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Semea aborda povos tradicionais e meio ambiente

img_2578A programação da noite desta quinta-feira (27) da Semana de Estudos Amazônicos (Semea) abordou o tema Povos Tradicionais e Meio Ambiente. A palestra teve como convidados os professores doutores Edson Silva e José Bento Silva. A mesa foi coordenada pela Profª Drª Valdenice José Raimundo, do curso de Serviço Social da Católica, e líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Raça, Gênero e Políticas Públicas da Unicap.

José Bento abordou a questão das comunidades quilombolas. Ele explicou que os quilombos surgiram na África a partir de conflitos entre etnias por volta de 1560. “Eram povos de características bélicas e que viviam em constante movimentação. Podemos dizer que era um ambiente pluri étnico”. O historiador com doutorado pela UFPE fez uma comparação com a visão portuguesa do que seria o quilombo. “Por volta de 1740, os lusitanos começaram a construir a versão de que quilombo era acampamento de negros fugidos e marginalizados”.

img_2580Ele também desconstruiu a ideia de que só havia quilombos no Nordeste mostrando slides com croquis de mapas antigos da região da Amazônia onde também havia a presença dessas comunidades. “Onde havia mão de obra escrava, havia quilombo. Eles não eram exceção e sim a regra”. No aspecto contemporâneo, Bento destacou o entendimento do que é quilombo segundo a Constituição Federal de 1988. “Qualquer organização com práticas sociais, políticas, culturais e religiosas de características africanas devem ser consideradas quilombos, tanto na área rural como na área urbana”, analisou. Ele ainda frisou que essa política afirmativa não é exclusividade do Brasil havendo outras na Colômbia, Nicarágua, Honduras, Belize e Equador.

Já o historiador Edson Silva analisou o aspecto indígena a começar pelo estereotipo de ‘tribo’. “Isso é uma ideia do século XIX que colocava os índios nos últimos lugares da cadeia evolutiva. Eles são ‘povo’. E não se trata de uma questão semântica. São ‘povo’ porque são organizações sociais que possuem práticas socioculturais próprias”, destacou Edson ao mencionar que o Brasil tem 305 povos indígenas reconhecidos atualmente e que Pernambuco tem a quarta maior população indígena do País.

O historiador com pós-doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro chamou a atenção para concepções “que precisam mudar” a respeito do caráter supostamente primitivo e arcaico dos índios. “São invenções coloniais euro centradas com desinformações, equívocos e preconceitos construídos e permeados ao longo da nossa educação escolar”.

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