Fórum aborda a dignidade no envelhecimento
|O Fórum Sobre Questões do Envelhecimento apostou na interação entre as palestrantes e o público na tarde desta terça-feira (12), no auditório G1. A dignidade nesta fase da vida foi o ponto de partida do debate que contou com a participação da doutoranda em Psicologia Clínica da Católica Waleska Marroquim e da coordenadora do curso de Medicina da Unicap Drª Erideise Costa.
Waleska começou sua participação fazendo uma dinâmica de grupo ao estilo do quadro “Pra quem você tira o chapéu?”, do Programa Raul Gil (exibido pelo SBT). Homens e mulheres da plateia eram convidados para ir na frente do auditório e descrever os valores da celebridade com nome e foto guardados numa caixa. Eles tinham que explicar os valores que faziam a celebridade ter dignidade sem revelar a identidade.
“Segurança, fé e respeito ao próximo me fazem acreditar que uma pessoa tem dignidade”, disse a aposentada Débora Donato, 60 anos, que veio de Olinda. Já a comerciante e teóloga Rosinete Marques Soares, 48 anos, acrescentou uma outra virtude a quem tem dignidade: “Tem que ter humildade”. Em outro momento da apresentação Waleska, ela lançou ao público a pergunta o que é dignidade? “Solidadariedade!” “Honestidade!””Respeito ao próximo!” “Humanidade!” eram as respostas que ecoavam no auditório.
A pesquisadora também destacou as conquistas dos idosos ao longo dos últimos tempos o que, de acordo com ela, tem provocado um aumento na qualidade de vida e longevidade. “Dados do IBGE revelam que a média de expectativa de vida no Brasil atualmente é de 75,2 anos. O envelhecimento bem-sucedido se traduz na manutenção elevada das funções psicológica e cognitiva, bem como o engajamento constante e ativo em atividades sociais e produtivas”.
Erideise – A segunda palestrante da tarde, a coordenadora do curso de Medicina da Católica Profª Erideise Gurgel, fez uma explanação sobre a Gerontologia e o Problema do Envelhecimento. Ela fez uma abordagem ao longo do histórico das civilizações e suas relações com a velhice. “O conceito de solidariedade tem origem judaica. Os judeus não abandonavam seus idosos e isso se espalhou na cultura ocidental”.
Entre várias curiosidades mostradas por Erideise, está a explicação do porquê da presença da serpente no símbolo da saúde. “É o símbolo médico mais antigo, datado de 2700 anos A.C na Mesopotâmia. A cobra sempre renova suas escamas e está sempre com a ‘pele’ jovem”.
A médica também falou sobre o Tratado de Gittin que traz uma lista de oito recomendações para atenuar os efeitos do tempo no corpo. De acordo com esta corrente, os excessos de viagens, relações sexuais, riqueza, trabalho, comida, bebida, festas banho quente, sangrias e poucas horas de sono aceleram o envelhecimento. “Tudo isso faz parte da vida. O problema está no excesso”.
Erideise comentou ainda como as sociedades da Grécia, Índia e Roma lidavam com a velhice. “Em Roma, a velhice estava ligada à sabedoria. A palavra senado deriva do termo senex que quer dizer idoso.” Mas foi na Idade Média, segundo Erideise, com o surgimento das escolas de Medicina, que a Saúde passou a ser objeto de estudo. “O oitavo periodo do curso de Medicina aqui na Católica é todo voltado para o idoso”, destacou ela.
A professora mostrou ainda um dos primeiros conceitos de vida saudável e que ainda em voga. “Roger Bacon, em 1294, já dizia que uma vida saudável tinha que ter um controle dietético, repouso, exercícios moderados e higiene, além da inalação frequente da respiração de uma jovem mulher virgem”, disse ela para as risadas generalizadas de quem estava no auditório.
A palestra terminou com uma frase que Erideise viu numa camisa de bebê e que pode traduzir bem a ligação entre fases da vida extremas. “Um dia perfeito é ir à casa da vovó (ô), é ficar no ‘colinho’ da vovó (ô) e ganhar beijinho da vovó (ô)”.