Agravamento da pandemia incentiva o uso de máscaras com maior potencial de proteção

No início da pandemia, quando o coronavírus ainda era novidade, álcool em gel e mãos lavadas com frequência se tornaram hábitos indispensáveis na vida dos cidadãos que pretendiam se prevenir contra a doença. As máscaras de pano apareceram logo em seguida com o propósito de proteger o usuário em nível de contato direto, quando gotículas de saliva, possivelmente infectadas, liberadas pela tosse ou fala pudessem ser inaladas. 

Feitas à mão, as máscaras caseiras de pano supriram a necessidade de um mercado pego de surpresa, que não conseguia atender, naquele momento, a demanda dos profissionais de saúde e da população geral por máscaras e respiradores hospitalares com filtros e vedação de maior qualidade. Outro fator importante na decisão do uso das máscaras de pano, trata-se de que até julho de 2020, a OMS ainda não havia declarado a possibilidade de transmissão do vírus por meio de aerossóis, que são partículas muito menores que as gotículas de saliva e por isso, também são muito mais leves e possuem a capacidade de pairar no ar por um maior tempo, diferente das gotículas que logo caem no chão ou atingem outras superfícies.

Para a especialistas da OMS, a possível transmissão aérea “é vista especialmente em condições muito específicas, como lugares com muitas pessoas e pouca ventilação”. São nesses lugares que a máscara de pano pode deixar a desejar. Foi com isso em mente que iniciou-se na internet, principalmente na rede social Twitter, um movimento em prol do uso de máscaras, que oferecem uma melhor capacidade de proteção em locais fechados ou muito aglomerados. 

Foi nesse contexto que os respiradores do tipo PFF2 se popularizaram, eles são geralmente utilizados na área médica ou na construção civil, por oferecer uma vedação de qualidade e filtros que protegem o usuário de partículas extremamente finas, incluindo os aerossóis infectados com vírus e bactérias. Os respiradores são descartáveis, mas com a alta demanda na pandemia, podem ser reutilizados, eles também variam no preço, alguns modelos, mais confortáveis e sofisticados podem chegar a custar até R $14,00 outros mais simples ficam na faixa dos R $1,80 e R $3,40.

Os perfis do Twitter Estoque PFF2 – máscaras melhores para TODOS! (@estoque_pff) e Qual Máscara (@qualmascara) estão desde dezembro reunindo informações de como melhor usar os respiradores do tipo PFF2 e onde eles podem ser encontrados. Segundo as páginas indicam, a reutilização pode ser feita com um esquema de rodízio entre respiradores, para que enquanto um esteja sendo utilizado os demais descansem em local arejado dentre três a cinco dias. 

Embora ambos os projetos não tenham apoio do governo ou da OMS,  cientistas e estudos apontam que esses tipos de máscaras promovem uma proteção maior e devem ser usadas em situações que oferecem alto risco de contaminação. A chegada da variante brasileira, que se mostrou dez vezes mais contagiosa, e a estagnação da vacinação no país oferecem um cenário em que vale investir na proteção reforçada. 

Países como França, Áustria e Alemanha já proibiram o uso de máscaras caseiras, exigindo o uso das cirúrgicas, FFP2 (modelo semelhante à PFF2 brasileira e à N95), argumentando que modelos caseiros não oferecem proteção necessária contra as novas variantes. No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) continua indicando o uso de máscaras de tecido, limpas e secas para a população geral, enquanto as cirúrgicas, N95 e PFF2 devem ser usadas apenas para os profissionais da área de saúde.

 

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