Boletim Unicap

Padre belga participa do Café com Letras

A convite da coordenadora do curso de Letras da Universidade Católica de Pernambuco, Haidée Camelo, o padre belga Paul Ernest Dehove participou do Café com Letras desta quarta-feira (11) na livraria SBS Internacional. O religioso bateu um papo descontraído – em francês – com alunos da Unicap  e contou sobre o trabalho de pastoral que desenvolve pelo mundo e a cultura belga.

Quando tinha 10 anos, Padre Paul foi empurrado para baixo de um caminhão em movimento e, por pouco, se salvou. Com as pernas machucadas, ele teve de ficar internado por mais de um ano, tendo de concluir a série em que se encontrava em uma cama de hospital.  O fato não o abalava. Aos poucos, ele se recuperava. “O momento mais difícil da minha vida foi quando, no hospital, aos 10 anos de idade, presenciei a morte de uma menina que ficava deitada na cama ao lado. Éramos muito amigos. Mas ela não resistiu e, na hora da partida, soltou minhas mãos”, contou.

Depois de chorar bastante com a perda da amiga, foi nos livros de São Francisco de Assis e de Santo Inácio de Loyola que Padre Paul encontrou inspiração para seguir o seu verdadeiro destino. “Descobri que gostaria de ser aventureiro de Jesus e lutar, fazendo o bem às pessoas do mundo”. Hoje, Padre Paul Dehove segue fazendo o bem e, em 12 de setembro deste ano, vai celebrar 50 anos de vida religiosa como integrante da Congregação dos Jesuítas.

Paul costuma ajudar idosos a atravessar o outro lado. “Na Europa, a maior parte da população é idosa, e elas atingem idades elevadas. Atuo como um agente de viagens, preparando espiritualmente idosos cancerígenos.” O religioso também revelou que gosta muito de estar em contato com os jovens e que sente a reciprocidade desse sentimento. “Os jovens europeus estão dessacralizando o lado espiritual, se colocando cada vez mais distantes da espiritualidade. E é no sentido de tentar recuperar essa espiritualidade que eu trabalho com eles. Sem nenhuma imposição de religião.”

Essa é a terceira vez que Padre Paul vem ao Brasil. “Sinto necessidade de uma espiritualidade nova, de um banho de juventude e de estar em contato com as pessoas. No Brasil, posso encontrar isso. Pretendo vir mais vezes aqui.” Sempre que vem aqui, o jesuíta procura uma obra para ajudar financeiramente. Além disso, também participa de um projeto da congregação chamado de Sementes do Amanhã ajudando crianças africanas vítimas de violência de adultos, subnutridas e em condição precária de vida.

Além de tudo isso, Padre Paul ainda encontra tempo para ajudar casais que queiram se casar. Especialista na área, ele aconselha os casais a ficarem pelo menos um ano juntos antes da celebração matrimonial para que possam se conhecer melhor. Depois disso, aí é que Padre Paul entra em ação. Ele começa a fazer uma pesquisa aprofundada, por meio de questionários, a fim de descobrir as personalidades do noivo e da noiva. “Consulto familiares, testemunhas e amigos para isso. Depois, utilizo as informações sobre os envolvidos e as utilizo para que o casamento deles dê certo, para que sejam felizes, recuperando todas as informações em um contexto litúrgico.“

Durante a celebração do matrimônio, Padre Paul utiliza as informações que lhes foram repassadas sobre os noivos, provocando risos dos convidados. “Quando começo a falar, as pessoas vão reconhecendo tudo o que me contaram sobre o casal no discurso. Por isso, começam a rir.” Padre Paul realmente leva a sério os casamentos que celebra. O trabalho não termina depois de os noivos se casarem. Ele faz questão de batizar os frutos da união e ainda celebrar os 25 anos de casados, no que chama de serviço pós-casamento.

Com muito mais experiências a compartilhar, o Padre Paul Dehove foi o convidado do Café com Letras desta quarta-feira, projeto criado com o objetivo de dar oportunidade a alunos da Unicap de conversarem com nativos de outros países, em sua língua de origem. “É importante partilharmos da multiplicidade cultural e trazermos essa pluralidade linguística para dentro das universidades, permitindo o contato de nossos alunos com a cultura estrangeira. Só assim haverá a paz entre povos de países diferentes”, afirmou a professora Haidée.

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