Boletim Unicap

A imagem de Deus pela ótica de Alfonso Garcia Rubio

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Fotos: Gustavo Gloria

Em pouco mais de 55 anos dedicados à teologia e à pastoral, o Padre espanhol Alfonso Garcia Rubio é movido por um pensamento que faz um contraponto à forma de como Deus é representado pelo cristianismo, filosofia e cultura. Algumas de suas ideias foram partilhadas entre professores e alunos dos cursos de Teologia e Filosofia da Unicap na tarde desta quinta-feira (17). A palestra foi promovida pelo Instituto Humanitas Unicap (IHU) dentro da atividade ProVocação.

Doutor em Teologia Sistemática (1973) e mestre em Teologia (1968) pela Pontifícia Universidade Gregoriana, um dos co-fundadores do curso de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) não quis saber do púlpito ou palco do G1. Ele fez questão de falar o tempo todo no meio do auditório sempre ‘mexendo’ com um e outro.

Rubio distribuiu um texto e pediu para que a plateia lesse os trechos em voz alta. “Quando a gente lê em voz alta evita dormir e a assimilação é melhor”, disse ele provocando risos de quem estava presente. Rubio encontrou no bom humor e no seu carisma inconteste caminhos para tornar a densidade e o peso dos assuntos tratados mais leves.

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Página 01 do texto de Garcia Rubio
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Página 02

Na introdução do texto, o Padre analisou a realidade do infantilismo religioso e o desafio do ateísmo moderno. “Não há nada mais profundo hoje na Teologia do que rever essa imagem de Deus. Não devemos confundir a fé com a sua expressão cultural. Não podemos sacralizar o passado. Chega! Repitam comigo: chega! Gritem: chega!”, repetia ele ao ser atendido pelo auditório em meio a risos.

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Rubio foi orientador do doutorado de Pe. Lúcio

Em outro tópico, Garcia Rubio citou o livro A originalidade do Deus cristão. “Este livro foi escrito por mim e por vários doutores que eu orientei. O primeiro capítulo é o melhor (pausa). Fui eu que escrevi, ahahahah. Todo mundo rindo comigo agora ahahah”. Não precisava nem pedir porque não havia na plateia quem segurasse o riso.

A brincadeira era para defender ‘a necessidade de desvincular a fé no Deus criador e salvador do Deus da filosofia e das religiões. Para isso, é indispensável ressaltar a originalidade do Deus revelado por Jesus Cristo’, dizia um trecho do texto.

O Padre também analisou ‘conceitos’ de milagre e pecado. De acordo com ele, é preciso dar mais importância ao pessoal que o natural. “Temos que repensar o que vem a ser o milagre. Deve ser visto como Deus agindo de dentro para fora e não de fora para dentro. Ele é onipotente no amor e não na violência do castigo”.

O bom humor de Garcia Rubio não esconde sua crítica refinada à identidade da formação dos teólogos. “Uma minhoca vesga, tonta, paralítica e afônica enxerga isso, mas o teólogo não. Ahahahaha. Isso sem querer ofender a minhoca”, disse ele durante mais uma sessão de risos coletivos da plateia. “Digo isso rindo, brincando porque a pessoa fica desarmada e assimila melhor”.

No encerramento, ele destacou que o verdadeiro poder de Deus é o do amor. “Não é manipulando, domesticando, tirando a tua liberdade. É te ajudando a se desenvolver que Ele age. É assim que Deus é o todo poderoso. Isso tudo que eu disse ajudou vocês pessoal? Sim ou não?”. As pessoas presentes, de forma uníssona, responderam afirmativamente. E Garcia Rubio não terminaria sem mais uma provocação interativa: “Então batam palmas”. Foi atendido longamente e com louvor. 

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