Boletim Unicap

Professor Ed Carrazzoni celebra 48 anos de Universidade Católica

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Fotos: Daniel França

Ele está completando hoje, quarta-feira, 28 de maio, 75 anos de idade e a maior parte desses anos (48 para ser preciso) foi e está sendo dedicada à Universidade Católica de Pernambuco. A ligação do professor de Química, Ed Carrazzoni, com a Unicap começou quando ele ainda era aluno, em 1957. Em 1º de março de 1966, Ed Carrazzoni ingressou como professor. Em quase meio de século de serviços prestados à Universidade, ele já foi coordenador de curso, diretor de Centro e Pró-reitor Administrativo. Uma trajetória na qual ajudou a criar a Divisão de Programação Acadêmica (DPA) e a erguer o bloco D, prédio que ele conhece como a palma da mão. “Os corredores têm 19 metros de comprimento e entre cada andar são 22 degraus”.

É possível perceber tamanha precisão em seus planos futuros. Carrazzoni já está com material suficiente para publicar livros em 2016 e 2017. E olhe que ele já é autor de outros 32. Apesar da respeitável bibliografia, não gosta de ser intitulado escritor. Mês passado, assumiu uma das cadeiras da Academia Pernambucana de Química. Casado, pai de quatro filhos e avô de seis netos, Ed Carrazzoni revela, em entrevista especial ao jornalista Daniel França, a fórmula de tanta energia intelectual.

Boletim Unicap – Como senhor entrou na Unicap?

Ed Carrazzoni – Eu já era professor da Universidade Federal de Pernambuco quando, em 1966, o Padre Torres me convidou para coordenar o curso de Química da Faculdade Manoel da Nóbrega. Ele também me nomeou, já em 1967, como coordenador dos cursos de Química, Física e Matemática. Neste mesmo ano, criamos o Instituto de Química, que foi transformado no Instituto de Tecnologia e Ciências Exatas e assim permaneceu até 1968. Logo depois, fundamos Centro de Tecnologia e Ciências Exatas que, em 1970, veio a se tornar o atual Centro de Ciências e Tecnologia (CCT).

B.U – Então o senhor participou de mudanças acadêmicas significativas na Unicap…

E.C – Fui coordenador do Instituto de Química, diretor do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia e diretor do CCT até 1974. Eu ajudei também na criação da Divisão de Programação Acadêmica (DPA) em 1976. Em 1981, fui nomeado Pró-reitor Administrativo, cargo que ocupei até 1986. Logo depois, Pe. Peters (então Reitor) me nomeou assessor da Reitoria. Nessa época eu passei a ter expediente de 40 horas na UFPE, permanecendo aqui apenas em sala de aula no turno da noite. Aí, quando me aposentei de lá, passei a me dedicar exclusivamente à Unicap onde eu tenho Regime de Tempo Integral (RTI).

B.U – Como foi sua atuação na Universidade Federal de Pernambuco?

E.C – Na Federal (UFPE) fui professor da Escola de Química e do Departamento de Bioquímica. Lá eu também fui diretor da Divisão de Currículos e Programas durante oito anos e fui chefe do Laboratório de Fitoquímica.

B.U – E como o senhor conseguiu construir uma carreira tão solidificada academicamente falando e ao mesmo tempo com tanta experiência administrativa? Como foi conciliar esses dois aspectos?

E.C – Eu sempre fui muito disciplinado e pra isso eu tinha os horários de trabalho, administrativo e de pesquisa. Passado aquele período, aquele tempo (horário administrativo), eu me voltava a estudar. Eu conseguia lidar tranquilamente com isso, até porque na UFPE eu tinha uma equipe de quatro a seis pessoas que ajudavam na gestão do laboratório.

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Carrazzoni foi um dos mentores do bloco D

B.U – O senhor acompanhou vários momentos da Unicap ao longo de quase meio século. Alguma fase que tenha lhe marcado mais?

E.D – Na verdade a minha ligação com esta Casa começou bem antes de eu vir a ser professor. Entrei aqui como aluno do bacharelado em Química, exatamente no ano de saída do Padre Bragança. Passei por todos os reitores: Padres Bragança, Mosca, Alóssio, Potiguar (este foi o único Reitor leigo da Unicap), Amaral, Peters e Pedro. A época do governo militar também foi bem difícil

B.U – O senhor sofreu ou presenciou alguma retaliação?

E.C – Nunca.

B.U – Havia censores ou representantes dos militares em salas de aula?

E.C – Infiltrados havia dezenas, praticamente em todas as turmas, mas oficialmente não.

B.U – O senhor seguia alguma militância política na época?

E.C – Nunca tive, não tenho e nem terei.

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B.U – Qual a dimensão que a Unicap tem na sua vida?

E.C – Eu tenho duas casas. Uma delas é a minha residência e a outra é a Unicap. Eu vivi aqui. Tive praticamente três gurus: Padre. José Torres Costa; Padre Bragança e o ex-Provincial Padre Arnaldo Melo, irmão do Padre Aníbal que foi Pró-reitor Acadêmico durante anos. Foram pessoas que me ajudaram na administração, me aconselharam e praticamente foram meus confessores.

B.U – Como o senhor analisa o mercado de trabalho na área de Química?

E.C – Está muito bom, reagindo bem, principalmente na Engenharia. A Licenciatura ainda apresenta demanda baixa em função do mercado de trabalho mau pagador. Para o Engenheiro, a realidade é promissora, principalmente por conta dos investimentos em Suape.

B.U – O senhor ocupa a cadeira nº 25 da Academia Pernambucana de Química. Uma escolha que não foi por acaso…

E.C – O patrono original desta cadeira é o professor Washington Moura de Amorim. Foi através dele que fui convidado para ser professor da UFPE.

B.U – Qual a fórmula para se manter tão ativo como pesquisador, professor e escritor?

E.C – Não me considero escritor de jeito nenhum. Depois de um certo tempo, nós buscamos colocar tudo aquilo que nós aprendemos em nossa vida no papel. Tenho meus trabalhos acadêmicos publicados, a esta altura já tenho mais de 100 trabalhos publicados entre artigos e pesquisas. Mas voltando a sua pergunta, a resposta é simplesmente trabalhar e estudar permanentemente, procurando ficar o máximo possível atualizado.

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Livros para 2016 e 2017

B.U – O senhor dedica quantas horas aos estudos?

Trinta horas semanais. Ou estou escrevendo ou preparando algo novo que vai se transformar eventualmente em livro. Por exemplo, em Química do Cotidiano já saíram os volumes 1 e 2 e já tenho prontos os volumes 3, 4 e 5 que sairão nos próximos anos. E já tenho material para outros. Estou em andamento com dois livros previstos para 2016 e 2017: Química Caseira e Química para Gastrônomos.

B.U – A sala de aula pode ser considerada um ‘retroalimentador’ disso tudo?

E.C – Não tenha dúvida. É através dela que você corrige seus defeitos como professor. Você sempre inventa novas maneiras de explicar determinados assuntos. Quando não se faz bem entendido, você precisa repetir a primeira, a segunda vez. Eu sou daqueles que repete enquanto o aluno tiver dúvida. Não posso me acomodar. Se isto acontecer, é melhor eu pegar o boné e me retirar.

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Ed relata a história do CCT

B.U – É verdade que o senhor tem um rico acervo sobre o CCT?

E.C – Sim. Eu escrevi um material sobre a trajetória do CCT até 2010. Inclusive com grades curriculares das épocas e algumas coisas que valerão a pena a comunidade acadêmica tomar ciência, principalmente quem é da área.

B.U – E já foi publicado?

E.C – Estou na fila (risos).

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