O JORNAL PEQUENO A SERVIÇO DA DIVULGAÇÃO DAS IDEIAS DE EUGENIA: O CASO DO FILME “O PRETO QUE TINHA ALMA BRANCA” (1930)

Resumo

 O Jornal Pequeno, um periódico vespertino que circulou na cidade do Recife a partir do ano de 1899 até 1955, se constituiu enquanto elemento de formação de opiniões e atuou como “agente do progresso”. Ao mesmo tempo em que divulgava em suas edições os ideais modernistas, de progresso, de civilidade e dos bons costumes, o jornal os tinha como prioridades em suas páginas, uma vez que a população deveria se mostrar como verdadeiros civilizados, possuindo referências aos costumes parisienses. Nesse sentido, destacavam sempre os atrasos da população, assim como na cidade do Recife, publicou com frequência denúncias e perseguições às “jogatinas”, aos pretos e pobres, mulheres e, sobretudo, as culturas de matriz africana, sua principal vítima. Isto posto, em suas últimas páginas das edições, dedicadava-se às mais variadas divulgações, destacando-se na década de 1930, na sessão de Teatros e Cinemas, a tão esperada exibição do filme “O preto que tinha alma branca”, em que nas suas três versões - de 1927, 1934 e 1951, se retrata, além do blackface, o branco como indefeso e os negros esterioripados em rituais um tanto quanto macabros. Assim, fica claro, a partir desse exemplo e de outros, a contribuição do Jornal Pequeno na mentalidade racista e eugenista da época que circulou no Recife, a partir do que publicava.