“TUDO QUANTO VOSSAS SENHORIAS PRETENDEM CONQUISTAR COM FOLHAS DE PAPEL, LHES HAVEMOS DE DEFENDER COM AS DAS ESPADAS”
UMA BREVE ANÁLISE E LEVANTAMENTO DAS “CARTAS TUPI”
DOI:
https://doi.org/10.25247/hu.2024.v11n21.p242-265Palavras-chave:
Indígenas Potiguara, cartas tupi, Brasil holandês, Escrita IndígenaResumo
Entre os anos de 1630 e 1654, a Companhia neerlandesa das Índias Ocidentais (Westindische Compagnie, WIC) ocupou as Capitanias do Norte do Brasil. Esse contexto intensificou a cisão entre os povos indígenas, especialmente entre os Potiguara. Após a eclosão da revolta portuguesa, em 1645, os governos luso e neerlandês contaram, de forma mais intensa, com as habilidades diplomáticas de lideranças Potiguara como Felipe Camarão, Pedro Poti e Antônio Paraupaba. Foi nesse período conflituoso que esses sujeitos demonstraram uma impressionante habilidade de adotar discursos diferentes, aproveitando-se de práticas culturais não-indígenas, a exemplo da escrita, para fins específicos condizentes com seus planos políticos. Ao explorarmos a troca de cartas dessas lideranças, conseguimos ter uma ideia mais profunda sobre a dimensão da atuação e do lugar que os povos indígenas ocupavam no Brasil seiscentista.
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