Fides Qua e Fides Quae no tornar-se cristão de Kierkegaard
DOI:
https://doi.org/10.25247/P1982-999X.2023.v23n1.p43-61Palavras-chave:
Fé, Cristianismo, Objetividade, Subjetividade, KierkegaardResumo
O processo existencial inerente ao tornar-se cristão supõe uma escalada composta por rupturas, saltos qualitativos e escolhas que refletem diretamente o estádio existencial no qual o indivíduo se encontra. Se a evolução no interior do cristianismo é possível, é porque ela exige a ação consciente provocada pela decisão que marca a transição entre esferas qualitativas. Tanto a dimensão estética quanto a dimensão ética do cristianismo se mostraram insuficientes para conduzir o Homem ao renascimento inerente ao tornar-se cristão. Apenas o estádio religioso encontra a fé e apenas essa media o devir cristão e a construção edificante do eu; logo, se faz necessário compreender a função da fé nesse processo e de qual fé se trata. É preciso estabelecer a relação entre fides quae e fides qua, entre o objeto da fé e a atitude da fé. De acordo com a tradição teológica, fides qua indica o ato subjetivo do crer, a fé em sua forma pura, enquanto a fides quae indica o objeto da crença que no cristianismo é identificado com o conteúdo da revelação. A conversão do tornar-se cristão se efetivaria mediante a crença no Cristo em consonância com a relação que a subjetividade mantém para com a transcendência divina. Entender a correlação entre fides qua e fides quae na filosofia kierkegaardiana é compreender do que se trata o cristianismo idealizado pelo autor danês e perceber a relação entre subjetividade e objetividade na tarefa do tornar-se cristão.
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