Boletim Unicap

Seminário do Programa de Pós-graduação em Psicologia aborda o sentido da vida sob a ótica da fenomenologia

O Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da Unicap está promovendo o seminário Filosofia, Psicologia e Psicoterapia: um encontro fenomenológico-existencial. A temática é o ponto de partida das explanações da Profª Drª Dulce Critelli, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O evento está sendo promovido pela Laboratório de Psicologia Clínica Fenomenológica Existencial (Laclife) e está inserido na linha de pesquisa Práticas Psicológicas Clínicas em Instituições.

“Dulce busca esse diálogo com a filosofia e isso nos ajuda a sair dessas raízes ‘biologizantes’ da psicologia clínica. É uma pesquisadora marcante neste campo”, explica a coordenadora de Pesquisa da Católica e professora do programa, Carmem Barreto. Ela também enfatizou o sucesso do evento. O anfiteatro do bloco G4 estava lotado de mestrandos, doutorandos, pesquisadores e ex-alunos da Unicap que hoje atuam como professores.

Durante o seminário, Dulce falou sobre o poder das narrativas na construção do sentido da vida. “Se a gente não tem narrativa, a gente  não tem história, não tem passado, presente ou futuro. A gente viveria num caos”. A professora busca sua sustentação teórica na fenomenologia do filósofo alemão  Martin Heidegger e na também filosofa alemã Hannah Arendt.

Ainda de acordo com o pensamento de Critelli, a narrativa constrói o mundo. “A vida é um acontecimento e o acontecimento só é acontecimento se for narrado.” Para a pesquisadora, a concepção de narrativa passa pela relação entre o ‘eu’ e o ‘outro’. “Não existe pessoas fechadas. A nossa singularidade vem da pluralidade. O nosso eu vem da distinção do outro. Um ser humano precisa do outro para ser quem ele é”.

A professora estabeleceu ainda uma relação desse aspecto fenomenológico com a psicologia clínica. “O terapeuta é um espectador que tem uma visão panorâmica diferente de quem está inserido/imerso naquela existência. Numa metáfora com o futebol, a gente fica sem entender porque aquele jogador não passou a bola para o outro e sim para aquele. É porque a visão de quem está dentro de campo é diferente da do torcedor”.

Ainda sobre a co-relação entre a afirmação da singularidade do indivíduo e a diversidade do outro, Critelli afirma que “é impossível falar de si sem mencionar outras pessoas. A vida humana não foi feita para a solidão”.  A dicotomia vida-morte é a base da fenomenologia na qual Critelli se norteia. “Heidegger diz que ‘o homem é um ser para a morte e que a morte é que dá sentido a vida’. Já Arendt enxerga a essência inovadora do ser humano. O nascer é uma inovação, uma novidade transformadora. O homem é um ser para a novidade. O homem não vive em função da morte”.

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