“Mulher e deficiência: direitos, garantias e inclusão” é tema de palestra na Semana da Mulher
|A programação da manhã desta quarta-feira, dia 18, da 13ª Semana da Mulher na Unicap trouxe para o debate o tema “Mulher e deficiência: direitos, garantias e inclusão”, apresentado pela professora do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Universidade Católica de Pernambuco Carolina Valença Ferraz, que também é advogada e consultora jurídica. A mesa foi coordenada pela professora Mirian de Sá Pereira, decana do CCJ.
A professora Carolina Ferraz começou sua palestra agradecendo ao Instituto Humanitas Unicap (IHU) pela iniciativa da promoção da Semana da Mulher e em dar visibilidade às questões dos vulneráveis junto aos alunos da Universidade. “Na figura de Padre Lúcio (Padre Lúcio Flávio Cirne Ribeiro, Pró-reitor Comunitário e coordenador do IHU) eu gostaria de agradecer o importante papel do Humanitas e dizer que sempre, a qualquer momento, eu estarei a serviço dessa causa tão importante abraçada pelo Humanitas”.
“Minha fala de hoje é principalmente na discussão da proteção jurídica, na tutela protetiva das mulheres com deficiência. Eu iniciaria essa conversa com vocês já levantando a discussão acerca do que a gente entende por ser mulher, pois tem que se fazer a distinção entre sexo biológico e a identidade de gênero. Eu posso ter uma pessoa com sexo biológico masculino mas com identidade de gênero feminina e, me parece que na atualidade, a gente não acolher essa pessoa na condição de mulher seria discriminatório. Isso é uma luta que não está pacificada, se levarmos em consideração a ideia de que parte do movimento de mulheres não aceita, não admite, não leva em consideração a possibilidade de se discutir a existência de mulheres transcendendo essa questão de sexo biológico. Então, é extremamente relevante que possamos fazer essa discussão da questão entre sexo biológico e identidade de gênero”, destacou Ferraz.
“É inegável que as mulheres estão submetidas a uma situação de hipervulnerabilidade. O que eu estou querendo dizer com isso? Estou afirmando expressamente que pelo fato de serem mulheres, elas estão vulneráveis e quando a gente tem atrelado a isso a questão de ser mulher, uma questão de deficiência, nós temos, além do fato de integrar uma condição de vulnerabilidade por estar sujeita a um maior número de violência, de discriminação, de desigualdade, a deficiência também acresce a isso. Por incrível que pareça isso é muito importante que seja dito: a sociedade, não só brasileira, tem um tratamento com a deficiência, em dois aspectos, que são extremamente desagregadores. O primeiro é de comiseração, de pena. Em relação a um ser humano ninguém pode ter pena, porque pena é um sentimento mesquinho para se nutrir por alguém. O outro sentimento que é desagregador é repugnância, como se ter deficiência fosse ser menos que uma pessoa”, enfatizou a professora Carolina.
O evento contou com um momento emocionante, a homenagem à professora Mirian de Sá Pereira como protagonista no curso de Direito da Unicap. Em um depoimento emocionado, a professora Carolina Ferraz declarou que tinha sido aluna da professora Mirian e que era muito grata pela formação cidadã e humanística que recebeu dela. Outro momento foi a declamação do poema “A mulher se tornou independente, para mostrar que o mundo tem seu valor”, de autoria da professora e poetisa Rosa Maria Freitas e do advogado e poeta Pedro Torres Filho. A interpretação do poema foi feita pela aluna e poetisa Carina Acioli, integrante do Grupo de Estudos Direito e Literatura.
Por fim, professora Mirian de Sá Pereira agradeceu às homenagens dizendo: “Aqui na Universidade Católica existe esse sentimento de comunidade, não somos apenas uma sociedade educativa, somos uma comunidade de pessoas, discentes e docentes, que vivem todos no mesmo espaço, no mesmo lugar, desejando as mesmas coisas para as novas gerações. Eu digo sempre que a universidade está de braços abertos para receber vocês e é com esse símbolo, de um abraço, que eu agradeço a vocês tudo que foi dito sobre mim.”