A contaminação de pessoas com o novo coronavírus vem tomando proporções alarmantes, e apesar do Brasil ser notificado antes que o vírus chegasse ao país, o Estado não capacitou e equipou previamente seus profissionais de saúde. Essas carências tornam a experiência um desafio ainda maior, os trabalhistas não são preparados para escolher quem vai viver ou morrer e como notificar as famílias.
Os hospitais de campanha são construídos para promover o isolamento de paciente com covid-19 e, assim, evitar a saturação do sistema público de saúde. Para a efetivação desse projeto é necessário habilitar e equipar os profissionais, auxiliar para que eles saibam lidar com o sofrimento e angústias, que apesar de já conviverem com esses sentimentos antes da pandemia, agora eles são cada vez mais recorrentes.
Com isso o hospital provisório situado na Policlínica e Maternidade Barros Lima, Zona Norte do Recife, introduziu psicólogos e assistentes sociais para contribuírem com um atendimento mais humanizado e assim melhor mediar a comunicação entre médicos e enfermeiros para com os pacientes infectados e suas famílias. Um desses profissionais é Gisléa Ferreira, que apesar de sua carreira focar em pesquisa sobre saúde mental, ela foi destinada a trabalhar no hospital de campanha, e entende a cada morte, a importância do seu papel.
Em entrevista concedida a Marco Zero Conteúdo, Gisléa afirma: “A psicologia pode contribuir tanto para humanizar o ato de informar um óbito quanto para que as famílias possam encontrar uma forma de viver o luto num contexto em que sequer podem se despedir da pessoa amada. Numa pandemia, o impacto na saúde mental da população é ainda maior e mais numeroso do que o da própria doença”.
📸: Turbi
📝: Mayara Moreira