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Professor da Católica apresenta em São Paulo trabalho sobre alcoolismo na adolescência

O professor Carlos Brito, do curso de Psicologia da Universidade Católica de Pernambuco, viaja a São Paulo no próximo mês de maio para participar do 15º Colóquio Winnicott Internacional, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Ele vai apresentar o trabalho “Sobre o uso precoce e sistemático de bebidas alcoólicas em adolescentes jovens como forma de lidar com as dificuldades da re-instalação do si-mesmo na sociedade atual”. O texto é resultado de uma pesquisa que o professor vem realizando ao longo dos últimos três anos.

O consumo de álcool na adolescência é um fenômeno que preocupa pais e educadores. O que parece ser um processo comum pode na verdade levar ao vício do alcoolismo, com sérias repercussões para o jovem.

Carlos Brito diz que sua pesquisa se dividiu em três etapas. No primeiro ano, ele entrevistou cerca de 80 jovens de 14 a 17 anos de escolas privadas do Recife e Região Metropolitana. No segundo ano, o processo se repetiu com estudantes de escolas públicas na mesma faixa etária que os anteriores. A terceira etapa ainda está em andamento e inclui jovens de 17 e 18 anos de universidades do Recife. O trabalho que será apresentado em São Paulo se refere às conclusões da primeira fase do projeto, que contou com o apoio de duas alunas bolsistas de iniciação científica da Católica.

O professor diz que, por se tratar de uma pesquisa qualitativa, a amostra limitada não representava um problema, visto que após um certo número de entrevistados as respostas começavam a repetir determinados padrões. Ao invés de começar com perguntas ligadas diretamente ao álcool, ele questionou os adolescentes sobre a visão que eles tinham do quadro político e econômico do país e a imagem que faziam da família. Só então é que os jovens eram perguntados sobre o uso de álcool e a influência da mídia no uso da substância.

Entre as conclusões do estudo, se observa que os jovens de ambas as classes sociais possuem uma boa consciência crítica sobre o país na atualidade. O professor acredita que a imagem do Brasil como um país corrupto pode repercutir no comportamento do jovem, que acredita não haver punição para seus atos. As famílias parecem distantes, principalmente entre os adolescentes de escolas públicas.

O papel da mídia é reconhecido por todos os grupos ouvidos. Carlos Brito diz que o jovem se sente cobrado a ser bonito e feliz para ter aceitação pela sociedade, e é essa a imagem que as propagandas de bebidas utilizam: modelos bonitos e aparentemente bem-sucedidos. Ele diz que o adolescente tem consciência dessa armadilha, mas de forma subliminar acaba se rendendo. A pesquisa ainda revelou que nas classes sociais mais altas o consumo alcoólico é maior, pelo maior acesso às festas e pela situação financeira privilegiada, entre outros aspectos.

“Há uma necessidade urgente de as escolas junto às famílias abrirem espaço para essa discussão, permitindo aos jovens falarem de suas angústias”, diz o professor. Ele observa que as escolas trazem médicos, psicólogos e outros profissionais para debates informativos, mas ainda sente falta dos próprios adolescentes contando suas experiências.

O professor Carlos Brito é mestre em distúrbios da comunicação e professor das disciplinas Desenvolvimento da Criança e Linguagem e Personalidade do curso de Psicologia da Universidade Católica de Pernambuco.

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