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Documentário 70 é exibido no segundo dia do Circuito Universitário de Cinema

DSC_0029Teve continuidade na noite desta quarta-feira (17) a primeira edição do Circuito Universitário de Cinema, com a exibição do filme 70, de Emília Silveira. O filme reúne entrevistas com 18 dos 70 prisioneiros políticos que foram trocados em nome do embaixador da Suíça no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, sequestrado em 1970. Este foi o segundo dia do Circuito que, nesta edição, trata das marcas deixadas pela ditadura militar, promovendo debates entre ex-prisioneiros políticos e militantes perseguidos pelo regime. O evento está sendo realizado na sala 309 do bloco G4 da Universidade Católica de Pernambuco.

O circuito universitário de cinema conta com o apoio do Cinema pela Verdade (iniciativa do Comitê Nacional da Verdade) e propõe a realização de exibições cinematográficas de filmes e documentários, no intuito de se promover debates nas instituições de ensino, relacionados a questões sociais. Em sua primeira edição, vem tratando das marcas dos regimes militares na América Latina, tendo início na noite da terça-feira (16) com a exibição do filme 500 Filhos Roubados pela Ditadura Argentina, de Alexandre Valente.

70O documentário 70, exibido na noite de ontem (17), reúne 18 do 70 ex-prisioneiros políticos que no ano de 1970 foram trocados pelo embaixador que havia sido sequestrado por militantes da luta armada contra a ditadura. Ao longo do filme, os entrevistados falam de suas experiências, lembranças e opiniões a respeito de seus tempos de militância, sobre as situações de seus sequestros, do cativeiro, das torturas a que foram submetidos, da sua eventual “troca” pelo embaixador, os anos de reclusão no Chile e como esses fatos acabaram por influenciar suas vidas, de diferentes formas.

Logo em seguida, foi realizado um debate entre os convidados, Jorge Arruda, secretário executivo do CEPIR (Comitê Estadual de Promoção da Igualdade Etnicorracial); Amparo Araújo, gerente da Secretaria dos Direitos Humanos de Pernambuco e ex-militante política, perseguida durante o regime; e Edival Cajá, um dos líderes dos movimentos estudantis da época, ex-prisioneiro político e membro do Comitê da Memória, Verdade e Justiça.
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Ao longo do debate, os convidados foram questionados e falaram a respeito do conceito de terrorismo, no sentido que se de um lado havia uma luta armada contra os militares e um grupo de empresários que compactuavam com o governo da época, de outro havia um sistema opressor e criminoso, que usava por meio de torturas e violações, além de ser responsável pela morte de centenas de jovens e trabalhadores, e do desaparecimento de outros tantos, que até hoje permanecem sem identidade ou mesmo paradeiro. Falaram também do caráter terrorista não só do regime militar, mas do Estado como um todo, ao tratarem da marginalização dos movimentos sociais, trabalhistas, de afirmação étnica e cultural, que lutam pelos seus direitos ou que simplesmente se oponham as formas de gestão vigentes, mesmo após a saída dos militares do poder.

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