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Diálogo entre Harold Innis e McLuhan

Texto: Luana Pimentel/Foto: Marina Maranhão

Dando continuidade ao ciclo de palestras em homenagem aos 100 anos do teórico Marshall McLuhan, na tarde desta segunda-feira(5), o auditório G1 da Universidade Católica de Pernambuco foi palco da mesa-redonda Harold Innis e Mc Luhan: Diálogos Possíveis. O debate fez parte da 34ª edição do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2011.

O presidente do evento, Antônio Hohfeldt, mediou a conversa entre pesquisadores que debateram sobre as semelhanças e diferenças entre as ideias de McLuhan e Harold Innis, sendo, este último, grande influenciador da obra do primeiro, contudo, não tão reconhecido.

Os dois primeiros convidados, o professor canadense Gaetan Tremblay, da L’Université du Québec à Montréal  (UQAM), e o professor William Buxton, da Universidade de Concordia, procuraram explicar porque apenas um dos estudiosos ganhou fama e conhecimento. Concluíram que, apesar de Innis não ter se popularizado, ele foi precursor das principais teorias de McLuhan, como “o meio é a mensagem” e “aldeia global”, sendo, pois, não menos importante que o teórico que aprofundou suas ideias.

Enquanto Innis seguia uma linha mais econômica e histórica de raciocínio, McLuhan  se valia da pedagogia e da experiência. “Na educação, por exemplo, McLuhan acreditava que os meios de comunicação eram indispensáveis para a escola do mundo globalizado, pois ajudavam a estimular os alunos à interação e participação. Cabia ao professor, tornar as aulas prazerosas e criativas. Por outro lado, Innis já dizia que os meios de comunicação criariam padrões na escola, representando uma ameaça ao conhecimento”, explicou Gaetan.

Outra diferença entre os teóricos canadenses ressaltada por Buxton é que, enquanto Innis gostava de falar com base na textualidade, McLuhan fazia fortes críticas à cultura do livro. Ele acreditava que o conhecimento deveria ser resultado da exploração de outros sentidos, e não somente da visão. Apesar disso, eles se complementavam. “Mc Luhan é um seguidor, um continuador dos pensamentos de Innis”, disse.

Por fim, os demais palestrantes da mesa, o  professor mexicano Octavio Islas, da Universidade de Monterrey, e Luiz Martino, professor da Universidade de Brasília (UNB), se detiveram a falar de apenas um teórico. Islas afirmou que McLuhan teria contribuído para o surgimento de novas tecnologias, como o Twitter e a blogosfera.  “O Twitter do mundo moderno corresponde à metodologia de mosaico, proposta por McLuhan.” A apresentação de Islas, segundo Hohfeldt, foi “McLuhaniana”. Isso por conta do número de ferramentas utilizadas para a explicação: além do discurso da escrita e da oralidade, foi exibido um vídeo sobre McLuhan.

“Procurar os erros do Innis é praticamente bobagem”, disse Martino,  o último professor da mesa. Ele também sugere que os vieses da comunicação propostos por Innis em The Bias of Communication – o tempo e o espaço  – são medidos pelos meios de comunicação, deixando de ser produto enquanto extensão do meio. “É mais difícil ver Innis como determinista tecnológico e é quase impossível não considerar o determinismo tecnológico na obra de McLuhan – que, por sua vez, é facilmente dispensável.”

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