Boletim Unicap

Instituto Humanitas e curso de Teologia da Unicap presente no Fórum Social Mundial

“O Fórum Social Mundial é um desaguadouro de alternativas para os povos oprimidos e inconformados do mundo inteiro”. (Olívio Dutra)

O Instituto Humanitas e o curso de teologia da Unicap estiveram presentes no Fórum Social Mundial em Salvador. Representaram a Unicap os professores Artur Peregrino, Júnior Aquino e os jesuítas Clóvis Cabral e João
Elton. Foi um Fórum bastante criativo. O mundo africano foi o grande destaque. Não podia ser diferente em o FSM realizado em Salvador.

Criado em 2001 com a proposta de reunir movimentos sociais de todo o mundo, o Fórum Social Mundial (FSM) ocorreu na capital baiana (Salvador) de 13 a 17 de março de 2018, em vários espaços da cidade com o lema: Resistir é criar, resistir é transformar! O Fórum Social Mundial é um evento altermundialista organizado por movimentos sociais de todos os continentes, com objetivo de elaborar alternativas para uma transformação social global.

A edição 2018 do FSM procurou criar resistências às manobras que tentam asfixiar os processos democráticos e a participação popular, retirando direitos duramente conquistados. Buscou também alternativas e promover
articulações entre os participantes e as organizações presentes. Iniciativas importantes em momento de grandes retrocessos éticos, políticos e sociais, principalmente no contexto sociopolítico brasileiro pautado pela instabilidade
política e retirada de direitos à população, principalmente aquelas mais vulnerabilizadas.

É preciso considerar que o Fórum Social Mundial é uma grande aula magna do humanismo. É um lugar de esperança que permite fazer crescer o sentimento de pertencimento a uma causa. Quem participou do Fórum não
estava apenas sonhando, mas indicando que, por todas as partes do mundo, há ensaios de novas formas de viver.

No dizer de Boaventura de Sousa Santos, que esteve no Fórum, “o Fórum foi uma iniciativa de inclusão sem precedentes”. Na realidade é uma reunião de lutadores e lutadoras sociais que se lançam na tarefa de fazer um balanço real da situação social do mundo nos seus vários aspectos.

Se viu que, no contexto atual, o mundo que temos hoje é perigoso para toda a humanidade. Que está aumentando a distância entre ricos e pobres, que o planeta está aquecendo, os recursos estão se esgotando. Que o fundamentalismo e a violência se multiplicam. Então, um outro mundo não é apenas possível, mas necessário. Pessoas negras, indígenas, brancas e não brancas de todo o planeta, sem distinção se uniram num mesmo objetivo.

O Fórum foi uma grande aula transdisciplinar. Que utiliza uma pedagogia de descolonização. “Precisamos descolonizar nosso pensamento. Descolonizar é descentralizar”, dizia a educadora gaúcha Petronilha Gonçalves.
Chama atenção o painel ecumênico, composto por mulheres e homens de Igrejas cristãs, com o tema: Igrejas na resistência aos cenários de Golpe na América Latina. O teólogo Júnior Aquino foi enfático: “A nossa relação com
Deus não nos permite ficarmos longe das grandes questões sociais. Tem a tarefa de ajudar o povo nas suas lutas. O cristão não pode ser indiferente num país onde 6 pessoas têm mais que 50% da população”.

Fato dolorosamente marcante foi a notícia, no segundo dia do Fórum, do assassinato da lutadora social, vereadora, cientista social, filha da favela da Maré, Rio de Janeiro, Marielle Franco, que, inclusive tinha uma participação prevista no Fórum. A partir desse fato o nível de politização aumentou. Repercutiu fortemente na Assembleia Mundial de Mulheres, no Terreiro de Jesus (Pelourinho) que foi marcada por discursos “inflamados” e gritos de ordem, como: “Marielle Franco, presente”, “Feminismo é Revolução”, frases que foram repetidas em diversos momentos.

E ecoou, os dizeres expressos em um grande painel, nas ladeiras históricas de Salvador, terra de todos os santos: “Que o sangue de Marielle Franco regue nossa resistência, nossa luta. A luta continua, companheira! Por você, por nós. Marielle Franco, presente!”

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