Missa em memória de Santo Inácio de Loyola encerra o Encontro Docente
|Uma missa realizada nesta segunda-feira (2) marcou o encerramento do Encontro Docente da Católica. A celebração foi especial, pois lembrou o Dia de Santo Inácio de Loyola, que se comemora em 31 de julho, e foi a primeira presidida pelo Padre Sérgio Mendonça, ordenado no mesmo dia dedicado ao santo.
Professores dos cinco centros da Unicap lotaram a capela para a missa. Na mensagem inicial, o Reitor da Universidade, Padre Pedro Rubens, fez questão de apresentar, um a um, os 16 religiosos jesuítas que atuam na instituição, visto que celebrava o dia do fundador da congregação. “Santo Inácio entregou a vida a Deus, e deveríamos relembrar a loucura e o sonho dos jesuítas, que há 500 anos fazem parte da história do Brasil”.
Foram apresentadas também as irmãs Mari, Neide e Maria Aparecida, membros da congregação das Irmãs de Santo André, inspirada na espiritualidade inaciana. Uma delas, a irmã Maria Aparecida se integrará ao grupo de professores do curso de Teologia da Católica.
O Padre Sérgio Mendonça, em suas primeiras palavras, convidou os fiéis a trazerem ao coração os desejos para o semestre que se inicia. Ele agradeceu aos que estavam presentes dizendo que aquela liturgia era especial, por ter uma grande quantidade de rostos conhecidos dele. Aos 34 anos, o Padre também é formado em Ciências Biológicas e atualmente é professor da Unicap.
Durante a homilia, o novo padre falou das realidades de vida e de morte com que se depara na sua atividade acadêmica. “A gente nasce quando vê um aluno que não se deu bem no 1º GQ estudar e se sair melhor no segundo”, declarou. Em outro momento, ele mostrou que mesmo nas dificuldades é possível apreciar a vida. “A labuta diária é um pouco de morte, mas é nessa morte que vemos os filhos crescendo, a universidade crescendo, Recife andando. E pelo nosso exercício, alguém, em algum lugar pode viver com dignidade”, apontou o padre.
Ao final da celebração, o diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), Aranildo Rodrigues, convidou a professora Goretti Sônia, coordenadora do curso de Ciências Biológicas, a entregar uma placa comemorativa ao Padre Sérgio. “A ordenação de um padre é um momento de festa para a Igreja”, lembrou o professor.
“Vivam, amem e sejam felizes, entendendo que às vezes a felicidade está no outro.” Esta é a mensagem que o Padre Sérgio deixa à comunidade acadêmica, baseada no exemplo missionário dos jesuítas.
Após a missa, os presentes participaram de um momento de confraternização na residência dos jesuítas da Unicap.
Santo Inácio de Loyola
Atualidade da mística de Santo Inácio de Loyola numa sociedade e cultura secularizadas
Pe.Antônio R.S. Mota, SJ (Coordenador da Pastoral da Unicap).
Texto distribuído durante a primeira missa do Padre Sérgio Mendonça na Católica
“Inácio de Loyola, após sua conversão de vida, como um peregrino de Deus, experimentava Deus na diversidade de situações que viveu: no silêncio e na ação apostólica, na oração e no estudo, no êxito e nas perseguições, na solidão e no meio dos homens e mulheres que estiveram tão próximos na sua vida.
Deus está entre nós: temos que buscá-lo sempre. E quem acredita que já o tenha encontrado, está muito longe Dele.
Ele transcende todas as idéias que nós fazemos Dele. Temos que estar dispostos a ir mais além, no seguimento de Jesus, do contrário todas as coisas se convertem em ídolos encobridores do verdadeiro rosto de Deus de Jesus Cristo. Somos interpelados a transcendermos, sempre, todas as realidades com as quais trabalhamos, pelo Reino de Deus, para confiarmos nossa esperança, unicamente, em Jesus Cristo, por quem precisamos ter uma louca paixão espiritual.
A experiência de Deus não está longe de nós; encontra-se, no meio da nossa vida, às vezes, desconcertante.
Inácio de Loyola desfez duas tensões: a tensão entre fidelidade a Deus e a tarefa em favor dos homens; e de outro lado a tensão entre vida interior, necessária para uma vida verdadeiramente humana, e as ações, exigidas para transformar o mundo.
Também podemos viver essa mística, descobrindo as grandes possibilidades e as grandes esperanças, ocultas no centro da humanidade, escutando o clamor de nossa sociedade e, em conseqüência, dirigindo toda a nossa energia e atos para a libertação integral do humano, desde a humanidade que clama, com gemido de parto, por uma vida mais plena.
Nosso caminho deve ser um caminho de busca, em constante discernimento.
O discernimento evangélico tem um significado muito forte para o cristianismo de hoje, que deseja ser mais personalizado, mais adulto na fé e mais pluralista no diálogo das culturas religiosas.
Discernimento é quando o cristão escuta a Palavra de Deus e capta o eco dos clamores dos homens e mulheres, quando participa do diálogo comunitário e bebe das fontes da água viva da Igreja. Inácio representa a referência clássica do discernimento cristão.
Dentro desse mundo tecnologicamente avançado e de tanta superficialidade, há tantas zonas escuras: a solidão, a falta de sentido da vida, a dor moral, a frustração, a violência, o terrorismo, que é o preço cruel a pagar pelos milhões de pobres, refugiados, marginalizados,oprimidos.
Diante disso, como ensinam os Exercícios Espirituais, podemos encontrar a Deus em todas as coisa abrindo um panorama admirável entre a negatividade de fugir do mundo e de tudo e a ingenuidade do tudo permitido.
Trata-se, portanto, de viver como autêntico cristão, contemplando o mundo, sob a perspectiva da Fé, integrando, no mesmo olhar o conjunto das realidades humanas, o humano e o divino. Isso exige também um relacionar-se com o mundo, promovendo tudo o que leva à vida e transformando tudo o que necessita ser renovado ( sem, claro, deixar-se conduzir por afeição desordenada ).
Transcorrendo os anos, Inácio aprendeu a reconhecer seu caminho mais pessoal, no chamado a ajudar as almas e se lançar a formar um grupo de companheiros de Jesus.
Inácio nos diz que, sempre, e, em qualquer hora que queria, encontrava a Deus. A vida cristã para ele era uma paixão ardente por Jesus.
Talvez, em nossa sociedade, tão intercomunicada, mas anônima e fria, os cristãos pudessem colaborar com o calor de um amor que, também, na Igreja, se apaga, sob a cinzas de um planejamento frio. Faz-nos falta um coração apaixonado, como Inácio ou como os discípulos de Emaús, para responder às exigências de vida cristã hoje, no desafio da luta por uma sociedade mais justa e fraterna, com abertura e sensibilidade para amar, sem fronteiras, a qual nos impulsiona, hoje à mais variada participação possível, em todos aqueles campos e atividades da vida humana, aos quais nos convoca a causa do Reino de Deus. “