Reitor e Pró-reitor Comunitário celebram Missa de 7º Dia de Geneton Moraes Neto
|A Missa de 7º Dia do jornalista e ex-aluno da Universidade Católica de Pernambuco, Geneton Moraes Neto, realizada na Igreja Matriz da Paróquia da Torre, nesta segunda-feira, dia 29 de agosto, foi presidida pelo Pró-reitor Comunitário em exercício da Católica, Padre Marcos Mendes, e concelebrada pelo Reitor, Padre Pedro Rubens. O convite foi feito pela família de Geneton.
Padre Pedro Rubens proferiu a homilia intitulada: “A última entrevista… Ao Deus que surpreende”. Acompanhe, na íntegra o texto.
Geneton Carneiro de Moraes Neto nasceu em 1956 e concluiu o curso de Jornalismo na Universidade Católica de Pernambuco em 1977, portanto com 21 anos… Despediu-se de nós com 60 anos, dos quais 45 de jornalismo, portanto sua segunda natureza… Ficou conhecido, sobretudo, como um grande entrevistador… Agora poderá realizar um de seus maiores desejos: interrogado, no programa Roda Viva, sobre quem mais ele gostaria entrevistar, ele respondeu, surpreendentemente: “Quem eu gostaria de entrevistas? Deus, é claro”…
E, a continuidade da entrevista reflete mais ainda sua inquietude existencial e atitude crítica em busca da verdade… O que você perguntaria a Deus, Geneton? Ele não vacilou em responder: “Eu apontaria para o Planeta Terra a terra e perguntaria para Deus: “Seja sincero: era isso o que o Senhor queria?”
Não teremos acesso a essa grande e talvez última entrevista, face a face com Deus; mas, como nas demais, além dele surpreender o entrevistado, certamente, ele pode se surpreendido com a resposta e com o próprio Deus…
Esse episódio do Roda Viva e as respostas do nosso saudoso jornalista revelam a indignação dele diante do cenário de um mundo mergulhado em violências, catástrofes, corrupções, ditaduras, discriminações, enfim, numa palavra: miséria…
No entanto, só percebemos esses contrastes e ficamos até indignados, paradoxalmente, porque Deus criou o mundo belo e criou o ser humano como sua obra prima, criou homem e mulher à sua imagem e semelhança, confiando-lhes depois o cuidado com a natureza e com as pessoas…
A nossa indignação é maior precisamente porque há um contraste entre o mundo criado e o mundo real, em todos os aspectos, não somente em nossa época, mas ao longo de toda a história.
As leituras de hoje reportam o assassinato de mais um grande profeta do povo de Israel: a voz de João Batista foi calada por Herodes e Herodíades, representantes do poder instituído e voltado unicamente para seus próprios interesses… O profeta Jeremias na primeira leitura também conclama o povo a não ter medo, porque, apesar dos acontecimentos tristes, Deus está presente na história da humanidade… E, como diz a canção: “se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão…” Ou, de acordo com o refrão do Salmo: “a minha boa anunciará vossa justiça”…
Assim como os profetas, muitos jornalistas são perseguidos quando buscam a verdade: segundo a Associação Nacional, somente nesses últimos dois anos, foram 186 atentados contra jornalistas no Brasil… Muitas vozes são caladas, não somente por governantes poderosos, mas também por empresas que não querem noticiar a verdade e a vida como ela é, mas defender seus interesses econômicos e ideológicos… Outros são aqueles jornalistas que se rendem ao sistema por medo de perder o emprego ou simplesmente porque caem na tentação de fazer do jornalismo uma “congratulação” aos clientes: Geneton, por exemplo, contestava a tese da entrevista que busca congratular o entrevistado…
Caro Geneton: agora, ao perscrutar os segredos de Deus no face a face de sua mais importante entrevista, é bem possível que Deus se revele triste com a realidade do mundo e decepcionado com a humanidade, mas, certamente, não desesperado… Você que não suportava a “síndrome da frigidez editorial” poderá ser surpreendido com o amor apaixonado de Deus por essa mesma humanidade, apostando que a sua obra prima ainda vai manifestar o sentido de toda a existência… Assim como todos nós, você poderá ser surpreendido pelo amor misericordioso de Deus que, diante da miséria humana, tem paciência história, esperançoso de ver a sua justiça triunfar assim na terra como no céu…
Obrigado à família pelo convite feito a nós para celebrarmos na fé as saudades e a esperança. Certamente, muitos dos valores que Geneton defendia, reflete a educação recebida entre os seus familiares. Mas, de alguma forma, creio que o curso de jornalismo da Unicap o ajudou a melhor fortalecer suas convicções e fundamentar seus princípios que marcaram a sua atuação profissional no Brasil. Em todo caso, a nossa universidade fica orgulhosa do papel exitoso de seus egressos na sociedade e com o sentimento de “missão cumprida” quando percebe que alguém faz de sua profissão uma vocação de busca da verdade, com originalidade e destemor, a serviço da sociedade e de mundo melhor. Obrigado, de coração, aos familiares por confiaram na formação de seu filho à Unicap: hoje nos solidarizamos com vocês na perda, mas também na esperança de que ele possa realizar sua entrevista com Deus e, se precisar, ele saberá recorrer à nossa Mãe Compadecida, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
E, para concluir, gostaria de fazer a chamada de nosso ex-aluno, como no tempo de sua formação, tendo o histórico acadêmico em mãos… Mas, como ele não poderá responder, peço aos presentes que emprestem a sua voz e, quando eu chamar o seu nome, digam presente.
Geneton Carneiro de Moraes Neto: [ PRESENTE! ]
De fato, na fé, ele está presente, de outra forma, no meio de nós, e intercedendo por um mundo melhor, junto de Deus. Amém!
O público que encheu a igreja, composto por família, familiares, amigos e colegas de trabalho, responderam emocionados à chamada que o Reitor fez.
Em seguida, Padre Pedro Rubens entregou à mãe de Geneton, Dona Divane Moraes, uma pasta com cópias dos documentos acadêmicos do ex-aluno do curso de Jornalismo.
Adriano Moraes falou com a reportagem do Boletim Unicap sobre a importância da Católica na vida de Geneton Moraes Neto. “A passagem pela Universidade Católica de Pernambuco marcou a vida dele. Das vezes que ele vinha aqui (ao Recife), ele fazia questão de frequentar a Universidade e ter esse vínculo, porque o jornalista que ele foi, todo mundo falou que era ‘um jornalista diferente’ foi a Universidade Católica que fez esse jornalista diferente. Tinha a parte dele, a dedicação, mas a base ele trouxe da Universidade Católica de Pernambuco. E hoje, não tenho como agradecer ao Reitor e ao Pró-reitor por terem vindo aqui celebrar a missa. Então, você imagina a gratidão da família em relação à Universidade Católica Pernambuco.”
Aos presentes foi distribuído um material impresso com a seguinte frase:
“A memória não se pega, não se vê,
não se mede – mas é forte como pedra,
porque consegue resistir à passagem do tempo.
O que é que posso dizer, então?
É assim que a vida avança.”
Geneton Moraes Neto
*1956
+2016
Acompanhe a galeria de fotos da Missa de 7º Dia de Geneton Moraes Neto.