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Diario de Pernambuco publica matéria sobre o aquecimento do mercado para fonoaudiólogos

Com o título “Há vagas para fonoaudiólogos”, o  Diario de Pernambuco publicou na edição desta quarta-feira (4), no caderno de Economia, reportagem sobre o aquecimento do mercado para os profissionais de fonoaudiologia. Leia abaixo a íntegra da matéria do repóter Tiago Cisneiros.

“Procura-se fonoaudiólogo”. Não se surpreenda se encontrar isso escrito em um cartaz colado em algum canto da cidade. Depois do boom no fim da década de 1990 e da crise nos últimos cinco anos, a profissão da voz, da linguagem e da audição está ganhando força em Pernambuco. Os motores do crescimento são a expansão econômica, a criação de novas especialidades e as mudanças na legislação e nos programas oficiais de saúde. Há vagas em indústrias, hospitais e escolas, mas faltam profissionais.

Eis uma boa opção para quem anda na dúvida sobre qual carreira seguir. Esta promete vingar. É o que pensa a coordenadora de fonoaudiologia da Universidade Católica, Maria Luiza Timótheo. Para ela, a dificuldade de entrar no mercado, tônica nos últimos cinco anos, ficou para trás. “Os cursos estavam fechando ou reduzindo turmas, por falta de demanda. Hoje, recebemos ligações de gente que quer contratar fonoaudiólogo e não encontra. Em 2004, 20% dos egressos conseguiam emprego. Agora, são 80%.” Neste grupo, está Vanessa Maria da Silva, 21, formada em dezembro de 2009. Quatro meses depois, ela montou seu consultório no Recife e, em junho, foi contratada por uma empresa de audiologia ocupacional no Cabo de Santo Agostinho. Puxado? Ainda tem mais. Vanessa também está cursando um mestrado em ciências da linguagem. Para a jovem fonoaudióloga, a possibilidade de somar atribuições reflete o aquecimento do mercado local. “As empresas de Suape estão precisando muito de fonoaudiólogos, para dar conta da quantidade de contratações. Eu mesma já tive que dizer ‘não’ para algumas delas, por não ter tempo”, conta. Segundo Vanessa, a renda mensal dos profissionais do ramo no estado varia entre R$ 990 e R$ 4 mil (autônomo).

A corrida aos fonoaudiólogos deve-se, principalmente, à lei que determina a realização de exames auditivos semestrais ou anuais em funcionários expostos a um volume de som superior a 85 decibéis (equivalente a um liquidificador ligado). Para atender às indústrias, têm surgido muitas consultorias em audiologia na região. O problema é que, mesmo nelas, a demanda parece estar superando a oferta. “Está se contratando mais do que o previsto. Com isso precisamos de mais fonoaudiólogos, mas eles, ou já têm trabalho, ou não podem ficar aqui de segunda a sábado. O jeito é preparar recém-formados que não têm experiência em audiologia”, afirma Pedro Freitas, proprietário de uma consultoria que “fornece” profissionais e materiais a três indústrias do Complexo, onde são feitos cerca de 300 exames por dia. Mas nem só as indústrias respondem pelo aquecimento do mercado.

Os profissionais apontam outras razões para a mudança, como a aprovação da lei que institui a obrigatoriedade do “teste da orelhinha”, que identifica problemas de audição em recém-nascidos, e a inclusão de fonoaudiólogos nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf). Eles também destacam a decisão do Conselho Federal de Fonoaudiologia de criar mais duas especialidades, em julho deste ano: a disfagia (tratamento da dificuldade de engolir) e a fonoaudiologia educacional (prevenção e orientação de alunos e professores). Para a coordenadora do curso da Fundação de Ensino Superior de Olinda (Funeso), Micheline Coelho, essas especialidades podem ser as grandes cartadas. Depende dos donos de hospitais e colégios. “É ótimo vislumbrar a ampliação do campo de trabalho. Só precisamos que os gestores entendam nossa importância.”

 Nova geração deverá ser beneficiada

A abertura de novos mercados tende a beneficiar, sobretudo, as novas gerações de fonoaudiólogos, que estão dando (ou ainda vão dar) os primeiros passos na carreira. Essa previsão, comum entre os profissionais mais experientes, parece estar repercutindo no mundo acadêmico, com o revigoramento dos cursos superiores na área, que, desde a metade da década, sofrem com a redução e até a suspensão de turmas. Foi o que ocorreu na Universidade Católica, uma das três instituições que oferecem a graduação no estado. O início da década assistiu à formatura de até 240 alunos por ano. Em 2009, foram apenas 25. Pior: no último vestibular, devido à baixa procura, a turma nem chegou a ser fechada. Com as novas possibilidades de atuação, o curso voltará a abrir 50 vagas no vestibular 2011.1. Ao contrário dos atuais universitários, os calouros terão aulas à noite, para que possam conciliar a faculdade com estágios e empregos. “Acredito que, agora, a tendência é atrair mais pessoas à universidade, mas não sei o tempo que isso vai levar. Dificilmente voltaremos a formar tantos alunos quanto antes, o que pode ser bom, já que teremos novos profissionais com mais qualidade”, afirma a coordenadora do curso de fonoaudiologia da Católica, Maria Luiza Timótheo. As outras opções para quem quer fazer o curso são a Universidade Federal de Pernambuco e a Fundação de Ensino Superior de Olinda. No vestibular 2011.1, a UFPE vai abrir uma turma de primeira entrada, com 30 vagas e horário integral. Na Funeso, serão admitidos até 40 alunos. Na FIR, a graduação foi extinta.

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