Boletim Unicap

Curso de Medicina promove palestra sobre depressão

A Associação Acadêmica de Cardiologia, com o apoio do Curso de Medicina da Unicap, realizou na noite desta terça-feira (25), no auditório do bloco J, a palestra Depressão: “Vamos Conversar?” No ao mês mundial da saúde, a Organização Mundial da Saúde escolheu esse tema porque a depressão, segundo a própria OMS, será, em 2030,  a doença mais diagnosticada do mundo. Ela causa graves prejuízos na vida profissional, social e na vida familiar dos pacientes. Segundo, também a OMS, se houvesse uma adequada abordagem preventiva, as complicações relacionadas à depressão poderiam ser menos relevantes. Dentre as complicações existe a relação Depressão-Suicídio, que, no Brasil, já se atingiu um percentual em torno de 8% da população. A depressão atinge, segundo dados epidemiológicos, 18% da população brasileira. Está presente nos ambulatórios, nos hospitais, nas escolas, no trabalho e precisa de uma abordagem adequada.

O psiquiatra e professor do curso de Medicina da Católica, Moab Acioli, foi um dos convidados a palestrar na noite. Com o tema Aspectos Psiquiátricos da Depressão, o professor decidiu trazer uma luz sobre as principais questões que envolvem o tema, falou sobre os tabus que ainda existem acerca da depressão e suas principais causas. “Dentre as várias causas, existe uma cultura depressogênica, segundo as ciências sociais, que é uma cultura baseada no excesso de individualismo, numa falta da expressão de sentimentos das pessoas, numa competitividade e numa falta de perspectiva, onde alguns modelos sociais e econômicos mundiais se pautam pela competição e falta de uma seguridade social”, ressaltou.

Essa perspectiva socioeconômica e sociocultural, muitas vezes reflete nas artes, como forma de se discutir ou debater um tema. Não é de hoje que alguma doença ou tabu é retratado nas telas do cinema ou nas telinhas da televisão. A série da vez é”Os 13 Porquês”, que é a adaptação televisiva de um livro, que leva o mesmo nome. A série da Netflix retrata a história de Clay (Dylan Minnette) que, de repente, se depara com uma caixa de sapatos com fitas cassete enviada por Hannah (Katheriine Langford), sua amiga e amor platônico secreto da escola. Logo em seguida ele descobre que ela havia se suicidado e no pacote a jovem lista os 13 motivos que levaram ela a interromper a sua vida – além de instruções para as fitas serem passadas entre os demais envolvidos.

Reprodução: Netflix

A série vem dividindo opiniões: ela é importante por discutir o tema da depressão e conscientizar o público ou ela é negativa pois acaba trazendo a discussão de uma forma que pode induzir as pessoas a romantizarem o problema e, assim, acabarem optando pelo caminho do suicídio? Para esclarecer essa questão, direcionamos a pergunta ao Dr. Moab.

Os 13 porquês, retrata, de uma maneira muito realista, a vida sociocultural de adolescentes norte-americanos numa escola de ensino médio. Eu acho que, mais importante, do que a questão da depressão, a série trata o papel social desqualificado que a mulher sofre na nossa sociedade. Ela aborda a descoberta sexual de uma adolescente e essa descoberta é estigmatizada pelos adolescentes do sexo masculino que rotulam a menina com expressões pejorativas o que caracteriza o bullying, o que leva a garota a cometer suicídio. Esse tipo de situação ocorre em escolas em que a menina, que tem uma prática sexual, é tratada com adjetivos pejorativos e o menino, que possui uma vida sexual, é visto como viril e como sendo alguém que esta cumprindo adequadamente seu papel.

Os adolescentes, nos EUA, saem de casa aos 18 anos de idade. Eles não têm diálogo com os pais. Então, o que se observa é que eles conversam entre eles mesmos. A série é importante pelo sentido que os jovens vão assisti-la, queiram os pais ou não, mas os pais têm que ter a sensibilidade de estabelecer esse diálogo com eles. Não é a série que vai causar suicídio, o que vai causar suicídio é a má relação dos pais com os filhos. Tanto para os adolescentes, tanto para os adultos e para os idosos, é crucial que as pessoas saibam o que é depressão, conheçam suas características, saibam encaminhar para um tratamento e fiquem atentos que o silêncio numa comunicação familiar pode ser sintoma de depressão. É uma realidade que perpassa todos esses grupos e todos têm que estar ligados, porque muitas vezes a pessoa que comete suicídio, ela não avisa e pega de surpresa todos nós.”

Na noite, ainda tiveram palestras sobre Cardiologia e Depressão, com o  cardiologista Wilson Oliveira; e Aspectos Psicológicos da Depressão, com a Dra. Leila Novaes.

Ao final, foram realizados, por profissionais de fisioterapia, alguns exercícios de relaxamento e alívio do estresse, para os participantes.

Dr. Moab Acioli

 

 

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