Boletim Unicap

Humanitas em Diálogos debate a Educação Popular

A abertura do Seminário Atualidade da Educação Popular e os Novos Desafios, realizado pelo Instituto Humanitas Unicap, no Auditório Dom Helder Câmara, na última sexta feira (10), contou com a presença da educadora popular Valeria Resende. Logo no início do evento, ela se mostrou bem-humorada e com simplicidade afirmou não ser teórica de coisa alguma, “ eu sou uma contadora de histórias, uma ouvidora de histórias também”.

O público formado por estudantes da Unicap, professores, integrantes de movimentos populares e sindicalistas ouviu atentamente as abordagens acerca de suas vivencias nas práticas de formação de educadores populares no Brasil e no exterior, onde ensinou nos Estados Unidos a metodologia de Paulo Freire na Universidade da Califórnia em 1972.

A década de 50 foi trazida pela educadora como um ponto de partida para as suas reflexões sobre as guerras, a descoberta de cura das doenças e as tecnologias da comunicação, mostrando-se otimista e esperançosa em um mundo melhor. Durante a conversa, trouxe relatos de sua vida e sobre a educação popular e falou também sobre a metodologia ainda ser pouco conhecida pelos jovens. Sobre as relações sociais entre as pessoas, ela também destacou a necessidade de se estreitar o convívio humanista com as camadas populares e o combate às desigualdades.

Nesse contexto histórico foi lembrada a criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o fortalecimento de movimentos comunitários da Juventude da Ação Católica, Juventude Agraria, Juventude Operária, Juventude Estudantil, Juventude Secundarista, Juventude Universitária e a Juventude Independente formado por jovens profissionais com base em metodologia diferenciada dos movimentos ligados à Igreja Católica.

Assim como a União dos Estudantes UNE, e os Centros de Cultura Popular (CPC) esses grupos, segundo Valeria Resende, não eram movimentos de massa, porém havia forte semelhança com os partidos de esquerda. Ainda segundo Resende, não se tratava de proselitismo da Igreja, a ideia era disseminação dos valores evangélicos no cotidiano onde eles viviam e a busca por mudanças políticas no Brasil.

A alfabetização de adultos proposta por Paulo Freire foi referendada por ela durante a sua explanação. “Você tem um educador educando e um educando educador, é uma troca“, disse ela. O reconhecimento do saber popular enquanto saber diferente, e não inferior ao acadêmico e a necessidade de haver questionamentos e senso crítico na sociedade foram alguns dos pontos destacados pela educadora como fundamentais para a construção do diálogo e unidade social.

Ela criticou a intolerância presente nas redes sociais com relação à diversidades de opiniões. “As redes sociais não servem para nada, sabe por que? Porque eu só tenho de amigos quem pensa como eu”. Ao final de sua fala, Valeria recomendou a leitura do clássico de Paulo Freire, A Pedagogia do Oprimido, para o público analisar o contexto atual.

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