Boletim Unicap

Aula inaugural do semestre letivo da Pós-graduação da Unicap recebe pesquisador da UFPE

Os desafios de fazer pesquisa com qualidade em Pernambuco foram abordados durante palestra realizada na manhã desta segunda-feira (5) e que marcou a abertura do semestre letivo dos cursos de mestrado e doutorado da Unicap. O evento aconteceu no anfiteatro do bloco G4 e teve como convidado o diretor do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) da Universidade Federal de Pernambuco, Prof. Dr. José Luiz de Lima Filho.

A Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da Católica, Profª Drª Valdenice José Raimundo, deu as boas vindas ao convidado apresentando os coordenadores dos programas de pós-graduação da Universidade. A vinda do Professor José Luiz foi articulada pela coordenadora do mestrado em Desenvolvimento de Processos Ambientais, Profª Drª Galba Takaki. “Sou extremamente admiradora do professor José Luiz por sua humildade e carisma”, disse ela.

O professor é médico Ph.D em Microbiologia e Bioquímica e desde o ano 2000 é diretor do Lika. De um jeito descontraído, ele começou a sua explanação fazendo brincadeiras com a folclórica megalomania pernambucana a exemplo da formação do Oceano Atlântico a partir dos rios Capibaribe e Beberibe, revelando uma curiosidade verdadeira.

“O primeiro trabalho científico de todas as Américas foi feito no Recife, em 1639, quando Maurício de Nassau encomendou a pesquisa topográfica da região”, disse ele ao mencionar que a informação está no livro Observatório do Telhado, de autoria de Oscar Matsuura e ditado pela Cepe.

Anfiteatro do bloco G4 ficou lotado

O professor usou o contexto histórico para explicar as dificuldades em produzir pesquisa no Brasil. De acordo com ele, a colonização portuguesa estimulou o bacharelado e os “letramentos” em detrimento às ciências exatas. “A primeira universidade brasileira foi criada em 24 horas para conceder o título de Doutor Honoris Causa ao rei da Bélgica, mas a primeira mesmo só foi institucionalizada com a criação da USP, em 1934. Enquanto isso a Argentina e Estados Unidos já tinham universidades”, disse o professor. A primeira universidade argentina foi a de Córdoba (1613) e a americana Havard University data de 1636.

José Luiz elencou os dez maiores problemas da humanidade de acordo com a ONU e suas respectivas soluções. Todas passam por educação e energia. “O preço da energia é fundamental para desenvolver um país”.

O professor falou também sobre a história do Lika, que foi inaugurado em abril de 1986 por meio de uma parceria com a universidade japonesa de Keio a partir de uma iniciativa dos professores Aggeu Magalhães Filho e Keiso Asami (falecido meses antes da inauguração). O laboratório foi pensado para ser um instituto de pesquisa em doenças tropicais no Nordeste brasileiro.

Ao longo dos mais de 30 anos história, o Lika se tornou um centro de pesquisa de ponta que desenvolve estudos com várias universidades e empresas internacionais nas áreas de genética, câncer, bio sensores e nanotecnologia. São vários artigos publicados nas revistas científicas mais importantes do mundo como a Nature Medicine e Nature Genetics. Uma das pesquisadoras do Lika é ex-aluna da Licenciatura em Ciências Biológicas da Católica, Danielly Bruneska Gondim Martins.

Na área de bio sensor, o centro de pesquisa desenvolve um estudo de aferição de glicose em parceria com a Cambridge Univserity. Há também um estudo em torno de um equipamento para identificar se a pessoa teve zika, chicungunha ou dengue a partir da coleta de sangue. A máquina está sendo desenvolvida junto com a Toshiba Medical, multinacional presente em 150 países. “Se você é bom, não há porque não mostrar ao mundo. O dinheiro não tem pátria. Você não pode ficar esperando editais, tem que criar um ambiente de desenvolvimento. Liderança e credibilidade são as estratégias para desenvolver uma ciência com qualidade”, explicou o Professor José Luiz.

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