Boletim Unicap

Católica recebe Heloísa Helena

fotos: Luísa Nóbrega

O auditório G2 da Unicap ficou lotado na noite desta quarta-feira (23) para aquele que foi considerado o ponto alto da programação da 9ª Semana da Mulher na Católica. A ex-senadora e professora da Universidade Federal de Alagoas Heloísa Helena realizou uma palestra sobre políticas públicas para o meio ambiente no Brasil. O evento foi organizado pelo Instituto Humanitas Unicap.

Antes de começar a sua explanção, Heloísa Helena recebeu uma homenagem da Unicap. O Reitor, Padre Pedro Rubens, e a professora do curso de Letras, Elisabeth Siqueira, entragaram um “kit Heloísa Helena” com quatro quadros da artista plástica Fernanda Batista e uma rosa, representando todas as mulheres de Pernambuco. Também das mãos do Reitor, ela recebeu uma medalha comemorativa pelos 60 anos da Católica. Na palavras de agradecimento, Padre Pedro fez uma analogia entre o tema da Semana da Mulher (Cuidar da Vida, Cuidar do Mundo) e a trajetória da convidada: “A senhora é uma cuidadora. Nunca esse compromisso caiu, o compromisso de cuidar do outro. Você é uma cuidadora de alma e de essência”, disse Padre Pedro ao mencionar uma das atribuições da profissão de enfermagem e enaltecer a liberdade como traço de personalidade da convidada.

No mesmo tom de emoção Heloísa Helena agradeceu: “Ser livre é não aceitar as diversas formas de intolerância. Pra mim, o cuidado é algo especial. Sou militante política, mas meu grande amor é a enfermagem, a área de saúde, a área da educação. Você tem que tratar o outro como gostaria que seu ente mais querido, mais amado fosse cuidado”, disse contando que é irmã de uma médico.

Durante a sua palestra, a ex-senadora fez duras críticas ao atual modelo capitalista centrado no acúmulo de riquezas, afirmando que a sobrevivência humana está condicionada à exploração predatória da natureza. “O planeta não aguenta”. Entre seus argumentos, ela mencionou as políticas públicas atualmente colocadas em prática no Brasil para o uso do solo e da água. Questionando o modelo de agronegócio nacional, principalmente as monoculturas, ela ressaltou que o Brasil continua adotando medidas típicas de colônia. “Plantamos milhares e milhares de hactares de soja, para alimentar porquinhos na Europa. Isso traz um problema ambiental seríssimo, somente para a acumulação de riqueza”.

Sobre o uso da água, a professora nascida no município de Pão de Açúcar, à beira do Rio São Francisco, criticou a transposição do Velho Chico. Ela defendeu experiências com menores custos finaceiros e ambientais, a exemplo de sistemas de cisternas e reservatórios no Sertão. Para ela, a transposição intensifica o assoreamento das margens do rio e ocasiona custos de energia elétrica para manter as estações elevatórias. “O Rio está perdendo força. Luiz Gonzaga dizia na canção que o ‘Rio São Francisco ia bater no meio do mar’… é mais não. Agora uma ‘tuia’ de sal entra de rio a dentro, a foz é uma salinidade só”.

A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, também foi alvo das críticas da militante do Partido Socialismo e Liberdade (Psol). Segundo ela, pelo menos três municípios sofrerão com o desabastecimento d`água provocado pela mudança no curso do rio para formar o reservatório da hidrelétrica. “Quantas espécies e quantas aldeias indígenas precisarão de outro luga pra viver? Tudo isso para produzir apenas 40% de energia firme. O que isso representa diante do imenso impacto ambiental?”

Heloísa defendeu o uso dos recursos naturais para o dinamismo econômico, mas considera “intolerável” o uso predatório da natureza para acúmulo e concetração de riqueza. “Nós mulheres temos a essência cuidadora, temos a obrigação de pensar o mundo diferente”, concluiu.

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