Boletim Unicap

Beatriz Castro e Francisco José debatem o trabalho infantil no encerramento da 10ª Siucs

Por Taisa Tavares – Especial para o Boletim Unicap

 

Ana Veloso, Beatriz Castro, Francisco José

A jornalista Amiga da Criança e repórter da TV Globo, Beatriz Castro, foi a palestrante do evento de encerramento da 10ª Semana de Integração Universidade Católica e Sociedade, na noite desta quinta-feira (25), no auditório G1. Além dela, o evento também contou com a participação especial do jornalista Francisco José, que estava na plateia para assistir à apresentação da esposa e foi convidado de surpresa para compor a mesa juntamente com a professora do curso de Jornalismo Ana Veloso e com a coordenadora da ONG Childhood Brasil, Gorete Vasconcelos.

O debate foi promivido pela Unicap em parceria com a ONG de origem sueca e a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). A abertura da solenidade ficou a cargo do Reitor, Padre Pedro Rubens. Ele falou sobre o desafio do Brasil em promover a Copa de 2014 sem dar margens a antigos estereótipos de destino de turismo sexual. “Além do cimento da Arena, é preciso arrumar a casa avançando nessas questões”.

O tema da discussão girou em torno do trabalho e exploração sexual infanto juvenil em grandes eventos esportivos.  Ao longo do debate, que reuniu mais de 200 estudantes, professores, jornalistas e funcionários da Universidade, Beatriz Castro exibiu reportagens marcantes e de repercussão nacional. Uma delas mostrou a difícil realidade das crianças que trabalham nos canaviais entre Alagoas e Pernambuco. “Para complementar o salário, os pais levavam os filhos e isso era visto como uma situação normal”, disse ela apresentando dados do IBGE de 2010 que revelam que 3,7 milhões de crianças e adolescentes ainda trabalham no Brasil.

O trabalho infantil também foi tema de uma outra reportagem no Sertão do Estado. As imagens mostravam uma criança de quatro anos, ainda usando chupeta, que havia cortado o dedo descascando mandioca numa casa de farinha e nem assim parou de trabalhar. “Lá havia também uma mãe que colocou o bebê num balaio para poder trabalhar. O jornalista precisa estar atento, ter faro para denunciar. Os olhos e os ouvidos da sociedade são a imprensa. É preciso falar por quem não tem voz”.

Chico falou da experiência de quem já havia participado da cobertura de seis Copas do Mundo. “Vamos ter problemas com violência, tomara que em menor escala. A polícia vai precisar agir”, disse ele relembrando episódios do mundial do México em 1970. “Lembro bem dos hooligans bebendo o dia todo e promovendo arruaça nas ruas”. Outras histórias engraçadas vieram à tona. Na Copa da Argentina, em 1978, a Polônia, que estava no grupo dos anfitriões, fechou os treinos à imprensa. “Todo mundo queria saber como eles estavam se preparando, mas nem a imprensa polonesa teve acesso. Subornei o porteiro, taquei cola na cabine para despistar os cachorros do exército e filmamos tudo. Os jogadores trocaram de roupa no meio do gramado achando que tinham privacidade. As nossas imagens rodaram o mundo”.

Outro episódio narrado por Chico foi na Copa da Espanha em 1982. “Eu tinha que fazer matérias atrativas do grupo formado por França, Kwait e Costa Rica. Mas como? Concorrendo com as sedes dos anfitriões e da seleção brasileira”. O técnico do Kwait era Carlos Alberto Parreira preocupado em como enfrentar os franceses no dia seguinte com os jogadores no meio do Ramadã, período em que os muçulmanos não comem nem bebem. “Fiz uma matéria do goleiro entoando músicas religiosas. No outro dia fiz uma matéria com a tristeza deles em não ter o mascote por perto. Foi quando o sheick mandou buscar o dromedário e botou o bicho na concentração”, contou ele despertando risos no público.

 

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