Boletim Unicap

Evento do curso de Jornalismo analisa discursos de ódio contra minorias

A programação da série de debates Diálogos teve sequência na tarde desta sexta-feira (10) com o tema Discurso de Ódio contra as Minorias Políticas x Novas Narrativas de Emancipação. O evento aconteceu no auditório Dom Helder Camara. Participaram como debatedoras Rebeca França, do Coletivo das Vadias; Chopelly Santos, da ONG Amotrans; Rafael Negrão, do Fórum Suape; e Ana Paula Maravalho, advogada e militante do Movimento Negro. A mediação foi de Ana Paula Campos, do Observatório de Mídia.

A primeira a falar foi Chopelly. Durante a explanação, ela questionou o termo “minoria”, utilizado para categorizar a população LGBT. “A mídia é muito importante para corrigir essa coisa de minoria porque nós não somos minoria. Somos tão população quanto a população heterossexual. Quero ver dados de quantos da população heterossexual têm de LGBT porque o pesquisador foi na casa da família de heterossexuais e não perguntou se havia LGBT porque se sente constrangido”. Chopelly atua na coordenação da Parada da Diversidade do Recife. Este ano, vai acontecer no dia 16 de setembro, na orla de Boa Viagem.

Depois quem falou foi Rebeca. Ela destacou que o discurso de ódio ganhou mais popularidade a partir da Internet. “O nosso cotidiano, principalmente das mulheres negras, é permeado pela violência. A gente vive num país que é o quinto mais perigoso para uma mulher viver. O que as leis que tentam coibir essa violência doméstica e urbana conseguem efetivamente fazer por nós? Então, relacionando com o tema do debate, a gente vê que as pessoas fazem verdadeiros linchamentos virtuais. Isso propaga energia de radicalização, de polarização do discurso”.

Na sequência, o representante do Fórum de Suape, Rafael Negrão, destacou a responsabilidade social dos futuros comunicadores sociais (jornalistas e publicitários). “Nós somos multiplicadores de informação. É a gente que, muitas vezes, dá vez e voz a quem não tem. Vocês não fazem qualquer curso não. Tenham orgulho de dizer que são estudantes de Jornalismo e de Publicidade”, disse Rafael, que é ex-aluno de Jornalismo da Unicap e também trabalha com movimentos sociais ligados a pescadores, marisqueiros e pessoas soropositivas.

Ana Paula Maravalho chamou a atenção de como a comunicação hegemônica se refere à população negra no Brasil. “A comunicação não está desligada de uma política pública. O que eleva o índice de homicídios no Brasil são os homicídios de jovens negros porque em relação à população branca, esse índice cai a cada ano. Essa realidade não é levada a diante no discurso da comunicação não é à toa. Isso faz parte de uma política pública de Estado que, desde que o primeiro negro que pisou no Brasil escravizado, tem o objetivo de fazer com que aquela população não cresça, não se espalhe e que seja exterminada com o tempo”.

Ao final das explanações, houve espaço para perguntas da plateia formada pelas turmas de Jornalismo da Católica. Quem também estava entre o público era o promotor de justiça do Ministério Público de Pernambuco, Maxwell Vignoli, que atua na área de defesa dos Direitos Humanos. “Sempre quando nós vamos discutir as minorias políticas, que na verdade algumas delas são até maioria, nós precisamos enfocar a questão de que elas nunca foram visibilizados na mídia de uma maneira construtiva. Eles saíram de uma área de invisibilidade para uma de visibilidade e por essa tratar de alguns direitos acaba que elas sofrem uma nova resistência e crítica. Mas a discussão aqui foi muito boa porque nós conseguimos trazer visibilidade para essas pessoas”.

Noite – A série de debates Diálogos seguiu com programação na noite desta sexta-feira (10) com o tema Comunicação como Direito Humano: Democratização e Responsabilidade da Mídia. Os debatedores foram os jornalistas Eduardo Amorim, do Coletivo Intervozes; Rosa Sampaio, do Fórum Pernambucano de Comunicação (Fopecom) e do Centro de Cultural Luiz Freire; Patrícia Paixão, da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco; e o promotor Maxwell Vignoli. A mediação foi da Profª Drª Andréa Trigueiro.

Confira abaixo as fotos da noite de abertura do evento ocorrida nesta quinta-feira (9).

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