Jornada Teológica debate a santidade no mundo atual
|O documento papal Exortação Apostólica: Alegrai-vos e Exultai foi o tema dos debates da Jornada Teológica Dom Helder Camara, realizada na noite desta quinta-feira (18). As discussões abordaram a chamada à santidade no mundo atual a partir dos escritos do Papa Francisco. O evento foi promovido pelo Instituto Humanitas Unicap, Instituto Dom Helder Camara, Igreja Nova e Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife (AOR).
A dinâmica seguiu os moldes da edição anterior, com a leitura de alguns trechos seguidos de comentários do Padre Clóvis Cabral do documento papal que tem 177 parágrafos e está organizado em cinco capítulos. “Ele (o Papa) é um homem que entende que a gente está vivendo um momento profundo, uma encruzilhada e que a crise é mais abrangente, é global. É uma crise do sistema que está entrando em colapso. O documento é uma meditação sobre a santidade comum da porta ao lado. Esse é o modo do Papa Francisco falar que a santidade está na pessoa ao lado da gente”.
Também houve um momento para os comentários dos participantes. “O Papa fala sempre sobre a santidade associada à intensidade do amor, ele propõe que os santos sejam aqueles que semeiam com amor”, disse o coordenador da Comissão de Justiça e Paz da AOR, Antônio Carlos.
O facilitador da Jornada foi o Padre Reginaldo Veloso. De acordo com ele, a santidade não é algo extraordinário e sim algo ordinário. Padre Reginaldo destaca o conteúdo entre as páginas 95 e 106 “que valem pelo documento todo”. Ele analisa o que o Papa quer transmitir com o chamado à santidade contemporânea.
“Feliz quem se apóia em Deus. No eterno amor, há esperança. Terra, céu, mar. Tudo Ele fez. Fazer justiça aos oprimidos, liberta os cativos, abre os olhos dos cegos, levanta os caídos, ama os justos, protege os migrantes, sustenta os abandonados, transtorna o caminho de quem não acredita no amor. Deus age assim, Deus é assim. Nós, criaturas de Deus, homens e mulheres criados para serem assim para fazer desse jeito. E ‘priu’, santidade é isso!”.
Aos 80 anos, Padre Reginaldo relembrou pessoas que marcaram a sua vida citando-as como exemplo dessa santidade contemporânea. Entre elas, a ativista pelos direitos humanos Margareth de Albuquerque, que atuou durante anos no Grito dos Excluídos; Dona Isabel, da Rua Lucélia, do Córrego de Euclides (comunidade vizinha ao Morro da Conceição, onde Padre Reginaldo atuou durante anos) que sobrevivia de “água de ganho” (carregando recipientes com água); e o seu pai, dono de uma padaria e que mesmo analfabeto participava ativamente da vida política da cidade de São José da Lage, Interior de Alagoas, combatendo as injustiças sociais.
Ao final da Jornada, ele apontou o discernimento como um caminho para a santidade. “O discernimento não pode ser apenas uma busca individual da pessoa, que o melhor é a roda de conversa que faz tanta falta, espaço para compartilhas suas incertezas, suas angústias e suas esperanças. Esse, para mim, é um caminho de santidade: sentar-se em roda para conversar a vida, as alegrias e as dores da gente e do povo da gente”.