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Relação entre Ariano Suassuna e o Direito é retratada em evento realizado na Católica

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O Grupo de Estudos “Direito & Literatura” (CCJ), em parceria com o Instituto Humanitas Unicap, promoveu na manhã desta sexta-feira (21) o seminário “Ariano Suassuna e o Direito”, com a participação do pesquisador Carlos Newton Júnior, um dos maiores estudiosos da obra de Suassuna.

As acadêmicas de Direito da Unicap Carina Acioly e Mariana Teles homenagearam Ariano Suassuna com uma cerimônia de abertura na qual recitaram poemas de autoria própria sobre a importância do autor para a cultura e para o povo brasileiro.

Muitas obras de Ariano podem ser correlacionadas com o Direito, o principal motivo é a relação com o curso. Aos 17 anos, o escritor ingressou na Faculdade de Direito do Recife, junto com outros nomes conhecidos, tais como o diretor de arte Hermilo Borba Filho, o crítico literário Joel Pontes e o tradutor José Laurindo Netto. Nenhum deles manteve o vínculo com o Direito após o término dos estudos. No primeiro ano da Faculdade de Direito, Ariano, influenciado por Hermilo, passou a escrever para teatro e de obra em obra se tornou o artista cujo nome é reconhecido e prestigiado na história da literatura brasileira.

Ariano estreou como autor de peças teatrais em 1947 e como dramaturgo em 1948, com a peça Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa). Por ainda estar cursando Direito, as obras de Suassuna sofreram influência devido ao cenário em que o autor se encontrava. “Ele era um jovem de 17 anos que assistia às aulas de Direito e se envolvia com literatura, então essa ponte é algo muito natural e muitos temas relacionados ao Direito são retratados nas obras”, disse Carlos Newton. O exemplo utilizado pelo professor para exemplificar a influência da vida acadêmica na literatura de Ariano foi a obra “Uma Mulher Vestida de Sol”. “A peça já começa com um juiz e um delegado em cena e trata de um problema de terras. São dois fazendeiros disputando um terreno”, explicou.

Segundo Carlos, a visão de Ariano é de que o Direito, retratado como “Direito dos Homens”, quase nunca acerta, sempre há a preferência pelo lado mais forte. O autor fala sobre isso em “A Pena e a Lei”.

Outra obra na qual o Direito está presente é “Auto da Compadecida”, onde se encontra a cena em que a figura de Deus é associada ao juiz, o demônio representa o promotor e a Nossa Senhora representa o advogado de defesa. Ariano escreveu a obra-prima “Auto da Compadecida” aos 28 anos, dez anos após o início da sua vida como escritor. A obra tomou proporções imensuráveis. Foi prestigiada com várias adaptações, entre elas “O Auto da Compadecida” (em que há um acréscimo do artigo “o” antes do nome original) exibido pela Rede Globo em 1999 e 2000.

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