Boletim Unicap

Padre Geral elogia criação do Instituto de Política da Unicap

Confira a íntegra da mensagem do Superior Geral da Companhia de Jesus, Padre Arturo Sosa, que é Doutor em Ciência Política, sobre a iniciativa da Católica em criar o Politeia, Instituto de Política da Unicap.

“É com muita alegria que me dirijo a todos vocês para aplaudir a iniciativa – ousada e necessária – de criação do Instituto POLITEIA, o Instituto de Política da UNICAP, especialmente neste momento de celebração do jubileu dos 75 anos de origem da Universidade Católica de Pernambuco.

Por que a iniciativa de criação do Instituto POLITEIA é ousada? Pelo fato de estarmos vivendo um momento de crise profunda nas democracias ocidentais, precisamos, com urgência e profundidade, repensar os projetos históricos à luz dos ideais humanos, revisitando o berço da democracia, como faz alusão o termo grego Politeia e, ao mesmo tempo, discernindo os elementos essenciais da grande trajetória das sociedades democráticas e, relançando, corajosamente, novas perspectivas, no contexto de sociedades complexas, plurais e globalizadas.  A mundialização, porém, não pode ser uma globalização da superficialidade (P. Adolfo Nicolas, México, 2010) e das desigualdades, das injustiças e das diversas formas de violência (Papa Francisco, em tantos momentos). Diante de tantas fraturas e ambivalências contemporâneas, o Instituto POLITEIA se propõe empreender a importante missão de construir diálogo para além da simples polarização, exercitando a capacidade humana de debater, com base em argumentos e dentro de uma prática ética de respeito às diferenças, em busca da verdade que reconstrói o tecido social e político. Precisamos, de fato, de novas utopias para a governança da Polis, dentro de um projeto de cidade global a serviço da humanidade. Nesse cenário, a vocação cristã, a tradição católica e o modo de proceder jesuíta podem contribuir, a partir da universidade, para uma troca de saberes em vista da responsabilidade de todos e cada um na construção do Bem comum e o cuidado da Casa Comum, como tanto insiste o nosso querido  Padre Francisco.

O novo Instituto Politeia é importante para a ampliação da ação universitária, mas, também se faz necessário, sobretudo no momento atual, no Brasil e no mundo, em razão das urgentes demandas de reconstruímos os caminhos destroçados pela cegueira dos populismos diversos e pelas novas e sutis formas de exclusão social, econômica e política do cenário contemporâneo. Numa casa de universalidade e pluralismo, como é e deve ser a UNICAP, precisamos favorecer o reencontro com a verdadeira Civitas Maxima, onde o ambiente acadêmico constrói as pontes entre os diversos grupos humanos e ideários, em vista da elaboração de novos humanismos, com a virtude cívica de uma nova cultura política, considerando as grandes conquistas da humanidade e reinterpretando-as a partir dos novos desafios. Na cidade das pontes, a Unicap é uma universidade vocacionada a superar os abismos, geográficos e ideológicos, e a transpor as margens estreitas da realidade atual rumo à “terceira margem do rio”, segundo a bela expressão de Guimarães Rosa.

E, como dizia o profeta Helder Camara, doutor honoris causa desta universidade, “sempre que procura os sem vez e sem voz, a Igreja é acusada de fazer política”. Ora, todo ser humano faz política, enquanto vive na Polis, convive com outros e é responsável por suas ações… Neste contexto, a Igreja juntamente com outros atores de relevo na sociedade é chamada a assumir um papel relevante, contribuindo, de maneira crítica e proativa, na construção e cuidado com o Bem comum. Enquanto verdadeira Universitas a missão específica é contribuir na formação crítica e integral da pessoa, portanto, também no campo político; enquanto católica, a universidade deve buscar a verdade, iluminada pela fé em Jesus Cristo e segundo a grande tradição; e enquanto instituição jesuíta, o discernimento é a melhor forma de busca da verdade e construção do Bem comum. Ademais, é necessário, através da participação cidadã de todos, encontrar novos parâmetros de uma sociedade sustentável, baseada em uma ética libertária e focada em uma nova humanidade. Como se diz na Unicap, “o nosso campus é a cidade” e, portanto, nossa missão é construir cidadania.

Em sua visita à Pontifícia Universidade Católica do Equador, confiada aos jesuítas, o Papa falou aos professores e estudantes sobre a importância da Universidade e seu papel específico: as comunidades educativas têm um papel essencial na construção da cultura e da cidadania. Mas também advertiu:

Cuidado! Não basta fazer análises, descrições da realidade; é necessário gerar os âmbitos, os espaços de verdadeira busca, debates que gerem alternativas às problemáticas existentes, sobretudo hoje. É necessário ir ao mais concreto. Em outras palavras, a Universidade não apenas deve criar ambientes de verdadeira busca da verdade, promovendo estudos e debates abertos, mas, ao mesmo tempo, deve propor alternativas para os grandes problemas da humanidade.

Parabenizo, igualmente, a criação do Curso de Ciências Políticas, a partir de 2019, mas que surge em um contexto de crise política e em um ano de eleições, como sinal do serviço que a universidade presta à sociedade, elevando o debate político ao nível universitário. O novo curso está balizado em duas linhas importantes no debate contemporâneo: de um lado, a área das Relações Internacionais; de outro, a Gestão pública.

Desta forma, tanto o Instituto POLITEIA, quanto o curso de bacharelado em Ciências Políticas da Unicap correspondem à missão de uma verdadeira universidade e à vocação de uma instituição jesuíta, cuja missão foi definida na 32ª Congregação Geral e reafirmada pela nossa última assembleia geral, na qual foi eleito Prepósito Geral: “A missão da Companhia hoje é o serviço da fé, do qual a promoção da justiça constitui uma exigência absoluta enquanto faz parte da reconciliação dos homens, exigida pela reconciliação dos mesmos com Deus” (CG 32ª, D. 4, n. 2). A reconciliação da humanidade passa pela boa política, sendo para nós um serviço da fé em Deus, indissociável da justiça socioambiental”.

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