Boletim Unicap

Último dia da 11ª Semana da Mulher debate sobre “Negras e indígenas no mercado de trabalho”

Na sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, o último dia da 11ª Semana da Mulher na Unicap começou com debate sobre “Mulheres negras e indígenas no mercado de trabalho”. O evento, que contou com a presença do Pró-reitor Comunitário, Padre Lúcio Flávio Cirne, aconteceu na sala 102 do bloco G e de uma maneira diferente, em forma de uma roda de diálogo. A ProfªDrª Valdenice José Raimundo explicou o por que de fazer diferente naquele dia: “Eu preferi que fosse feito uma roda de diálogo para que ficássemos (palestrantes) mais próximas daqueles que vieram prestigiar esta homenagem, e será um meio mais fácil de disseminar os conhecimentos uns com os outros”.

Para discutir mais e abordar melhor o tema, foram convidadas a Profª.Drª Milena Prado, economista e técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos); Girlana Diniz, assistente social do Observatório Negro; Ivanira Truká, articuladora educacional das Escolas Indígenas; e a Profª Drª Valdenice José Raimundo, doutora em Serviço Social pela UFPE e coordenadora do Projeto Vidas Inteligentes sem Drogas e Álcool.

A primeira a conversar sobre a inserção das mulheres negras e indígenas no mercado de trabalho foi a Prof.Dra Valdenice, que parabenizou a Universidade pela iniciativa de criar uma semana em homenagem à mulher. “Estou muito feliz de trabalhar aqui, principalmente pelo fato de a Universidade ofertar essa oportunidade de se debater sobre todos estes assuntos relevantes para sociedade e para as mulheres”. Logo em seguida, a assistente social Girlana Diniz mostrou sua visão e relembrou o dia em que se formou na Universidade Católica de Pernambuco: “Quando uma mulher negra se forma, é uma felicidade imensa, não só para si ou para sua família, mas para toda a sociedade negra. É mais um obstáculo vencido, mais um paradigma quebrado”. Após sua declaração, ela relatou outro feito pessoal, comentando que: “Se ‘reconhecer’ como negra é um parto, segundo um ditado popular, pois traz à tona tudo de doloroso que a pessoa já vivenciou, os preconceitos sofridos, porém é uma libertação”.

Depois, veio a apresentação da economista Milena Prado, que apresentou dados coletados pelas conselheiras do Conselho Municipal da Mulher do Recife. Entre os dados apresentados estavam o número de analfabetos negros (as), expectativa de vida e serviços domésticos que possuem ocupação de negras. Ela pontuou também a falta de representatividade dos negros (as) nas pesquisas que coletam informações e números populacionais, com  exceção do Censo do IBGE, que entrevista todos, sem nenhuma distinção. Um total de 46 mil mulheres integraram-se ao mercado de trabalho do Recife, sendo 42 mil negras (os), representando 21,4% nos últimos onze anos, e a ocupação feminina cresceu 24,5% entre 2000-2011, fazendo seu contingente atingir 58 mil, e dessas 58 mil, 47 mil eram negras, ressaltou Milena Prado. Porém, mesmo tendo todos esses bons resultados em torno da mulher negra, elas continuam tendo uma taxa de desemprego maior que os homens brancos e os próprios negros.

Para abrilhantar a exposição, Ivanira Truká, articuladora educacional das Escolas Indígenas, abençoou todos os presentes na sala com uma oração indígena. Ivanira deu o seu depoimento num contexto mais histórico, relembrando toda submissão que era e ainda é imposta em algumas aldeias, falou da vontade das indígenas em terem autonomia, e o sonho de fazerem sua vida fora das tribos. Ao final do seu bate-papo informal, foram lembradas as denominadas “Guerreiras Indígenas”, que são mulheres que lutavam e lutam por uma liberdade de estereótipo, que até hoje perdura, ficar nas tribos cuidando dos maridos e dos filhos (as), e fazendo serviços domésticos. Durante toda a roda de diálogos, algumas pessoas puderam tirar suas dúvidas e fazer questionamentos acerca das mulheres negras e indígenas.

“Somos diferentes, existe a loira, negra, ruiva, indígena a gueixa, cada uma com sua peculiaridade e beleza, então temos que nos aceitarmos, antes da sociedade, antes de qualquer um, temos que fazer isso primeiro”.
– Prof.Dra.Valdenice José Raimundo.

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