Mesa-redonda da VI Semana Socioambiental da Unicap aborda conflitos e violações de direitos humanos na Amazônia
|As implicações dos conflitos e violações dos diretos humanos na Amazônia foram tema de mesa-redonda durante a VI Semana Socioambiental da Unicap. A atividade aconteceu na noite desta terça-feira (27), no auditório Dom Helder Camara. O evento é promovido pelo Instituto Humanitas Unicap.
Os temas foram discutidos pelo pesquisador do Observatório Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA), Prof. Dr. Luiz Felipe,e pelo Prof. Dr Valdeci Monteiro, docente da Católica, que abordou a economia do Sudeste Paraense. Ele destacou as evidências das transformações provocadas pela formação de mercado de terras, além dos conflitos e tensões da região.
De acordo com dados apresentados por Valdeci, o Sudeste Paraense envolve 39 municípios e ocupa uma área correspondente à 90% do estado de São Paulo. O PIB é maior do que o da Paraíba. A pesquisa desenvolvida por ele na produção de sua tese de doutorado fez um recorte das mudanças econômicas ocorridas entre as décadas de 1960 e 1990.
Segundo Valdeci, as madeireiras foram as primeiras a ocuparem a área, seguidas do agronegócio nos anos 70 e da mineração nos anos 80. “Tivemos a grande mineração com a Companhia do Vale do Rio Doce e a pequena mineração com os garimpos, destacndo-se aí Serra Palada”.
De acordo com o professor, essa ocupação teve grande incentivo do Estado brasileiro e hoje é a maior em conflito de terras no país. “Esse contexto exarcebou confrontos de interesses do grande capital versus interesses de pequenos produtores, meeiros, grileiros, posseiros e fazendeiros”.
Essa conjuntura tem relação direta com casos de violações dos direitos humanos na Amazônia. Os aspectos políticos foram analisados durante a apresentação do pesquisador do OLMA Luiz Felipe. De acordo com ele, a conjuntura atual tende a intensificar esses conflitos.
“Quando esse capital chega em território nacional, muitas vezes, apaziguado por um governo que trabalha em conluio com o capital financeiro, além da expropriação do recurso natural, existem pessoas que moram nesses territórios. E elas, obviamente, como qualquer pessoa que defende a sua casa vai entrar em conflito com essas empresas. Então a a gente começa a ter um decrédito dos direitos humanos, como os direitos fundamentais de liberdade, de ter educação. Não apenas os direitos humanos, mas os constitucionais também são lesados”.
Sobre a crise em torno das queimadas, Luiz Felipe acredita que o desmatamento aumentou devido ao respaldo do discurso do atual governo. “O que a gente está vendo hoje nas queimadas da Amazônia é fruto de um discurso permissivo que parte do signatário maior da nação e tem a reverbreação em pessoas que tem interesse escusos frente à floresta. A situação é mais grave do que nunca”.