Boletim Unicap

O filme FUKUSHIMA 5 dias Decisivos foi exibido na Unicap

O filme Fukushima 5 Dias Decisivos, que retrata o desastre ambiental causado pela explosão de reatores de uma usina nuclear em Fukushima, no Japão, estreou no Brasil com exibição na Universidade Católica de Pernambuco, no Auditório Dom Helder Camara, no dia 30 de setembro.

O longa-metragem, lançado em 2016 e exibido em cerca de 60 locais no Japão e em outros países, traz cenas baseadas em fatos reais de uma catástrofe, e denuncia o perigo ameaçador da radiação letal que se expande rapidamente, vitimando pessoas, contaminado a natureza, causando doenças graves

Em Pernambuco, diversas organizações representativas da sociedade vêm se mobilizando contra a possível instalação de um centro nuclear, com seis usinas, em Itacuruba, no Sertão do São Francisco.

A articulação Sertão Anti-Nuclear é formada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Comissão Pastoral da Terra, (CPT), Conselho Pastoral dos Pescadores, (CPP), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Grupo de Estudos e Pesquisa Transdisciplinares (GEPT) do Campus UPE de Floresta, Cartografia Social, LEPEC UFPE, Federação dos Trabalhadores Rurais (FETEP), Associação Provida e Arquidiocese de Floresta.

De acordo com a professora do curso de Direito da Universidade de Pernambuco, Clarissa Marques, integrante da articulação, os povos indígenas de Itacuruba e os quilombolas do município de Mirandiba, além de pescadores e agricultores, também fazem parte do grupo. “No início de 2019, os índios Pankararu realizaram um evento para discutir o assunto, com a participação de outros povos indígenas, como por exemplo os Xucuru de Pesqueira”.

Ainda segundo a professora, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE) protocolou recentemente um projeto de emenda, propondo mudanças na legislação, que é desfavorável à implantação de usinas nucleares no estado. Clarissa disse terem sido enviados informes convidando os deputados estaduais para assistirem ao filme. “ O que nós desejamos é que a sociedade civil seja informada. Então, a exibição desse filme e esse debate são formas de levar informações à sociedade”.

O japonês Tamiyoshi Tachibana, produtor executivo do filme, veio acompanhado da tradutora Helena Myuki Makiyama. Para Tamiyoshi, estar no Brasil é uma grande alegria. Ele disse que o ponto principal de seu filme é despertar a consciência nas pessoas do perigo que é uma usina nuclear.

O produtor disse já saber da existência das usinas de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro e, ao tomar conhecimento da possibilidade de se construir uma usina aqui em Pernambuco, se disse totalmente contra.  No Japão, segundo ele, mais de 100 filmes foram produzidos após o acidente de Fukushima, e o seu é o único que retrata a relação do governo japonês com o a companhia elétrica nos momentos do acidente radioativo.

Tachibana explicou que um dos grandes objetivos da sua produção cinematográfica é, além de retratar o que aconteceu, também demostrar as inúmeras desvantagens das usinas nucleares. “A usina nuclear não somente é perigosa, mas é extremamente cara. Nos Estados Unidos, eles já estão começando a diminuir a quantidade de usinas nucleares”. Tachibana é a favor da geração de energia solar.

Ainda segundo o produtor, a construção de usinas nucleares é uma ameaça à vida humana na Terra, “No dia do acidente em Fukushima, morreram duas pessoas, mas, ao longo do caminho até hoje, 1,6 mil pessoas foram a óbito”. Duzentas e trinta crianças tiveram câncer de tireóide em decorrência da explosão nuclear, afirma. Para finalizar, perguntei se seria importante exibir o filme para os povos indígenas de Itacuruba. Ele respondeu, “com certeza, por favor”.

A sociedade indígena esteve presente na roda de diálogo, e preocupada com os seus povos e com o Rio São Francisco, fez um apelo para exibir o filme na sua região. Também estiveram presentes lideranças de movimentos sociais e representantes de religiões de matrizes africanas.

De acordo com a advogada da Comissão Pastoral da Terra, Gabriela Rodrigues, a ampla articulação para a exibição do filme aqui no Brasil teve início em meados de 2009, quando a Comissão Pastoral da Terra e o Conselho Indigenista Missionário já acompanhavam a preocupação das comunidades sertanejas de Itacuruba com a possibilidade da construção de usinas nucleares na região.

Ainda de acordo com advogada, as articulações contra a construção de usinas radioativas cresceram em Pernambuco em 2010, com a Caravana Anti-Nuclear. Logo após o desastre de Fukushima, a discussão sobre a implantação de usina nuclear no estado foi adormecida.

Gabriela ainda ressaltou a vulnerabilidade dos povos indígenas e quilombolas do Sertão. “Nenhuma dessas comunidades tem o território titulado, embora, sejam comunidades que tenham esse pleito de titulação do território há muito tempo, inclusive, a gente acredita que existe uma relação entre a não titulação e o projeto de construção da usina no local”.

Para finalizar, Gabriela Rodrigues explicou que o Brasil, por ser a 6ª maior reserva de urânio no mundo, é alvo de interesses para exploração Então, a gente vê o interesse do capital. É um empreendimento lucrativo para quem constrói, mas é um empreendimento péssimo para quem sedia”.

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