A COMISSÃO PASTORAL DA TERRA EM PERNAMBUCO: TENSÕES E DESCONTINUIDADES (1988-1998)
DOI :
https://doi.org/10.25247/paralellus.2020.v11n28.p415-427Mots-clés :
Comissão Pastoral da Terra, Rupturas, Luta pela terraRésumé
Analiso a atuação da Comissão Pastoral da Terra-CPT na Zona Canavieira de Pernambuco como uma experiência fortemente permeada por confrontos e rupturas, tanto no meio eclesial quanto na esfera social e política. Sua trajetória era, de fato, constantemente marcada pela crise, pela dissensão e pelo conflito, embora perdurasse seu vínculo com a igreja e carregasse em seus métodos influências de movimentos católicos anteriores. Sendo assim, com base, sobretudo, em matérias de jornais locais, entrevistas e documentos produzidos por ela, discuto alguns momentos, ao longo dos 10 anos que se seguiram a sua criação, em que estas questões estavam presentes e a maneira como influenciavam suas ações e concepções. Considero que sua história na região não pode ser compreendida sem essas experiências que formavam a sua prática e faziam dela um ator social engajado na luta por terra. Tivesse à época a CPT e aqueles que a compunham uma trajetória menos marcada pela discordância, teria ela, ainda hoje, a mesma autonomia e disposição aos embates no campo? Nem organização subordinada à igreja, tampouco movimento social, tratava-se fundamentalmente de um ator político que construía seu espaço no cenário local, alcançando poder de ação, relevância e visibilidade. Para subsidiar meu argumento central, dialogo com o conceito de campo de Bourdieu e com algumas reflexões da História Política.##plugins.themes.default.displayStats.downloads##
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