comunitária e uma comunidade aberta à universalidade. No Brasil, a missão jesuíta na educação superior está em pontos bem estratégicos: a UNISINOS, no Rio Grande do Sul; a PUC no Rio de Janeiro e UNIFEI em São Paulo; a Unicap no coração do Nordeste. Apesar de uma natureza comum, cada instituição está inserida numa região e desenvolve um perfil próprio. No contexto da educação nacional, nossas instituições postulam um projeto comum, para além da polarização público-privada:
– entre estatal e particular, a ousadia das instituições comunitárias, por um lado, desmascara o elitismo da Educação Superior estatal; por outro lado, resiste aos imperativos do mercado e da liberalização do ensino;
– entre a secularização e os fundamentalismos, a proposta das universidades jesuítas funda-se sobre a lucidez de um humanismo aberto à transcendência, em diálogo com as culturas e religiões;
– entre o realismo fatalista e as utopias idealistas, as universidades de inspiração cristã postulam a construção da esperança a partir de projetos históricos sustentáveis, inclusivos e inovadores;
– entre os avanços tecnológicos e as ideologias de mercado, nossa universidade aposta numa formação humana e profissional voltada para a região, mas aberta ao mundo de possibilidades, à condição de criarmos oportunidades.
Esses são alguns elementos de nossa identidade e missão que nos lançam corajosamente rumo à “terceira margem do rio”, para recordar uma expressão de Guimarães Rosa e evocar os sentimentos oceânicos que nos habitam, sobretudo na “Veneza brasileira”.
Além de profundamente agradecido, gostaria de concluir declarando que a Unicap atinge sua maturidade institucional não porque completa uma idade memorável, mas, sobretudo, porque ainda alimenta muitos sonhos, projetos e esperanças. Parafraseando o poeta recifense Carlos Pena Filho: “é dos sonhos das pessoas que uma universidade se reinventa”. Queremos reinventar nossa missão educativa a partir de uma maior participação na Sociedade que queremos e na Humanidade que sonhamos. Reafirmamos, enfim, nesta importante casa democrática, a nossa missão primeira, aquela que não envelhece com o tempo, a saber: buscar a qualidade acadêmica visando à excelência humana.
Pedro Rubens Ferreira Oliveira, SJ
Reitor da Universidade Católica de Pernambuco
ESTADO DE PERNAMBUCO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Legislatura 17º Ano 2011 |
19.09.2011
Sessão Solene em homenagem aos 60 anos da Universidade Católica de Pernambuco e aos 50 anos de seu curso de Jornalismo
Senhor presidente,
Senhoras deputadas,
Senhores deputados,
Meus senhores e minhas senhoras.
Quando tomei conhecimento do aniversário da Universidade Católica de Pernambuco me senti na obrigação de promover esse registro. Não por razões protocolares. Não em razão de minha simpatia e amizade pelo Padre Pedro Rubens. Mas, acima de tudo em razão da Unicap fazer parte da Nação de Pernambuco.
O entendimento de nação é muito maior. É maior que o entendimento do próprio Estado. Estado é parte. É um compartimento de uma nação. Uma nação congrega o passado, o presente e o futuro. Congrega o território, a cultura, o saber e a ciência de um povo. E é precisamente nisso que se insere a importância da Unicap para a Nação Pernambucana.
A Universidade Católica de Pernambuco é resultado do trabalho educacional da Companhia de Jesus, no contexto mais amplo de missão humanitária da Igreja Católica, no Brasil. Quando criada em 27 de setembro de 1951 e depois quando passou a ser Universidade, de acordo com o Decreto nº 45.115, de 26 de dezembro de l958, não era possível imaginar a sua importância para a cidade do Recife e, conseqüentemente, para o Estado de Pernambuco.
Ano após ano esse trabalho não somente formou inúmeros jovens, mas, acima de tudo possibilitou, a melhoria de vida através do conhecimento para cidadãos e cidadãs. Inserida que está no Centro da cidade do Recife constitui-se em alento para a própria cidade onde nasceu. Se de um lado é preciso se reinventar a nova ocupação do Centro da cidade do Recife, temos já um exemplo claro, vivo e pulsante, capaz de trazer vida ao que, arquitetonicamente e urbanisticamente, aparentemente se deteriora.
Falar na Unicap é falar disso. É compreender, enquanto parte da Nação de Pernambuco, a sua condição de vanguarda do desenvolvimento do ensino superior no Estado. Esse protagonismo sempre se operou no ensino, na pesquisa, na extensão e nas suas ações filantrópicas, de beneficência, de assistência social e comunitária.
Na sua missão de preservar, elaborar e transmitir o conhecimento, de modo a formar o ser humano para desempenhar uma atitude construtiva a serviço de sua comunidade e de sua região, a Unicap se inseriu como parte inseparável na Nação de Pernambuco. E nisso a sua ação de educação, aberta a participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica constituem-se em marcas indeléveis de seu caráter institucional.
Hoje, abrangendo um complexo educacional com uma oferta de cursos, do Ensino Fundamental até a Pós-graduação stricto sensu; mais de 12.000 estudantes; 453 docentes e 432 funcionários; sabemos ser a Unicap uma referência para o futuro do Estado de Pernambuco. Como parte da Nação de Pernambuco a Universidade vem desenvolvendo com qualidade:
A educação em nível superior, através do sistema indissociável do ensino, pesquisa e da extensão;
A formação de diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para participação no desenvolvimento da sociedade brasileira;
O incentivo ao trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;
A promoção da divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e a comunicação do saber através do ensino, de publicações e de outras formas de comunicação;
O estímulo ao conhecimento dos problemas do mundo atual, em particular os nacionais e regionais, prestando serviços especializados à comunidade e estabelecendo com esta uma relação de reciprocidade;
A promoção da extensão, aberta à participação da população, visando a difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e das pesquisas científica e tecnológica que forem geradas;
E para não nos estendermos mais, a prática do intercâmbio e da cooperação com instituições educacionais, científicas e culturais, tanto brasileiras como estrangeiras.
É dentro deste contexto que também homenageamos aqui o seu curso de Jornalismo, que completa em 2011 meio século de existência. A graduação mais uma vez mostra o pioneirismo da Unicap, terceira instituição de ensino superior do País e a primeira do Norte e Nordeste a oferecer um curso de Jornalismo em nível superior.
A idéia que marcou a comunicação brasileira surgiu do jornalista olindense Luiz Beltrão, que anos mais tarde veio a ser o primeiro doutor em Comunicação do Brasil. A história da Imprensa pernambucana se confunde com a do curso de Jornalismo da Unicap. Por lá passaram muitos dos profissionais que atuam hoje nos veículos de comunicação, assessorias de imprensa e nas faculdades de Jornalismo da região.
A marca do curso de Jornalismo de Católica sempre foi, a exemplo da própria Universidade, a de aliar a teoria à prática. Seus estudantes encontram lá um ambiente que reproduz a rotina do mercado de trabalho, com aulas que vão além das salas e laboratórios. É durante o curso que os estudantes começam a ir para rua e passam a conhecer o dia a dia da profissão, entrando em campo com bloco e caneta na mão, máquinas fotográficas, gravadores, câmeras e microfones em busca de notícia não só na Região Metropolitana do Recife como em outras cidades do Interior do Estado, sempre com a supervisão dos professores.
Poderíamos relatar aqui o muito que a Universidade Católica, seja através de seu curso de Jornalismo ou dos tantos outros oferecidos pela instituição, tem feito por Pernambuco. Falar, por exemplo, das lúcidas, oportunas e equilibradas intervenções do seu reitor Padre Pedro no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Pernambuco, mas queremos resumir essa nossa homenagem em duas afirmações: a primeira de agradecimento pelo tanto que a Unicap já fez pelo nosso estado, e a segunda de ratificação da necessidade de contarmos cada vez mais com essa instituição para melhor enfrentarmos os desafios desse novo Pernambuco que estamos construindo.
Discurso do líder do Governo, deputado Waldemar Borges