Está disponível uma ferramenta que realiza checagem automática de links, a primeira desenvolvida no Nordeste. O Confere.ai utiliza técnicas de inteligência artificial para determinar se uma notícia tem características de uma desinformação. Para utilizá-lo, basta acessar o endereço ​ confere.ai e colar o link a ser checado. A ferramenta responde com o nível de desinformação da notícia, que pode ir de mínimo – selo para links com poucos indícios de serem enganosos – a crítico, para notícias com muitas características de desinformações.

O projeto foi desenvolvido pela startup pernambucana Verific.ai e pesquisadores da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) junto ao Sistema Jornal do Commércio de Comunicação (SJCC), após ser selecionado pelo ​ Desafio de Inovação da Google News Initiative para a América Latina​ . Apenas um projeto 100% do Nordeste foi contemplado pelo desafio dentre os 30 escolhidos em toda a América Latina.

“A diretoria do Sistema Jornal do Commercio conheceu o protótipo por meio de alguns professores da Unicap. Desde aquele momento, percebi que havia ali um instrumento poderoso no combate à desinformação. Por isso apresentamos a ideia no desafio que o Google promoveu. Vê-lo agora me dá a certeza de que foi uma aposta mais do que acertada”, conta a diretora de Estratégias Digitais do SJCC, Maria Luiza Borges.

Processo de desenvolvimento
O Confere.AI une conhecimentos jornalísticos à ciência da computação. “Foi construída uma base de dados composta por diversas notícias mineradas na internet, bem como classificadas por outros serviços de checagem e iniciativas de pesquisa. Aplicamos modelos computacionais baseados em uma aprendizagem previamente indicada”, conta o doutor em
biotecnologia, consultor de desenvolvimento do Confere.ai e professor da Unicap, Anthony Lins.

Em meio a novas eleições municipais e uma pandemia de Covid-19, a plataforma funciona como um filtro, que pode ser usado antes do compartilhamento de informações. “Há várias ondas de desinformação em curso. Elas estão se mostrando danosas para a qualidade do debate público. Estamos dando à sociedade mais instrumentos para evitar que isso aconteça”, relata a coordenadora editorial do projeto e idealizadora do protótipo no mestrado em Indústrias Criativas da Unicap, Alice de Souza.

Para determinar o nível de padrões de desinformação nos links checados, os desenvolvedores criaram um medidor. Foi produzida uma escala com níveis diferentes de classificação, baseada em quatro parâmetros, como descreve o doutor em Design da Informação, professor da Unicap e consultor editorial do projeto, Dario Brito. “Levantamos desde o mestrado e seguimos trabalhando com mais afinco agora em diversos critérios textuais que ajudam a máquina a distinguir uma informação de uma desinformação. Nos últimos meses, a equipe estudou os perfis textuais de milhares de matérias, das mais diferentes procedências, a fim de extrair esses padrões. Além disso, analisamos a fonte e os parâmetros jornalísticos cumpridos ou não”, explica Brito.

Durante os meses de julho e agosto, a primeira versão da ferramenta passou por uma fase de teste, em que usuários adicionaram links e avaliaram questões estéticas e de usabilidade. “Nos testes encontramos alguns pontos que corrigimos, como nosso campo de busca, cores, disposição dos elementos na tela e outros. Esses pontos de aprimoramento permitiram que a versão beta tenha ainda mais a cara dos nossos usuários”, conta o líder técnico do projeto, ex-aluno da Unicap e mestrando na Universidade de Pernambuco (UPE), Matheus Marinho.

A versão beta, lançada na quinta-feira (24), também está passível de ajustes e atualizações. Atualmente a ferramenta conta com uma precisão de 95% para links de notícias. Segundo os desenvolvedores, o desafio agora é calibrar a inteligência artificial, para aumentar o nível de precisão dela e, assim, ser cada vez mais útil para a população e também para os
profissionais de comunicação. O próximo passo é lançar a versão que também avalia textos, o que acontecerá em outubro.

É importante lembrar que o Confere.ai não determina se o link é ou não falso, mas sim se há características de desinformação presentes na notícia. Ao final da consulta, recomenda-se que o usuário complemente a verificação com outras fontes, como sites de checagens e portais de notícias.

Braço educacional
Além da ferramenta, o projeto tem uma frente de produção de conteúdos educacionais sobre o universo da desinformação. “A tecnologia é uma aliada para criamos uma cultura de checagem. Mas a desinformação é um problema complexo, então precisamos unir esforços em várias frentes e uma das principais é a educação: mostrar às pessoas como se proteger
nas redes, como lidar com o consumo de notícias e quais as repercussões desse processo na vida delas. Só assim podemos criar uma cultura de verificação sólida”, explica Alice de Souza.

O Confere.ai se insere em um momento onde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), circula uma ​ pandemia de desinformação​ . ​ De acordo com a Rede Internacional de Fact-checking (IFCN), a desinformação sobre a covid-19 ocorre em ondas. O fenômeno também foi estudado ​ pela Unesco​ , agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

Entre as principais ondas, conteúdos fraudulentos, com falsas estatísticas e descredibilizando a mídia, alastraram-se. Para ajudar os usuários a tomar decisões conscientes diante desse universo de desinformação, a equipe do Confere.ai compartilha
dicas de como identificar notícias falsas, projetos interessantes e notícias no ​ Instagram​ ,Twitter e ​ Facebook do projeto, além das redes sociais do SJCC. Os conteúdos transitam pelas editorias do JC e contextualizam fenômenos tecnológicos contemporâneos, a exemplo do ​ roubo de dados​ , e sociais, como as ​ consequências da desinformação​.

Confere.ai
Link para a ferramenta: ​ https://confereai.ne10.uol.com.br/
Contato: ​ contato@confere.ai​ .
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