Boletim Unicap

Padre Paulo Meneses por Cláudio Souto

 

Publicamos abaixo artigo do Prof. Tit. Emérito da UFPE Cláudio Souto sobre o Padre Paulo Meneses, veiculado na página de Opinião do Diario de Pernambuco.

 

Paulo Meneses

Pe. Paulo Gaspar de Meneses, S.J.: um nome nobre, um Espírito nobre.  Porém simplesmente Paulo Meneses, como ele gostava de chamar-se.

A nobreza espiritual de Paulo Meneses residia sobretudo em sua simplicidade. Era bem-aventuradamente pobre de espírito, isto é, humilde (Mt 5,2). Tanto assim que havendo convivido com ele, como amigo, por muitos anos, só há bem pouco lhe descobri, por acaso, a excelência da titulação acadêmica.

Autêntico e heróico soldado da Companhia de Jesus, Paulo lhe foi absolutamente dedicado e fiel até a morte. Mas, para usar de uma expressão de outro notável sacerdote da Companhia —  o Pe. José Nogueira Machado –, Paulo era jesuíta, não jesuitista.

Homem de Universidade, da sua Universidade Católica de Pernambuco, enriquecido intelectualmente por exílio na Europa culta e livre , não poderia senão ter sido, como foi,  jesuíta e não fechadamente jesuitista.  Não se notava nele traço de fanatismo religioso.

O exílio lhe veio muito injustamente. O grupo de jovens de que participava, liderado pelo Pe. Machado, era saudável e verdadeiramente ecumênico, e aberto. A grande maioria do grupo era composta de católicos de esquerda, atentos à doutrina social da Igreja, e ninguém se pronunciava  favoravelmente  ou a mudanças pela violência, ou a autoritarismos, ou a ditaduras de partido, ou a fins justificando os meios, com perda de bons fins pelo emprego de maus meios.

Dentro da maneira jesuíta de ser, Paulo Meneses era firme, por vezes enfático, mas sempre se mostrava um intelectual aberto de mente, verdadeiramente ecumênico, não acreditando que a sua Igreja detivesse a exclusividade na salvação das pessoas e crendo, antes, na comunicação fraterna, dialogal, de todos os homens.

Tinha fome e sede de justiça e sofreu perseguição por amor a ela,  sobre ele incidindo bem-aventuranças evangélicas (Mt 5, 6 e 10).  Foi acusado de subversivo, mas Jesus também o foi: “Encontramos este homem subvertendo nossa nação”… (Lc 23, 2,  trad., diretamente dos originais, de A Bíblia de Jerusalém, Eds. Paulinas)).

Essa seria a imagem essencial que nos ficou do homem, sacerdote e professor Paulo Meneses, cuja ausência nos diminui a todos, de todas as crenças e descrenças.

 

 

 

 

 

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