Tese de Coexistência e panorama geral sobre a Amazônia marcam encerramento da Semea
|O encerramento da 1ª Semana de Estudos Amazônicos discutiu a ideia de ecologia integral e também apresentou um panorama sobre a situação atual da Amazônia. Os temas foram abordados, respectivamente, pelo coordenador da Semea e Pró-reitor Comunitário da Unicap, Prof. Dr. Padre Lúcio Flávio Cirne, e pelo secretário executivo do Observatório Nacional Sociomabiental Luciano Mendes de Almeida (Olma), Prof. Dr. Luiz Lacerda. A mediação foi da coordenadora do curso de Direito da Unicap, Prof.ª Drª Cynthia Suassuna.
Padre Lúcio apresentou a tese de que natureza e sociedade requerem explicação conjunta. “A noção de ambiente precisa ir além da noção biogeográfica porque o ambiente é resultado de uma interação da lógica da natureza e da lógica da sociedade”, explicou ele ao citar a geógrafa Bertha Becker, uma de suas referências bibliográficas.
Ele também frisou esse conceito falando sobre a Encíclica do Papa Francisco da Ecologia Integral e mostrando ao público presente no auditório G1 artigos do documento papal. “Isto nos impede de considerar a natureza como algo separado de nós ou como uma mera moldura da nossa vida (139). A análise dos problemas ambientais é inseparável da análise dos contextos humanos, familiares, laborais, urbanos e da relação de cada pessoa consigo mesma (140)”.
No segundo momento da mesa-redonda, Luiz Lacerda apresentou um panorama da Amazônia começando com as pressões enfrentadas pela região a exemplo da extração de madeira, exploração de petróleo e gás, mineração, hidrelétricas, desmatamento e violência contra os povos indígenas. “Corremos um sério risco de a geração de nossos netos e bisnetos só conhecerem a Amazônia pelos livros de história e isso não é uma super estimativa de estatísticas”, alertou.
Lacerda também chamou a atenção para um Proposta de Emenda Constitucional (PEC 215) que retira do Executivo e passa para o Legislativo o poder de demarcar as terras indígenas. “Se esta PEC passar será terrível, uma vez que temos o maior congresso pecuarista da América Latina”.
O pesquisador destacou ainda a construção do que ele classifica como Indicadores Específicos de Bem-Estar para os Povos Tradicionais (IBPT) pode contribuir para um melhor conhecimento da região amazônica. Esse conceito foi desenvolvido durante a tese de doutorado dele. “Diferentemente dos indicadores hegemônicos, através dos IBPTs percebemos que as comunidades se mostram sábias em equilibrar a tradição e inovações dos tempos atuais”.