Boletim Unicap

Reitor preside missa em São Paulo

O Reitor da Universidade Católica de Pernambuco, Padre Pedro Rubens, vai presidir quarta-feira (25) missa para a congregação das Irmãs de Santo André, sediadas em São Paulo. O convite surgiu não apenas pela amizade, mas também pela história recente de parceria. Em julho de 2011, a convite do Reitor da Unicap, as irmãs abriram a única casa delas do Norte e Nordeste, no Recife, unindo-se à missão na Católica. Na celebração, uma das irmãs que está na comunidade do Recife, Tatiana, fará seus votos de religiosa. Já a irmã Maria Aparecida Abrão, concluiu um doutorado sobre Antonio Vieira, na França, e agora é professora do curso de Teologia da Unicap e faz parte da equipe do Instituto Humanitas. 

Conheça a história das Irmãs de Santo André

Duas irmãs decidem colocar seus bens à disposição dos pobres. Abrem uma hospedaria na cidade de Tournai, na Bélgica, em frente da igreja São Nicolau, à margem direita do rio Escalda.
Dão alojamento e comida gratuitamente aos pobres que se apresentam: pessoas de passagem, peregrinos ou viajantes que andam pelo país e que podiam, ao cair da noite, encontrar abrigo na hospedaria.
No século XIV, pouco antes de 1329, quando a peste, a fome e as guerras começam a dizimar a população e a impedir as viagens, a hospedaria, além de acolher por uma noite, recebe principalmente os doentes, adquirindo as características dos hospitais da época. Sua capela é consagrada ao apóstolo Santo André.
Conhecemos o nome de três irmãs desse período: Marie Flokette, Péronne de Le Mot (priora) e Jeanne Gargate.
Elas não podem ultrapassar o número de 6, “para não comer o bem dos pobres”.
No ano de 1409 uma inundação obriga as prioras Isabel de Le Mot e Marie de Corbehen a reconstruir o hospital e a torná-lo mais amplo.
Esta última consegue do bispo de Cambrai a suspensão, por alguns anos do decreto limitando o número de religiosas e, assim, uma dezena de moças entra no noviciado.
Marie de Corbehen põe-se então a rever a Regra e os Estatutos.
São redigidos também os Costumes, e a espiritualidade dessa comunidade que quer servir aos pobres e pertencer inteiramente a Deus.

A vida contemplativa
Aos poucos, os poderes públicos vão organizando e garantindo o atendimento dos doentes que são reagrupados em dois grandes hospitais de modo que, em 1589, o hospital já não parece mais responder a uma necessidade.
As irmãs, desejosas de vida contemplativa e, sob o impulso de Marie de la Chapelle, transformam-se em monjas e são reconhecidas como tais em 16 de setembro de 1611.
Após a morte da priora, em 1640, percebe-se a necessidade de ponderação nos exercícios de penitência, jejuns e vigílias.

Primeiras influências inacianas
Em 1643-44, o Pe. Antoine Civoré, da Companhia de Jesus (1608-1668) remaneja os antigos estatutos.
São redigidas novas Constituições acentuando ainda a nota de caridade fraterna tão presente na regra de santo Agostinho, mas dedicando grande parte à vida de oração forjada nos Exercícios Espirituais.

Perseguição e dispersão das irmãs
A perseguição desencadeada pela Revolução Francesa faz com que em 1796 os jacobinos tentem desacreditar a vida religiosa dizendo que “os mosteiros encerram somente vítimas consumidas pelo desgosto”.
Marguerite Hauvarlet e suas 24 coirmãs protestam: “Se ainda fosse preciso optar entre o século e o claustro, não haveria nenhuma de nós que não confirmasse com alegria sua primeira escolha”.
Apesar disso, as Irmãs foram expulsas e tiveram as casas confiscadas.
Passam então a viver a consagração na clandestinidade.

Recomeçando sob novo impulso
Conseguem retomar a vida comunitária em 1810. As irmãs eram 10.
Fazem os votos de castidade e de obediência e guardam das antigas regras aquilo que podem observar.
Dedicam-se à educação da juventude abrindo uma escola gratuita e um internato pago, o que lhes permite atingir várias pessoas e equilibrar as finanças.
Flavie Delattre (1818-1848) retoma a obra de Marguerite Hauvarlet e obtém o reconhecimento oficial da Comunidade como Congregação Religiosa.
E em 1837 as onze primeiras “Dames de Saint-André” fazem os votos perpétuos segundo uma regra provisória de inspiração inaciana.
A 14 de abril de 1857, sob o governo de Henriette de Sauw (1850-1862), Monsenhor Gonella, núncio apostólico da Bélgica, promulga canonicamente as novas Constituições, cujo objetivo essencial é “procurar em todas as coisas Deus nosso Senhor… amando-o em todas as criaturas e todas as criaturas nele, segundo a sua santíssima e divina vontade” (Const. 249).
Deste modo, a comunidade toma a orientação apostólica nascida dos Exercícios Espirituais, em que oração e ação se nutrem uma da outra e se traduzem em disponibilidade para todo serviço na Igreja.

Primeiras fundações
Segundo as necessidades do século XIX, a comunidade se dedica sobretudo à instrução e à educação, sempre atenta a propiciar um clima favorável à fé e assim, simultaneamente às obras de ensino, desenvolvem-se os catecismos, as congregações piedosas, os retiros para operárias.
Neste espírito nascem as primeiras fundações: Bruges, Bélgica em 1859; Jersey, Inglaterra, em 1863; e posteriormente em Londres; Charleroi, Bélgica, em 1884.
Em 1914, as irmãs chegam ao Brasil, a Jaboticabal, com o desejo de contribuir na obra da educação.
O envio das primeiras missionárias para o antigo Congo Belga se dá em 1932.
Até por volta de 1960, permanecem como prioridade a educação e o ensino, não se excluindo os trabalhos pastorais mais diversificados: acolhimento de estudantes para retiros, catequese, etc.
Em 1970, na França, as irmãs se estabelecem em Ameugny, próximo a Taizé.
O acolhimento aos jovens, a animação de retiros e o acompanhamento espiritual, são favorecidos, possibilitando uma colaboração ecumênica mais direta.
Paralelamente, se desenvolve a inserção nos meios desfavorecidos: alfabetização, hospedagem de estrangeiros, atenção às pessoas idosas, cuidados médicos no terceiro mundo.

Para que o mundo creia
A abertura a novos desafios e o enraizamento na tradição eclesial permitem-lhes viver em seu próprio corpo a promessa da unidade: ser sinal para que o mundo creia.
Hoje como ontem, elas desejam abrir-se para acolher o dom que deus lhes fez e continuamente lhes faz ao longo de sua história: o da confiança radical em Deus.

Bibliografia

LACROIX, Marie-Thérèse. L’hopital St Nicolas du Bruille (Saint-André) à Tournai: de sa fondation à sa mutation en cloître, Louvain, UCL, 1977 (dois volumes).

LACROIX, Marie-Thérèse. Monastère Saint-André à Tournai (1611-1796), Ramegnies-Chin, Editions ARSA, 1996.

LACROIX, Marie-Thérèse. La vie au monastère Saint-André de Tournai, Ramegnies-Chin, Editions ARSA, 1999.

PEYREMORTE, Anne. Raconte-moi Saint-André. Une poignée de femmes à travers les siècles, Ramegnies-Chin, Editions ARSA, 2005.

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