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Último dia da Semea tem palestras sobre história dos povos indígenas e agricultura familiar

img_2586O último dia da programação da 1ª Semana de Estudos Amazônicos (Semea) teve duas atividades que abordaram a história e a atualidade dos povos indígenas da Amazônia e o caso de sucesso do Projeto Bem-viver de incentivo à agricultura familiar entre comunidades ribeirinhas na região do Alto Solimões.

O agrônomo  Maurício Veloso liderou a roda de conversa sobre o projeto de agricultura familiar fomentado pelo Instituto Sindical de Cooperação para o Desenvolvimento (Iscos – Itália). A iniciativa foi implantada em 22 comunidades ribeirinhas e indígenas na Zona Rural do município de Benjamin Constant, na tríplice fronteira entre o Brasil, Colômbia e Peru. Maurício explicou que entre os objetivos do projeto estavam a redução da pobreza e a promoção de uma sociedade inclusiva.

O projeto foi desenvolvido numa área de 72 hectares e alguns locais eram de várzea. “A gente prepara o solo antes de a água subir. Quando o nível da água sobe e desce, o solo está pronto para o plantio da semente. O projeto não interferiu no nosso conhecimento, só trouxe mais conhecimento para gente”, disse o agricultor Juarez Assis que também participou da conversa. “O projeto foi pensado em toda a cadeia, desde a produção até a comercialização. Tivemos 90% dos resultados esperados alcançados”, analisou Maurício.

img_2597Logo depois da roda de diálogo na sala 102 do bloco G, o público teve a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a história e atualidade dos povos indígenas no auditório G1. O palestrante foi o Prof. Dr. Edwin Reesink, da Universidade Federal de Pernambuco. Durante sua explanação, ele desconstruiu ideias que formam o senso comum em relação aos indígenas.

“A primeira coisa é evitar o termo tribo, uma ideia evolucionista que remete ao primitivismo. Outro estigma que precisa ser desmistificado é o conceito de índio, algo criado pelos colonizadores para conceituar todos os que eram nativos. Na verdade, eles eram e são povos completamente diferentes entre si”.

Outro ponto do senso comum combatido por Edwin diz respeito à noção da história dos indígenas, “que não começou em 1500 com a ocupação do território do que hoje conhecemos como Brasil. Escritos arqueológicos descobertos recentemente revelam que a Amazônia já foi habitada há milhares de anos por povos e sociedades imensas que acumularam conhecimento”.

Ainda seguindo esse raciocínio, Edwin destacou também que a Floresta Amazônica se formou em parte devido à intervenção humana. “Tenham a certeza de que onde há presença humana, há intervenção no meio-ambiente. Essa complexidade da Amazônia pré-colonizada é muito maior que o conhecido”.

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