Boletim Unicap

Terceira edição do Lente de Aumento discute a objetificação da mulher negra

A terceira edição do Lente de Aumento, promovida pelo curso de Publicidade e Propaganda da Unicap, tem como tema este ano “Diversidade na Comunicação: Publicidade Para Todxs e Por Todxs.” A abertura do evento na quarta-feira (19) contou com a exibição do documentário “Bichas”, seguida de uma palestra e um debate com o diretor Marlon Parente.

O segundo dia de evento seguiu a temática “Objetificação da Mulher Negra” e recebeu a jornalista Geisa Agricio, que hoje trabalha na área de publicidade. A palestra aconteceu no auditório do bloco J e debateu assuntos como racismo, objetificação e a hipersexualização da mulher negra na mídia. “O Brasil é o pior lugar da América Latina para ser uma mulher negra”, aponta Geisa. “O feminismo conseguiu diminuir em 10% o número de assassinatos de mulheres brancas mas, nos últimos 10 anos, tivemos um aumento de 54% no número de mortes de mulheres negras.” Ela também reitera que racismo não consiste apenas em xingamentos e estatísticas de fatalidades, mas o ato continua intrínseco na cultura e na linguagem dos brasileiros.

“Não sou tuas nega. Ninguém é”, esclarece Geisa, promovendo uma reflexão sobre termos racistas que são usados sem perceber, como “alma branca”, “a situação está preta” e “mulata.” Esses termos, segundo ela, favorecem a perpetuação de estereótipos pejorativos. Ela exemplifica falando da mulher negra na mídia, aonde normalmente é atribuída a classes sociais mais baixas. Geisa citou uma pesquisa que mostra que 90% dos personagens centrais de telenovelas são brancos, enquanto apenas sete vezes na história da televisão as protagonistas foram de outra etnia. O mesmo se repete na publicidade, aonde agências e clientes sentem medo de arriscar um personagem fora do padrão e sofrer com rejeição do público.

“No fim das contas, o intuito da publicidade é vender, mas vivemos em uma época em que não adianta fazer o marketing direto. O alinhamento da empresa com valores de importância social é um completo diferencial de mercado. É importante que a publicidade se alinhe com as questões de diversidade e representatividade, por que se não a marca tem um valor retrógrado”, diz ela. “Maquiagem e cabelo, por exemplo, estão sendo usados como ferramenta política de empoderamento. As marcas começaram a perceber que o nicho de mulheres negras era um mercado interessante.”

O Lente de Aumento é aberto ao público e terá sua última palestra nesta sexta-feira (21) com a Doutora em Comunicação Soraya Barreto, que irá debater a “Reconstrução da Masculinidade na Mídia.” Inscrições podem ser feitas na página do evento no Facebook.

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