Católica inaugura hoje Instituto Humanitas
|A Universidade Católica de Pernambuco inaugura nesta quarta-feira (19), às 19h, no auditório G2, o Instituto Humanitas Unicap. A inauguração fará parte da abertura da Semana Teológica da Unicap, que contará com a presença do arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido. Em entrevista especial ao Boletim Unicap, o Reitor da Católica, Padre Pedro Rubens, explicou os objetivos e a missão do novo Instituto. Confira logo abaixo:
B.U – O que é o Instituto Humanitas?
O Instituto Humanitas Unisinos (IHU) foi criado, em 2001, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Antes de completar o 10º aniversário, essa iniciativa conquistou o cenário nacional, graças à sua originalidade e à sua pertinência, através de diversas formas de comunicação, eventos e produções. Trata-se de um fórum de debate livre e diálogo aberto com a sociedade sobre os temas mais diversos do interesse público, a partir do que constitui uma verdadeira universidade, sobretudo, caracterizada pela visão crítica e diversidade de saberes na busca da verdade. Como o próprio termo “Humanitas” sugere, através desse Instituto, postula-se buscar novas formas de humanismo, inspiradas na tradição cristã, aberto ao diálogo com as diversas tradições e segundo o espírito de nosso tempo. Nesse sentido, creio que essa grande intuição da Unisinos, mediada pelo IHU e comprovada ao longo desse tempo, revela-se como uma das formas mais felizes e criativas de atualização do binômio jesuíta fé e justiça, considerando os novos desafios do diálogo com a Culturas e a Sociedade, no contexto de uma mundialização, ao mesmo tempo, fonte de oportunidades e de ameaças. Nesse cenário, “humanizar a humanidade” não é uma redundância, mas uma tarefa prioritária. E o cristianismo, em sua grande tradição humanística, tem uma contribuição significativa a dar, à condição de aceitar o desafio de dialogar com a pluralidade, senha de acesso à mentalidade conteporânea.
B.U – O que motivou o senhor a implantar um Instituto Humanitas na Católica?
Tendo a proposta da Unisinos alcançado uma maturidade, um reconhecimento e um estilo próprio, além de elogiar essa importante a iniciativa, propus aos companheiros jesuítas dessa Universidade-irmã uma “parceria-operativa”: sem ferir a autonomia nem inibir a criatividade específica de nossas instituições, manifesto que gostaríamos de seguir na mesma pista e usar o mesmo nome, na perspectiva de ampliar a rede. Encontrei abertura e disponibilidade tanto do reitor, padre Marcelo Aquino, quanto do diretor do Instituto Humanitas, padre Inácio Neutzling; E aqui na Unicap foi determinante a acolhida e disposição do padre Lúcio Flávio (coordenador do nosso Humanitas), bem como a abertura do coordenador da Divisão de Ação Pastoral da Católica, Padre Antônio Mota, e a simpatia de outros jesuítas da Universidade. Logo, padre Lúcio foi mobilizando uma equipe: Carlos Vieira, Valter Avellar, Ir. Rosário e José Maria.
Mais que uma implantação de um novo setor na Unicap, talvez se trate de uma “gestação” ou de um processo criativo com um duplo objetivo: por um lado, não se trata de “imitar” nem de partir do zero; por outro, queremos verificar se essa proposta não constitui uma nova “figura mediadora” da missão jesuíta de diálogo com a Cultura e a Sociedade, a partir da Universidade. Se essa última intuição for confirmada, em princípio, outros “Humanitas” poderiam ser criados nas diversas IES da Companhia de Jesus, assim como foram se multiplicando os CIAS (Centros de Investigación y Acción Social) e os CIES (Centros Inacianos de Espiritualidade). Em todo caso, desde já, penso ir amadurecendo essa hipótese para, quem sabe, apresentá-la, juntamente com a Unisinos, como proposta na AUSJAL (Associação de Universidades confiadas à Companhia de Jesus na América Latina).
B.U – Qual a missão do Instituto Humanitas Unicap?
Antes de tudo, o Humanitas Unicap seguirá a inspiração da experiência matricial desenvolvida na Unisinos: tanto no Sul quanto no Nordeste, creio que a missão do Humanitas é explicitar ainda mais a identidade de uma instituição jesuíta, de inspiração cristã e aberta ao diálogo com a cultura e a sociedade, voltada para a excelência acadêmica que visa a excelência humana. Nesse sentido, a proposta do Humanitas é buscar alternativas aos modelos dominantes e às ideias concebidas, desmascarar interesses particulares com aparência de bens universais e evidenciar critérios de discernimento dos processos históricos que promovam a justiça, a superação da pobreza, a defesa dos direitos humanos fundamentais, o respeito das diversidades existenciais e a abertura à alteridade, desde o rosto desfigurado do empobrecido ou injustiçado ao rosto do Transcendente, revelado em Jesus Cristo, “tão humano que é divino” (Fernando Pessoa). Nessa perspectiva, caberá fundamentalmente ao Humanitas Unicap a missão de discernir e propor alternativas de humanização, através da abordagem crítica das questões humanas fundamentais, tão bem expressas em seus quatro pólos temáticos, a saber: 1) Teologia, Ciência e Cultura; 2) Mercado, Pobreza e Desigualdades; 3) Ecologia, Desenvolvimento e Sociedade Sustentável; 4) Gênero, Diversidade e questão Étnico-racial, Democracia, Estado e Políticas.
B.U- O que o senhor espera do Instituto Humanitas Unicap?
Espero, enfim, que o Humanitas-Unicap, embora sem grandes pretensões e começando lentamente, ajude a confirmar a pertinência e atualidade dessa criação da Unisinos como algo “próprio” de uma instituição universitária jesuíta, a serviço da Igreja em diálogo multidisciplinar com as realidades mais importantes para a humanidade. Nesse passo, espero que a criatividade nordestina, a tradição libertária e multicultural de Pernambuco, juntamente com a busca teimosa de qualidade de nossa universidade, tão bem expressa em nossa Carta de Princípios e testemunhada por tantas gerações, possam contribuir para a consolidação do Humanitas e a criação de uma verdadeira rede, capaz de por em relação todos os setores de nossa Universidade, os diversos ministérios da Companhia de Jesus e os múltiplos seguimentos de nossa sociedade, em tempos de mundialização. Essa seria a melhor forma de agradecer aos que nos precederam, repensando a tradição do humanismo com uma âncora lançada para o futuro.