“Doutrina de segurança nacional, dispositivos de inteligência e práticas repressivas dos agentes punitivos na Argentina do terrorismo de Estado, 1976 a 1983.”

Resumo

Nestas duas últimas décadas do século XXI, os estudos sobre as vítimas da última ditadura argentina cresceram para ocupar um lugar central tanto no campo das ciências sociais e políticas quanto nas práticas terapêuticas, simbólicas e de memória. No entanto, e sem que a vítima tenha abandonado a sua relevância enquanto eixo temático, tem vindo a aumentar o interesse pela análise dos perpetradores. Nesse sentido, durante a década de 1970, as formas de inteligência militar adotaram modelos repressivos cada vez mais sofisticados, centrados na doutrina da segurança nacional e na formação de novos ramos do aparelho repressivo: centros de extermínio e grupos de tarefas. Assim, a doutrina de segurança, os centros de extermínio e as forças-tarefa se tornarão o centro nodal estratégico do terrorismo de Estado na Argentina. No entanto, os argumentos doutrinários não eram um procedimento claro em relação às práticas repressivas. Houve um conjunto de descontinuidades, de obliquidades, em que rituais e linguagens se manifestam em práticas fora do prescrito. O modelo repressivo está ancorado na doutrina da segurança, mas tem componentes costumeiros que são inerentes e históricos.