Semana da Mulher discute impacto das arboviroses na saúde das gestantes e filhos
|A 14ª Semana da Mulher na Unicap promoveu, na noite desta quarta-feira (9), no auditório do bloco J, uma palestra sobre os impactos na saúde da mulher e de seus filhos provocados pelas arboviroses (dengue, chikungunya e zika). A relação entre o vírus zika e a microcefalia também foi outro ponto abordado pela palestrante, Drª Regina Coeli Ferreira Ramos. Além de professora do curso de Medicina da Católica, ela é médica preceptora do Hospital Universitário Oswaldo Cruz no ambulatório de infectologia. Na abertura da solenidade e na apresentação da convidada, a coordenadora de Medicina, Profª Drª Erideise Gurgel, fez um alerta: “Precisamos estar preparados para uma realidade que não vai passar tão cedo e vamos ter que conviver com ela”.
Regina começou a explanação historiando a epidemia de zika em Pernambuco e os números de casos de microcefalia, malformação que impede o desenvolvimento do cérebro das crianças. De acordo com ela, 27 de outubro de 2015 é considerada a data oficial do início da epidemia. Regina apresentou dados que chamaram a atenção das autoridades de Saúde no começo do surto. Em 2011, o estado registrou cinco casos de microcefalia; em 2012, nove; em 2013, dez; em 2014, doze; e no ano passado o índice saltou para 20 casos até agosto daquele ano.”Houve um período de registrarmos 13 ocorrências em apenas uma semana”.
Ainda segundo a infectologista, a circulação do zika vírus no Brasil foi primeiro detectada na Bahia e teria vindo da Polinésia. “No começo, não estabelecemos ligação entre o zika e a microcefalia porque a Polinésia havia registrado casos da doença em grávidas que não tiveram bebês com a malformação. No entanto, depois verificou-se o aumento no número de abortos no ano de 2007, época da epidemia lá”.
Regina explicou também que em março de 2015 houve uma procura grande de gestantes nas emergências que apresentavam os sintomas, mas o quadro foi atribuído à dengue. “Mas na verdade já era o zika”. Na linha do tempo apresentada por Regina, outra data importante. No dia 5 de dezembro de 2015, a presidenta Dilma Rousseff reconheceu o protocolo de Pernambuco como referência e o Ministério da Saúde passou a adotá-lo.
A situação ainda é muito preocupante. Somente este ano, Pernambuco já notificou 4.849 casos do zika. Vale ressaltar que notificação significa a investigação desses casos e eles podem ser confirmados ou descartados. Já com relação à microcefalia, entre agosto de 2015 e 5 de março deste ano, foram notificados 1.722 casos, sendo 671 prováveis, 241 confirmados e 267 descartados. As meninas são as mais afetadas (62,6%).
O convívio com o zika, bem como sua prevenção são grandes desafios para pacientes e especialistas. “Não há sorologia para o zika. A notificação é baseada na análise dos sintomas. O maior risco para os bebês vai até o quarto mês de gestação, período de formação do encéfalo”, detalha Regina. Por outro lado, a médica fez questão de dar informações para acalmar gestantes e futuras mamães.
“A gestante que tem ou teve zika não necessariamente vai ter um filho com microcefalia. Há casos de mulheres que tiveram a doença e os bebês nasceram normais”. Para outras informações sobre microcefalia, a médica disponibilizou os contatos do Hospital Oswaldo Cruz: (81) 3184-1370. Email: microcefaliahuoc@gmail.com
Boatos – Regina Coeli também falou sobre boatos que estão alarmando a população. Por exemplo, a questão das vacinas. “Não há registro na literatura médica de que vacinas tenham desencadeado isso. O material usado é seguro”. Ela também explicou que o aleitamento materno não transmite o zika para a criança. Sobre repelentes, Regina não recomenda o uso desses produtos em grávidas como menos de seis meses de gestação. Em relação ao larvicida pyriproxitenm, que teria sido apontado por um estudo argentino como agravador da epidemia, a médica disse que Pernambuco não usa esse produto no combate ao mosquito transmissor.
As outras doenças – A professora do curso de Medicina da Católica também explicou as diferenças entre dengue, febre chikungunya e zika vírus, todas transmitidas pelo Aedes aegypti. Basicamente os sintomas são febre, dor de cabeça, exantemas (manchas avermelhadas no corpo) e dores o corpo. O que diferencia uma doença da outra é a intensidade. “Na dengue, as dores são mais musculares. Na chikungunya, as dores são nas articulações. No zika, às vezes, os sintomas nem aparecem”. Ainda segundo dados apresentados por Regina, Pernambuco teve 9.160 casos notificados de febre chikungunya em 151 municípios, sendo 226 confirmados e uma morte registrada.