Boletim Unicap

Curso de Gestão em Turismo da Católica promove palestra com empresários do setor

Gestão em Turismo

O curso de Gestão em Turismo da Universidade Católica de Pernambuco realizou na quarta-feira, dia 22, às 20h30, na sala 510 bloco A, o “Bate Papo em Turismo”, que teve como tema: “O profissional de turismo inserido nos transportes aéreo, rodoviário e marítimo”. A primeira edição do evento, que será semestral, foi promovida pela disciplina Agenciamento turístico e Transporte, lecionada pelo professor Sérgio Xavier.

Os palestrantes foram a ex-aluno da 1ª turma do curso de Gestão em Turismo, Ayla Azevedo Menezes, que falou sobre locadoras de automóveis; Danielle Marques, que abordou as oportunidades de se trabalhar em navios; André Braga e Michele Braga, que palestraram sobre o as vagas no mercado aéreo.

Gestão em Turismo

Após as boas-vindas do coordenador do encontro, professor Sérgio Xavier, foi passada a palavra para a primeira palestrante Danielle Marques, que falou do mercado de trabalho embarcado nos navios de cruzeiros que navegam pela costa brasileira. Ela trabalhou embarcada durante cinco anos. Quando se formou, não tinha muita ideia do que faria e viu um leque de possibilidades para trabalhar na área, quando surgiu a oportunidade de trabalhar em navio. Os contratos são de seis a oito meses.

Gestão em Turismo“Pra mim, na época, há 10 anos, era uma liberdade, sair da barra da saia da mãe e ir embora conhecer o mundo, agarrar a oportunidade de aprender línguas, conhecer países. Peguei minha mala e fui embora. Não foi fácil, porque não tinha agência de recrutamento aqui no Recife, era em São Paulo, então todo meu contato foi lá, entrevista, seleção e, depois de tudo, consegui entrar. Embarquei e passei os seis meses do contrato. Os primeiros dias foram difíceis, porque por mais que eu falasse inglês eu não consegui entender o sotaque dos filipinos, argentinos, croatas, espanhóis, etc. Chorei horrores, pensei em desistir milhares de vezes, mas o que pra mim valia a pena era conhecer pessoas, liberdade de ir e vir a hora que eu quisesse, aprender línguas, aprender funções, tive cargo de gerência a bordo, mas passei cinco anos trabalhando embarcada, cinco anos me dedicando a navios. Desembarquei, e não consegui trabalhar em hotel, porque pra mim foi um choque na época de quanto eu recebia a bordo, salário em dólar e comissões em euros, e chegar aqui para trabalhar em um hotel para ganhar um salário mínimo. Para eu me adaptar à realidade daqui foi difícil. Para se ter uma ideia, dependendo da companhia a que você for selecionado para trabalhar, poderá ganhar de 800 a 2.200 dólares fixos, fora as comissões”, falou a palestrante.

Em busca de outras possibilidades, Daniella Marques recebeu um convite da empresa que selecionava candidatos em São Paulo para abrir um escritório no Recife. Dessa forma, Daniella partiu para criar seu próprio negócio, a Seaman Náutica, que oferece treinamento obrigatório para tripulantes de navios de cruzeiros, habilitando os candidatos à uma vaga de trabalho a bordo.

Um detalhe importante ressaltado por Danielle é que por lei todo navio que quiser navegar pelo litoral brasileiro tem que ter 30% de seus tripulantes nativos. Caso o navio não cumpra a determinação e se houver uma fiscalização, ele terá que voltar para sua origem ou pagar uma multa alta. Cada navio que faz a nossa rota tem que possuir a cota dos tripulantes brasileiros e a média é um tripulante para cada dois passageiros, ou seja, navios com 1.000 passageiros têm que ter 500 tripulantes. Quanto mais navios, mais vagas para trabalho e essas vagas aparecem de novembro a março.

Gestão em TurismoEm seguida, foi a vez da ex-aluna da Católica Ayla Menezes, proprietária da Auto Rent locadora de veículos, que possui três funcionários e 29 carros de passeio. Ayla falou sobre os desafios que teve para empreender. “A experiência que eu tenho para mostrar a vocês é a de gestão. Eu fundei a locadora, montei tudo, comecei sozinha. Comprei os carros sozinha, levava para consertar, passava e-mail, construía site, ia ao Sebrae e fazia pesquisa. Antes disso, eu sequer tinha alugado um carro na vida. Com o capital que tinha, montei uma factoring, passei cinco anos nesse ramo, quando teve mudança de governo. Aí eu disse: o que é que eu faço para não perder todo o dinheiro. Vou fazer uma outra coisa. Então, um taxista amigo meu de infância trabalhava em um hotel e me disse que o pessoal aqui estava ganhando muito dinheiro com locação de veículos, principalmente o pessoal da recepção, isso há 13 anos. O recepcionista ligava para as empresas de locação e pedia um carro para os hóspedes e, com isso, ele levava uma comissão de 10% do valor do aluguel. Quando eu montei minha locadora, há 13 anos, comprei cinco carros à vista e passei a trabalhar com esse hotel. Eu que levava o carro, passava o cartão de crédito e depois ia entregar a comissão do recepcionista. Devagarinho, eu fui saindo das mãos dos recepcionistas de hotel, montei meu escritório, montei meu site e foi quando eu comecei a me dar bem. Naquela época nem a Localiza tinha site bem configurado na internet. Com a ajuda de um amigo, consegui ferramentas para me cadastrar no Google, e não se pagava nada também, de forma que na hora em que você pesquisasse aluguel de carro ou locadora de veículos a minha aparecia em cima, eu era a primeira que aparecia. Então, daí, pela internet, fiz muitos negócios e ganhei muito dinheiro. Vinha gente da Austrália, São Paulo, Estados Unidos, Alemanha e assim fui me livrando de recepcionista.” Com todo esse dinamismo empresarial, Ayla contou uma situação que vivenciou. “Certa vez,  fui receber um cliente de madrugada no aeroporto para entregar o carro e, na devolução do veículo, também de madrugada, no aeroporto, ele disse: uma curiosidade Dona Ayla, a Auto Rent é só a senhora é? A senhora responde o e-mail, a senhora trouxe o carro, a senhora veio buscar o carro e toda vez que eu ligo é a senhora que atende, durante o período de locação. Tem mais alguém na Auto Rent? Eu disse: tem sim, tem é muita gente lá. É que eu comecei atendendo ao senhor, então eu vou até o fim”, comentou sorrindo.

A palestrante finalizou dizendo que o bom de trabalhar com locação “é quando você é o gestor e o funcionário chega a ganhar R$ 1.000 por mês, quando tem horas extras, ganha um pouco mais. Mais a faixa salarial é essa”, afirma Ayla Menezes.

Na última palestra da noite, o casal André e Michele Braga, sócios proprietários da Escola de Aviação Civil Winglet. André Braga é formado em Turismo pela UFPE, professor da área, militar controlador de voo e músico. Michele Braga foi comissária de bordo da Gol Linhas Aéreas.

Gestão em TurismoAndré Braga começou falando do início profissional, no final da universidade. “Vocês puderam observar que os demais palestrantes são empreendedores da área do turismo. Emprego no turismo tem muito, não falta nunca, mas eles estão geralmente no operacional, quando muito na gerência. Para ser garçom, metre, arrumadeira, camareira tem um monte de emprego. Agora, para trabalhar com planejamento, gestão de projeto, aí é difícil. Porque essas atividades estão no setor público. Você tem emprego na área gerencial, quando você tem experiência na área operacional e um certo discernimento e começa a se relacionar bem com as pessoas e os supervisores começam a enxergar em você um gerente em potencial.”

Com base no que o palestrante via do mercado, à época formando na Universidade, um colega do curso e do trabalho de controlador de voos sugeriu que eles montassem uma empresa na área de turismo, utilizando a expertise como controlador de voo. “Aí meu amigo disse: vamos montar um curso de piloto. Eu falei: piloto não, nós já trabalhamos num quartel, só tem homem. Vamos abrir um curso de aeromoça que pelo menos tem mulher? Então a brincadeira foi o pontapé inicial. No dia seguinte, na sala de aula, ele me diz: fiz uma pesquisa e já estou com os documentos necessários. A partir daí, a gente foi pesquisar e conhecer o que era uma escola de formação de aeronautas, pilotos e comissários, até porque a gente já conhecia a atividade, estávamos na área como controladores de voo. Daí, a gente transformou a Universidade Federal de Pernambuco numa escola de aviação civil. Nós habilitamos um curso de comissários de voos na UFPE, no núcleo de hotelaria e turismo e esse foi o meu estágio.”

A partir dessa experiência adquirida na Universidade, André e o sócio decidiram empreender e montaram sua escola de formação de aeronautas, há 12 anos. “Emprego tem, mas se você quiser ganhar dinheiro com turismo, você tem que empreender. Há 10 anos, resolvi abrir minha própria escola, a Winglet – Escola de Aviação Civil, com minha esposa como sócia. Nós formamos pilotos e comissários”, explica Braga.

Gestão em TurismoPara falar da formação de comissários, André passou a palavra para sua sócia e esposa, Michele Braga. “Entrei em 2007 na Gol Linhas Aéreas após fazer o curso de comissário. Como funciona esse curso? É obrigatório. Se você resolver ser comissário, você terá que procurar uma escola homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil – Anac. No Recife,  temos três escolas autorizadas. O curso teórico e prático tem de 4 a 5 meses de duração; custa aproximadamente R$ 2.500; e  não tem estágio. O aluno formado estará preparado para uma prova da Anac. Agenda a prova, paga a taxa de R$ 250. Passou! Você é uma pessoa que tem o curso de comissário, você é um aeronauta, que trabalha em voo, mas precisa do CHT, que é a habilitação técnica, uma carteira que você recebe de acordo com o avião que você vai voar e só quem te fornece essa carteira é a companhia aérea. Então eu só recebi minha carteira quando eu entrei na Gol. Você tem uma carreira que pode durar 25 anos  com um salário médio de R$ 4.000, pode ser um pouco menos e pode ser bem mais dependendo da rota que você fizer, se for internacional por exemplo. Você passa até 6 dias fora de sua base, que no caso da Gol é São Paulo. Não tem feriado, dia santo, Natal com a família, final de semana, não tem nada. Eu parei depois que eu engravidei e tive meu filho. Com meu instinto materno, vi que não ia conseguir deixar meu filho aqui no Recife e passar seis dias fora. Foi aé quando eu larguei o trabalho. É legal, é bacana. A parte ruim é a vida social. Essa seria a única coisa ruim da profissão”, finaliza Michele Braga.

Gestão em TurismoA coordenadora do curso de Gestão em Turismo da Católica, Rosilei Montenegro Vieira, agradeceu a presença de todos e falou da importância do evento para a formação dos alunos. “É uma oportunidade que a gente tem de apresentar para eles a realidade do mercado. Na Universidade, a gente passa toda a teoria e aí quando vêm esses profissionais que já estão há um bom tempo no mercado é uma forma, não só, de encantar e eles ficam supermotivados, como também apresentar a realidade do mercado. Eu acho que isso é muito rico por causa dessa oportunidade que a gente dá para os alunos”, conclui professora Rosilei.

Serviço:

Seaman Náutica – www.seaman.com.br – (81) 3074-9324

Auto Rent – www.autorent.tur.br – (81) 3325-1600

Winglet Escola de Aviação Civil – www.escolawinglet.com.br – (81) 3125-2005

print
Compartilhe:

Deixe um comentário