Boletim Unicap

VOU promove experiência de inserção com catadores de materiais recicláveis no Ceará

Em tempos de contravalores como a cultura do descarte, tanto de objetos, quanto de pessoas, o Programa de Voluntariado Universitário Unicap – VOU promoveu, entre os dias 12 a 19 de janeiro, uma experiência de inserção social, trabalho e convivência com catadores de materiais recicláveis de uma cooperativa e de um “lixão” na cidade de Russas, no sertão do Ceará.

Essa parceria do VOU com o Espaço Magis Padre Fayos e a Paróquia Nossa Senhora do Rosário (ambas iniciativas da Companhia de Jesus) permitiu aos universitários conhecer as histórias dos catadores e trabalhar com eles em meio à falta de salubridade, calor, mal cheiro e trabalho pesado.

Para Angélica Gonçalves, que monitorou o grupo durante a experiência, “as atividades são um convite a olhar tudo aquilo que produzimos e que descartamos em nossa Casa Comum e perceber o que ainda pode ser reciclado e reaproveitado. Além disso, os participantes são convidados a olhar para a vida e perceber que também podemos fazer uma seleção, sejam de nossas ações, palavras, pensamentos, identificando o que devemos descartar e o que pode ser reaproveitado ou reciclado”.

Durante os trabalhos que alternavam entre a seleção de materiais no galpão, o recolhimento no lixão e nas ruas da cidade, os participantes, na própria pele e nas partilhas dos catadores, percebem o descaso da sociedade e das políticas públicas a essas pessoas e as desigualdades que existem em nossa sociedade. “O comodismo não imperava ali, estávamos sempre ativos. Coletamos, catamos e selecionamos material reciclável, que muitas vezes estava misturado de todo o tipo de sujeira; foi desafiador e desobstruiu outras perspectivas, outras visões. Nós não apenas ajudamos aquelas pessoas, foram aquelas pessoas, mesmo que por pouco tempo, tiveram um impacto enorme em todos nós”. Conta Marcus Cesar Sobrinho, aluno do curso de direito da Unicap.

Para o colaborador do Instituto Humanitas, João Elton de Jesus, que coordena as ações do VOU, “a experiência de voluntariado em Russas soma, por esses dias, ao trabalho árduo de homens e mulheres que diariamente tiram seu sustento daquele espaço, muitas vezes renegado pela sociedade. Talvez aos olhos desses trabalhadores, muito ajudamos estando lá, sem renumeração, mas o que eles não sabem é que diante dessa entrega voluntária, da partilha e da convivência, muito mais foi somado aos voluntários, pois sair de si e da zona de conforto, abrir a porta e encontrar o mais profundo de si mesmo e do outro é de um valor incalculável e marca positivamente a vida desses alunos”.

Abaixo, segue o depoimento de Brenda Barros, aluna do curso de física, que narra a sua experiência em Russas:

Ter feito trabalho voluntário em Russas representou para mim algumas coisas importantes, dentre elas, coragem, força conscientização e aprendizado. Foi preciso muita força pra conseguir acompanhar o trabalho diário dessa comunidade. É difícil! tivemos que subir no caminhão debaixo da chuva forte e do sol cortante, indo de casa em casa e as vezes indo em outras comunidades pra coletar material reciclável. Revirando os lixos da cidade enquanto as pessoas nos olhavam estranho ou as vezes nem nos enxergavam. E quando o trabalho era no lixão, a coleta parecia uma competição entre os porcos, os urubus, os cachorros, os tapurus, as moscas, em meio ao fedor insuportável. Sempre que um caminhão de lixo chegava, os catadores ficavam de baixo preparados para coletarem o mais rápido possível os materiais e assim conseguirem o sustento da semana. É preciso muita força pra viver uma vida tão difícil dessa e, ainda assim, conviver com os olhares e o descaso do governo e da sociedade. Com certeza eu voltei mais consciente em relação ao consumo. O simples ato de fazer uma separação do material que pode ser reciclado faz um impacto gigantesco na vida de muita gente e uma das coisas que mais pude entender nesse voluntariado é que não existe o jogar fora, você não joga o lixo da sua casa fora, você só coloca ele longe de você, mas ele continua lá e uma hora não vai ter mais “lá”, e aonde vamos colocar todo esse lixo? Esses catadores são um dos maiores contribuintes para que o nosso mundo não esteja mais poluído do que é, é preciso entender que já estamos sendo afetados, mas que, por enquanto, ainda há tempo. Reciclar, reduzir, reutilizar, mas acima de tudo, amar! Amar o planeta, a natureza e as pessoas, pois quando se ama só se quer o bem e talvez assim a gente consiga um mundo melhor e mais limpo”.

Em julho serão oferecidas mais experiências de Voluntariado Universitário. Fique atento para fazer a sua inscrição no site unicap.br/vou.

 

 

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