Boletim Unicap

Noite memorável no lançamento do documentário ‘Pedro Jorge: uma vida pela justiça’

Fotos: Marcela Dubourcq

Uma noite memorável no cinema São Luiz marcou o lançamento do documentário Pedro Jorge: uma vida pela Justiça. A estreia do filme reuniu parentes e amigos do procurador assassinado há 35 anos durante as investigações do Escândalo da Mandioca. O evento foi bastante prestigiado por políticos e autoridades do mundo jurídico. Entre eles, o secretário geral do Ministério Público Federal (MPF), Blal Yassine Dalloul, que na ocasião representou o procurador geral da República, Rodrigo Janot. Quem também esteve na solenidade foi o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho. O projeto é fruto de uma parceria entre a Universidade Católica de Pernambuco e o MPF.

O filme traça a biografia do procurador Pedro Jorge, que foi assassinado em março de 1982 quando saia de uma padaria no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda. O crime foi encomendado por pessoas acusadas (e mais tarde condenadas) no envolvimento de desvio de dinheiro público do Banco do Brasil, em Floresta, Sertão de Pernambuco. Pedro Jorge não se intimidou pelas ameaças e ofereceu denúncia à Justiça.

Dr. Marcelo e Padre Pedro

“Apesar de triste, o assassinato de Pedro Jorge e o desenrolar do processo ressuscitam em nós a possibilidade da justa denúncia da corrupção com o dinheiro público, a necessidade de autonomia das instituições democráticas e o triunfo da justiça”, disse o Reitor da Católica, Prof. Dr. Padre Pedro Rubens, em pronunciamento antes da exibição do filme. Na ocasião, o procurador chefe da Procuradoria Regional da República da 5ª Região, Dr. Marcelo Alves, agradeceu às instituições e às pessoas que colaboraram com a iniciativa. “Nosso objetivo é divulgar essa história, é fazer outras exibições e levar essa história ao maior número de pessoas”.

O roteiro traz o depoimento de pessoas que conviveram com Pedro Jorge desde a infância até a atuação no MPF. A viúva Maria das Graças Viegas e as duas filhas de Pedro Jorge (Marisa e Roberta), que aparecem no filme, ocuparam as primeiras fileiras do cinema e se emocionaram em vários momentos. A plateia interagiu bastante durante os depoimentos dos entrevistados exaltando a luta do procurador por ética e justiça. Quando o filme acabou, todos aplaudiram de pé.


Debate – Após a sessão, houve um debate com a jornalista Letícia Lins, que cobriu o caso; com o advogado Gilberto Marques que representou a família de Pedro Jorge na acusação dos assassinos; e com Irmão Irineu Marinho, que o acompanhou durante a infância e adolescência no mosteiro beneditino de Garanhuns. “Nós jornalistas sofremos muita pressão de diversas formas. Vivíamos sob tensão, sem saber o que aconteceria no dia seguinte”, recordou a jornalista.

Já Irineu revelou o perfil doce e carinhoso de Pedro Jorge, destacando o envolvimento dele com a comunidade, causas sociais e apoio a presos políticos. Ele também ressaltou a inteligência ‘inquieta’ do ex-aluno. “O que muitos levavam três horas para fazer, ele resolvia em dez minutos e ficava impaciente, conversando com os outros. Certa vez o coloquei de castigo e dei o livro Os Lusíadas para ele ler, mas como uma brincadeira. Depois do castigo, perguntei ironicamente se tinha gostado e ele respondeu: ‘É maravilhoso. Achei tão bom que decorei uns vinte versos’. E havia mesmo. Pedro Jorge tinha Q.I 146!”

O advogado Gilberto Marques relembrou versos declamados durante o julgamento dos assassinos de Pedro Jorge feitos por ele em homenagem a sua filha Mariana, que nasceu três dias depois do veredicto. O poema intercala os depoimentos no filme. Ele chamou as filhas de Pedro Jorge, Marisa e Roberta, para ficar ao lado de Mariana. “Pela primeira vez, estou juntando as três. Quem daqui, terá um pai que vai viver eternamente como o de vocês? Pedro Jorge não morreu! Ele está vivo!”, bradou Gilberto sob os aplausos do público.

Equipe – O documentário foi produzido sem recursos financeiros pelas assessorias de comunicação da Unicap e do MPF. Foram cerca de seis meses de trabalho, com gravações no Recife e em Brasília. Assinam o roteiro, produção e reportagem Ana Cláudia Dolores e Cláudia Holder (MPF); a direção de fotografia foi de Nildo Ferreira; a edição é pós-produção foi de Luca Pacheco; a narração foi de Daniel França. O projeto teve a supervisão de Paula Losada (Unicap).

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