O papel estratégico do designer na inovação
|A inovação está transformando o mundo do trabalho e a relação das pessoas com as organizações já há algum tempo e num futuro próximo uma profissão desempenhará um papel estratégico nesse contexto: o designer. A análise é de Christian Guillerin, diretor da Escola de Design de Nantes. Ele fez uma palestra na noite desta quarta-feira (23) para os alunos do Mestrado em Indústrias Criativas da Unicap. O evento também foi aberto ao público externo.
Guillerin disse que estamos vivendo uma época de forte transição de contextos que mudarão ainda mais os paradigmas industriais e mercadológicos. “É nessa época de crise que aumenta a nossa responsabilidade e isso pode ser favorável ao design”, destacou. Ainda falando sobre essas mudanças, o pesquisador francês disse que as atuais preocupações ambientais provocarão mudanças no consumo.
“O marketing no capitalismo é baseado na renovação. Essa obsolescência criada pelos Estados Unidos foi programada para o mercado criar e com isso gerar valor agregado”, disse ele ao defender à necessidade de haver produtos mais duráveis.
Ele chamou a atenção ainda para a volatilidade das corporações, empresas que trocam de ofício se antecipando ou até mesmo inovando. “A Apple, por exemplo, troca de ofício a cada cinco anos. Começou fazendo computação, depois Internet e em outro momento passou a vender música”, afirmou ao se referir ao Itunes.
Essa nova lógica de ruptura de modelos de negócios devido ao avanço tecnológico pode ser percebida em setores estratégicos de um Estado, como a geração de energia. Ainda de acordo com Guillerin, os prédios terão a capacidade de produzir a sua própria energia a partir de janelas fotovoltaicas (placas que transformam a radiação solar em energia elétrica). “Uma multinacional de distribuição de energia elétrica vai ter que se perguntar ‘o que é que eu posso fazer de diferente com aquilo que eu seu fazer?”
A resposta de Gullerin para esta pergunta é o que ele chama de Ofício de Design, ou seja, a capacidade permanente de fazer outra coisa com aquilo que você sabe fazer. Para o pesquisador francês, os designers são os mais bem colocados para reunir outras profissões e pensar esse mundo. “Vai ser preciso alguém transversal em todas as estruturas que se coloque essas perguntas. É por isso que eu digo que é uma disciplina estratégica e o design vai ocupar cada vez mais posições estratégicas”.