Empresas parceiras da Unicap-Icam inovam em projeto de combate à proliferação da Covid-19
|No momento em que o país enfrenta a pandemia do novo coronavírus com quase 90 mil mortos, duas empresas parceiras da Unicap-Icam International School desenvolveram um projeto inovador e com poucos recursos para o primeiro momento da convivência com a Covid-19 após a flexibilização do isolamento social. Trata-se do Projeto Lava-Mão, idealizado pela Fab Lab Recife e pela ConcrEpoxi Artefatos, com apoio da Secretaria Executiva de Inovação Urbana da capital pernambucana. O projeto consiste na instalação de pias em vias públicas em estrutura pré-moldada em blocos de concreto, permitindo a utilização de duas torneiras. O primeiro artefato foi instalado na entrada do Mercado de São José, espaço tradicional de compras no Centro do Recife, e teve uma excelente aceitação de comerciantes e da população em geral que circula no local diariamente.
A professora Cris Lacerda, da Unicap-Icam, é coordenadora de Tecnologias e Conhecimento do Fab Lab do Recife e contribuiu com o projeto. Além dela, uma aluna da especialização, Letícia Falcão, também colaborou. Tanto o Fab Lab como a ConcrEpoxi Artefatos são empresas parceiras nos cursos de Pós-Graduação em Tecnologias do Design e em Gestão de Megaempreendimentos da escola internacional. O Lava-Mão foi liderado pelo designer Peu Carneiro, do Fab Lab, e por Marina Mergulhão, da secretaria municipal. “Esse projeto demonstra que inteligência coletiva e o fortalecimento de parcerias são essenciais para o desenvolvimento e construção do futuro das nossas cidades”, pontua a professora.
“O Lava-Mão é um projeto extremamente relevante porque ele não trata de uma ação emergencial para a pandemia que estamos vivendo, como protótipos temporários de madeira ou outros materiais de baixa duração apenas para suprir uma necessidade imediata”, reforça a professora Cris Lacerda. “O Lava-Mão se insere no esforço de repensarmos a cidade e a nossa relação com o espaço público, de um modo permanente, para um contexto pós-pandemia. Ou o que estão discutindo nos mais diversos meios, ‘o novo normal’. Então partimos dessa reflexão: ‘qual será o novo normal urbano? Que necessidades teremos para viver a cidade com novos hábitos – permanentes – e novas relações com os espaços públicos e coletivos?”, completou.
A professora Cris Lacerda, inclusive, pontua que o projeto, ao olhar para o futuro, também se inspirou no passado quando bicas eram comuns em cidades como Olinda e Recife, com água disponível no meio do espaço público. “Essa foi uma inspiração ao Lava-Mão em direção à usabilidade do artefato, com pedestres não precisando se deslocar até um banheiro público ou privado, ou pagando por uma garrafinha d’água para fazer sua higienização na rua. Água prontamente disponibilizada, de uma maneira simples jorrando direto ao chão, de modo que incentivasse seu uso rápido pelas pessoas. Mas evoluindo essa inspiração do passado à realidade do nosso presente e futuro, foi adicionada uma torneira com mecanismo temporal para evitar o desperdício e promover o uso racional da água, assim como oferecidas duas alturas para uma acessibilidade universal a diferentes perfis de pessoas, incluindo crianças e cadeirante”.
De acordo com Renata Gaudêncio Pessoa de Melo, sócia-fundadora da ConcrEpoxi Artefatos, a recepção foi bastante positiva. Para ela, esse tipo de intervenção marca o início de uma economia compartilhada junto com outros players do mercado – projetistas, construtoras, grandes empresas e marcas – em ter a possibilidade de estarem mais presentes nos espaços públicos disseminando boas práticas. O Lava-Mão, além da pia, ainda possui uma placa anexada com instruções sobre a forma correta de lavar as mãos, seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), e informações para a conscientização da população sobre a pandemia da Covid-19. “É impressionante como as pessoas curtem as simples ações! No dia em que as prefeituras entenderem isso… verão o poder de fazer muito com pouco recurso. O design e qualidade dos materiais fazem bem à alma. Não é só pelo fato de poder lavar a mão, e sim por ter um equipamento bem cuidado pensado para eles”, disse Renata.
O custo inicial do Lava-Mão é de R$ 2,9 mil, na porta de fábrica, variando os custos de instalação e de frete. O segundo protótipo da pia pública Lava-Mão está previsto para ser instalado na Praça do Derby, por tratar-se de um grande ponto de interseção das principais linhas Norte/Sul e Leste/Oeste do nosso transporte público. Também estão sendo articuladas parcerias com empresas interessadas em escalar o projeto e patrocinar a implementação do Lava-Mão em áreas como parques, orlas, mercados públicos, entre outros pontos de aglomeração de pessoas, ampliando a rede de higienização e cuidado permanente pós-pandemia.