200 anos da Revolução Pernambucana de 1817 é tema de palestra no CTCH
|Neste dia 6 de março, Pernambuco comemorou 200 anos da deflagração da Revolução Pernambucana, uma revolta que foi influenciada pelos ideais iluministas da França e da América do Norte contra o Governo Português, naquele momento instalado na capital Rio de Janeiro.
A Católica não poderia ficar de fora dessas comemorações e, dessa forma, promoveu palestra sobre os 200 anos da Revolução Pernambucana de 1817 para marcar a data e a abertura do ano letivo do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH).
O diretor do CTCH, Degislando Nóbrega, fez a apresentação dos coordenadores e deu as boas-vindas para os novos alunos dos cursos de Letras, Filosofia, Pedagogia, História e Teologia.
[Contextualização]
Mesmo a capitania hereditária de Pernambuco sendo, no começo do século XIX, umas das mais prósperas economias do Brasil, centro produtor e exportador do algodão e do açúcar, a capital do reino português foi transferida para o Rio de Janeiro, numa fuga ocasionada pelas guerras napoleônicas. Para financiar os elevados gastos da Coroa Portuguesa, passou-se a cobrar altíssimos impostos que atingiam a economia de Pernambuco. Isso fortaleceu o ambiente, político, econômico e intelectual que nascia no Recife e em Olinda, favorável à descolonização. D.João VI enviou cerca de 8 mil homens e uma frota naval para bloquear o Porto do Recife, conseguindo esmagar o movimento republicano no dia 19 de maio. Antes disso, Pernambuco conseguiu resistir por mais de dois meses à ofensiva.
O coordenador do curso de História, Flávio Cabral, foi o responsável, juntamente com o coordenador do Mestrado em História, Tiago César, pela palestra da noite. “Vamos abordar um tema mais focado nas ideias e na questão de como a propaganda foi divulgada e seus projetos. Também vamos falar das ideias de articulações com o exterior, principalmente com os Estados Unidos da América”, explicou o professor Flávio.
A palestra também é fruto de uma pesquisa que resultou na proposta de um livro. “Há 4 anos eu venho desenvolvendo no Pibic uma página da revolução. No Pibic nós focamos a missão de Cabugá nos EUA. Estamos perto de escrever e pensamos que o livro já iria ficar pronto agora, mas pretendemos estender mais um pouquinho. Justamente por ser um trabalho inédito, vamos abordá-lo na palestra. O foco dele é a missão internacional. A historiografia tratou de uma maneira rudimentar e não entendeu a missão de Cabugá, dizendo que foi infrutífera. E no livro a gente nega justamente isso. Temos provas dele conversando com a Secretaria de Estado Americano e dele assinando documentos bilaterais importantes para os dois países, ou seja, foi uma missão extraordinária. Claramente a primeira missão diplomática brasileira”, enfatizou.
Tiago César, também autor do livro, destacou o que a abordagem deles, tanto no livro, quanto na palestra, traz de novo para a história da revolução. “O que estamos trazendo de novo do ponto de vista político é toda essa pesquisa que Flávio vem desenvolvendo nos últimos anos na parte diplomática.
Ele tem trabalhado muito nos textos políticos, correspondências, ofícios que foram publicados, inclusive em outras línguas e, agora, está recuperando esse material e fazendo uma análise de uma perspectiva nova. Da minha parte, eu abordo a questão da repressão que esses revolucionários sofreram a partir do censo do governo republicano em 19 de maio de 1817. Até agora, vemos que são dois momentos diferentes. Um deles é o período da desforra, onde os realistas assumem novamente o Recife. É um período delicado, onde se trocam tiros, o Padre João Ribeiro é desenterrado. Depois vem um período intermediário, que é de aprisionamento massivo dos revolucionários e simpatizantes. A última etapa desse processo repressivo é durante o governo do Rêgo Barros, o governador que vai executar penas exemplares, inflamantes e extremamente sanguinolentas. Dessas penas exemplares, nós vamos passar pra um desdobramento de manutenção da ordem. Essa parte das penas, da repressão é algo interessante que também estamos trazendo em parceria.” O livro ainda está na fase de elaboração, mas tem previsão de ser acabado ainda este mês.
A ideia do CTCH é de realizar esse tipo de encontro com frequência, trazendo mensalmente um palestrante para falar sobre os temas variados dentro da História. Em 2016, por exemplo, a abolição da escravidão e pós-abolição foi tema do colóquio.