Boletim Unicap

IHU participa da manifestação do Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua

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Fotos: Gustavo Glória

 

O Instituto Humanitas Unicap (IHU) apoiou e participou da manifestação do Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, realizada quarta-feira, dia 19 de agosto, às 14h30, na Praça do Diário, no bairro de Santo Antônio, no Recife. A data 19 de agosto foi escolhida em alusão ao Massacre da Sé, que aconteceu há 11 anos na cidade de São Paulo. Em 2004, 15 pessoas em situação de rua foram atacadas de forma violenta, enquanto dormiam, no centro de São Paulo. Sete delas morreram.

_MG_4609_A manifestação pacífica, organizada pela Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Olinda e Recife, busca chamar a atenção da sociedade civil para temas como a violência constante nas ruas e a falta de políticas públicas de trabalho, saúde, educação e assistência social.

 

_MG_4581_O coordenador da Pastoral de Rua e Pró-reitor Comunitário e coordenador do IHU, em exercício, Padre Marcos Mendes, conversou com a reportagem do Boletim Unicap e comentou sobre a frase de um cartaz feito pelos manifestantes, que norteou o movimento. “‘Queremos Habitação com dignidade!’ Essa frase funcionou como a pedra fundamental para demarcar o início da luta dos moradores de rua por cidadania na cidade do Recife. É importante frisar uma coisa: a questão dos moradores de rua aqui no Recife é algo que foge da compreensão da sociedade por inteira. A Igreja não tem a dimensão de quantas pessoas existem nas ruas, a prefeitura e o Governo do Estado, também, não têm. O último Censo de 2011, realizado com a população de rua, dizia que havia de 1.400 a 1.500 moradores de rua em Pernambuco, sendo que em torno de 900 estavam no centro do Recife. Estamos em 2015 e agora a gente vê que esses dados estão defasados. Nós percebemos que existe uma migração de moradores de rua que saíram do centro para outros bairros, como Encruzilhada, por exemplo. O motivo é porque o centro foi dominado por uma nova horda de moradores de rua, principalmente de pessoas que saíram do sistema prisional e não têm onde morar. Então, há um clima, muito grande, de insegurança e violência entre eles. Isso é um grande desafio para o trabalho cotidiano da Pastoral de Rua. Quando vamos trabalhar com a população de rua, nós lidamos com quem está sóbrio, mas também com quem cheira cola, quem está alcoolizado, quem fuma crack ou consome outro tipo de droga.”

Ainda na entrevista, Padre Marcos Mendes falou sobre a importância da participação da Unicap, por meio do IHU. “Na minha vida de Igreja, eu sempre estive ligado com Pastorais Sociais, sempre tive uma inclinação com as Pastorais Sociais. Mas, a minha vinda para a Universidade Católica, ela vem com esse desejo de que a universidade possa criar pontes com os movimentos sociais. Ao chegar aqui e ver o lema da Universidade Católica: ‘O Nosso Campus é a Cidade’, eu vejo, mais do que necessário, a inserção da universidade nesse processo, nessa discussão, nesse acompanhamento, nesse desafio que é trabalhar com a população em situação de rua. Eu acho que é inevitável, já que temos esse lema e a nossa cidade está cheia de pessoas que vivem em situações extremas, em situação de indigência, que ainda não conquistaram a cidadania e, do ponto de vista antropológico, ou sociológico, ou psicológico, nem conquistaram ainda a sua autoconfiança. São pessoas que nem conseguem se enxergar como gente.”

Padre Marcos prossegue dizendo que: “Então, o nosso trabalho como uma universidade que professa a fé cristã, uma universidade que acredita em valores humanistas, tem que estar inserida nesse processo. E, neste momento, o meu papel é participar junto com eles, mas também provocar a universidade para que ela possa se envolver e ajudar, com seu potencial, a discutir, a entrar em contato, quebrar os preconceitos  e ajudar a fazer com que essa população se empodere, para que ela mesma possa conquistar seus direitos. Não é uma tarefa de nós fazermos por ela, mas o nosso maior desafio é ajudar a empoderá-la para que possa, de maneira organizada, encontrar o caminho para conquistar a sua cidadania e o seu respeito dentro da sociedade”, explica.

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