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I Seminário da Associação de Parkinson de Pernambuco reúne especialistas de várias áreas

A segunda parte do I Seminário da Associação de Parkinson de Pernambuco teve  às 13h30, no auditório G1. A Drª Silvana Sobreira, neurologista especializada em Parkinson, foi a primeira palestrante a falar e explicou que o Parkinson é uma doença causada por uma falha nos neurônios que produzem a dopomina, que é responsável, entre outros efeitos, pela sensação de prazer e de motivação humana. Entretanto, o foco dado pela médica, além das desordens motoras, ficou em torno das alterações cognitivas que podem ser causadas pelo Parkinson, mas que não são necessariamente um dos sintomas. Para ela, o importante é saber que cada pessoa tem seu ritmo e sua individualidade, por isso existem vários tipos de avaliações mas não uma fórmula geral para identificar uma deficiência cognitiva.

Outro ponto importante destacado pela neurologista foi a diferença da demência causada pelo Parkinson e da demência causada pelo Mal de Alzheimer, que são doenças diferenciadas pelas suas patologias. Drª Silvana concluiu sua apresentação falando da mudança de humor causada pela deficiência da substância serotonina. Em seguida, José Paulo, diagnosticado com a doença de Parkinson há 20 anos, pediu a palavra e sensibilizou a todos contando um pouco da sua história. Segundo ele, há algum tempo o sintomas da doença vem progredindo e fazendo com que sua vida fique um mais complicada. Além de morar sozinho e ter dificuldades dentro de casa, Paulo vem passando por problemas com quedas que tem sofrido na rua.

Depois da neurologista Silvana Sobreira, subiu ao palco a terapeuta ocupacional, professora da Universidade Católica de Pernambuco e uma das organizadoras do Seminário, Ana Luiza Costa, que deu uma breve explicação sobre a terapia ocupacional e introduziu a doença dentro dessa outra especialidade. Ana Luiza falou que o ponto de partida para um terapeuta ocupacional acompanhar alguém que tenha a doença de Parkinson é através de uma avaliação com a seguinte pergunta: “O que o senhor ou a senhora gostaria de fazer e não tem conseguido?”. A partir dessa resposta, os profissionais irão analisar como podem ajudar o parkinsoniano. Para a terapeuta, “não tem como trabalhar o cognitivo e o motor no dia a dia separadamente.”. Estes profissionais trabalham ainda intervindo junto com fisioterapeutas e fonoaudiólogos para melhorar o ambiente onde vivem as pessoas com Parkinson. As perguntas ao final da palestra levantaram assuntos, principalmente, como as cobranças sobre os doentes, os recursos para o conforto e o bem-estar destas pessoas e de como capacitar os cuidadores.

O próximo a falar sobre o tema foi o Dr. Julio Lustosa, que é neurocirurgião do Hospital da Restauração e do Hospital São José. O assunto apresentado pelo Dr. Julio foi o tratamento cirúrgico da Doença de Parkinson. Ele falou sobre o histórico desse método. Primeiramente, era realizada a retirada parcial do cérebro do parkinsoniano. Hoje, a cirurgia pode ser realizada de duas formas: ablativo e não-ablativo. A ablativa é responsável por fazer uma lesão no cérebro para que haja uma melhoria de vida no paciente, já a não-ablativa é feita através da colocação de um marcapasso que gera essa melhoria por meio de um estimulo elétrico geralmente feito no núcleo subtalâmico. Segundo ele os dois tipos de cirurgias são indicados para casos diferentes, mas ainda assim são utilizados.

Ao contrario do que algumas pessoas pensam, o tratamento cirúrgico é paliativo, já que não proporciona cura e nem estagna a doença de Parkinson. Mesmo assim, para serem submetidos a cirurgia os parkinsonianos devem ser acompanhados por uma equipe de neurologista de distúrbios dos movimentos, neurofisiologista e um neuropsicólogo, para depois encaminhá-lo para o neurocirurgião. Ainda sim, a cirurgia só pode ser realizada em pacientes que tiveram resposta a levodopa, medicamento especifico para doentes de Parkinson, e que passam ao menos seis horas por dia sem o remédio funcionar.

Para finalizar o Seminário, a promotora de cidadania da cidade do Recife, Luciana Figueiredo, falou sobre os direitos dos idosos e dos parkinsonianos. Luciana, que tem como área de atuação a promoção dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa, afirmou que 9,6% da população pernambucana tem acima de 60 anos de idade. Dentre os direitos das pessoas que sofrem com a doença de Parkinson estão: a isenção do Imposto de Renda, receber o INSS por auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez e ainda quando necessitar de um cuidador pode receber 25% a mais do valor para ajudar nas despesas, isenção das taxas de IPVA, IPI, ICMS e IOF na compra de carros especiais e a retirada integral do FGTS.

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